Enterrem Meu Coração na Curva do Rio

Enterrem Meu Coração na Curva do Rio Dee Brown




Resenhas - Enterrem Meu Coração na Curva do Rio


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Viick 08/09/2015

Uma tortura
A intenção do livro foi ótimo e concordo que o trabalho de recolhimento de dados de Dee Brown foi gigantesco, mas o estilo da escrita é péssimo e ler esse livro foi uma tortura pra mim, não é um livro que eu recomento, se diz literatura mas está mais próximo de um texto historiográfico com furos e mal escrito.
Simonne.Ferrer 09/01/2018minha estante
Concordo achei bem chato




Gabriel A. R. 12/03/2014

Uma história indígena estadunidense.
Dee Brown foi um bibliotecário e escritor estadunidense; trabalhando também como tipógrafo, jornalista e professor. Apaixonado pela história do Velho Oeste, Brown escreveu diversos livros sobre o assunto – dentre os quais o mais conhecido é “Enterrem meu...”. Este livro acabou por tornar-se um best-seller de sua época. A proposta de Brown em seu mais famoso livro é resgatar uma história dos indígenas norte-americanos. O autor contrapõe-se ao mito do índio como vilão, visão fortemente propagada pelo cinema western estadunidense (ou bang-bang, como ficou conhecido no Brasil) que nos mostra a imagem de um “índio cruel e extremo opositor do progresso e bem estar dos bons - e brancos - americanos”. Estes filmes são responsáveis pela difusão de diversos mitos como a dos temidos fora da lei, das prostitutas, do valente forasteiro assim como o do incivilizado e vil indígena. Seu objetivo é nos apresentar um relato mais próximo à visão dos índios sobre a conquista do Oeste e o sistemático extermínio de suas etnias.
Como proposta de estruturação da resenha aqui produzida, esta é dividida em duas análises: uma historiográfica e outra literária. Esta divisão se sustenta pelo fato de que o autor se propõe antes de tudo ao registro de uma história do oeste estadunidense pelo ponto de vista dos índios. Faz-se necessário, portanto, uma análise das possibilidades e limites desta obra enquanto um trabalho historiográfico. Assim como é imprescindível um estudo desta obra quanto aos seus aspectos literários por uma série de motivos que serão abordados no decorrer da resenha.

• Dos Aspectos Historiográficos:

Dee Brown, como já foi dito, se propõe a uma história do ponto de vista dos vencidos – os povos indígenas exterminados no processo de ocupação de seu território por colonos europeus e pela Marcha para o Oeste dos já então cosolidados estadunidenses. Buscando se desligar de uma história escrita, em sua maioria, por aqueles que eram os próprios responsáveis pela perseguição e extermínio dos índios, o autor encaixa sua analise no que ficou conhecido na academia como uma “história vista de baixo”.
Para a construção de seu relato histórico, Brown utiliza como fontes primárias os relatos feitos por escrivães durante reuniões de assinatura de tratados. Neste ponto é pertinente uma ponderação. Tendo em vista que as etnias indígenas norte-americanas eram sociedades ágrafas e fortemente embasadas na oralidade, pouco de sua história pôde ser registrada pelo seu próprio povo - deixando sua memória ainda mais ao cargo dos vencedores. Como forma de contornar essa escassez de fontes, Brown optou pela utilização destes relatos pela mão dos escrivães.
As reuniões marcadas para a assinatura dos tratados de paz entre os povos indígenas e o governo estadunidense costumavam receber os chefes tribais de determinadas regiões as quais estavam sendo disputadas no momento. Além da simples cerimônia de assinatura dos tratados em que os índios concordavam ceder suas terras em troca de uma fronteira a qual estes poderiam viver em paz sem medo da invasão do homem branco (tratados inúmeras vezes ignorados, quebrados e refeitos), estas reuniões eram acompanhadas de momentos em que as duas partes contavam um pouco de suas histórias. Para os chefes dos peles-vermelhas eram utilizados tradutores, geralmente índios ou mestiços que conheciam um pouco de inglês. O autor afirma assim que, apesar da subjetividade e de possíveis distorções na relação índio-tradutor-escrivão, estes relatos constituem-se como importante fonte para a compreensão do ponto de vista dos índios sobre sua história, tradição e dos conflitos com o homem branco.
Tendo em vista uma análise historiográfica da escrita do autor, esta apresenta algumas falhas para quem está acostumado com a escrita usualmente empregada na academia. O autor escreve sua obra em uma narrativa que não segue o rigor do método científico. Seu livro é literalmente uma narrativa, muitas vezes em primeira pessoa devido aos inúmeros exemplos de relatos dos próprios indígenas. Brown não apresenta explicitamente uma reflexão acerca da relação dos índios com o governo estadunidense, ficando qualquer conclusão subentendida apenas ao leitor. Outra crítica ao livro quanto à perspectiva historiográfica fica ao cargo de que o autor identifica suas fontes no início do livro para que em todo o seu decorrer não ser apontada quase que nenhuma referência a essas fontes. Como o próprio autor identifica ao demonstrar seus objetivos, a narrativa segue sempre que possível o depoimento dos próprios envolvidos, porem estes não são apontados a suas respectivas fontes.


• Dos Aspectos Literários:


Apesar de suas falhas em relação à História como é feita pela academia, não se pode negar a contribuição que “Enterrem meu coração na curva do rio” traz para o entendimento da história de um povo que por tanto tempo foi ignorado ou parcamente estudado. Vale resaltar também o fato de que o livro tornou-se um best-seller; pois na medida em que a narrativa utilizada é academicamente desencorajada, esta torna a leitura muito mais fácil e interessante ao público leigo em geral.
Tal obra permite ao público em geral a construção de uma imagem menos estereotipada dos povos indígenas. Brown apresenta a história de diversos povos como os Navajos, Cheyennes, Apaches, Miamis, e uma série de outros povos que viram suas terras serem expropriadas pelo homem branco. Povos que viram a construção de fortes e estradas em seu território. Povos que acreditaram em diversos tratados que garantiam uma fronteira para o seu território, em que seriam deixados para viver suas vidas tranquilamente de forma a perpetuar suas tradições, tratados que eram rompidos ao menor sinal de minérios preciosos em tais terras. Sociedades que viam seu povo ser destruído pelas armas e cavalarias do homem branco, assim como assim como a destruição de suas tradições – como pela introdução do uísque. Enfim, a derrocada de um povo que se manifestava de forma bastante forte em sua relação com a natureza para um povo que parecia ter por objetivo apenas a destruição (com a derrubada de toda arvore, todo animal e todo índio que fosse necessário para o progresso do povo marcado pelo “Destino Manifesto”).
A título de conclusão vale salientar que a obra aqui resenhada, como de praxe, é fruto de seu tempo. Livro lançado no ano de 1971 nos EUA (1973 no Brasil), este não deixaria de demonstrar aspectos de seu tempo. Dee Brown reflete em seu livro a insatisfação que os estadunidenses sentiam em relação à Guerra do Vietnã. A obra demonstra também uma crescente preocupação com a marcha do progresso de maneira indiscriminada, o qual destrói a natureza em função da exploração exacerbada dos recursos naturais. A história do extermínio dos povos indígenas norte-americanos apresentaria-se assim como um símbolo das mazelas ambientais e sociais de um crescimento econômico sem limites propagado pelos Estados Unidos.
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Érica 08/02/2014

Índios: passado, presente e futuro
A questão indígena está bem em destaque nos últimos dias: especialmente devido aos Kaiowás e a demarcação de suas. Esta é uma discussão multifacetada que simplistas, sejam os mal informados ou de má fé mesmo, tendem a dividir em basicamente dois lados. E nos vemos em um confronto simulado entre Ruralistas X Indígenas.

Aqueles que se preocupam em obter informações sobre o assunto sabem que a situação não possui apenas dois lados e que é muitíssimo mais complexa do que uma mera análise superficial poderia sugerir: temos envolvidos os ruralistas (ou proprietários rurais, como soa melhor), sim. Proprietários invasores, grileiros – mas também gente de bem, descendente de colonos que obtiveram suas terras legalmente, concedidas ou adquiridas do Estado há gerações. Temos indígenas, habitantes primevos destas terras, pessoas que necessitam viver, se educar, criar os filhos, preservar sua rica cultura – e que possuem direito a isto tanto quanto quilombolas ou quaisquer outras comunidades tradicionais; mas há também os indígenas mal orientados por ONGs e órgãos governamentais aparelhados que são convencidos de que, por exemplo, têm direito a uma larga porção de terra se qualquer morto da tribo, mesmo que recente, tenha sido enterrado ali. As poções de terra adjacentes, se tornariam, por isso, “tradicionalmente ocupadas”. Além é claro, dos mais hilários: pseudo-indígenas, como aqueles que representam tribos historicamente extintas, mas que, qual página pop-up, simplesmente surgiram novamente e inexplicavelmente, sentindo-se cheios de razão exigindo terras.

É uma questão delicadíssima, a meu ver, não apenas porque envolva interesses comerciais e financeiros – os que possuem tais interesses têm, habitualmente, força e dinheiro para defendê-los por conta própria, estejam eles certos ou não. Para mim a questão é tão mais delicada porque envolve pessoas simples, sejam indígenas, sejam descendentes de colonos – que moram em terras que viram nascer seus avós e pais e onde eles mesmos viram nascer seus filhos e netos. Envolve a manutenção de culturas, de meios de vida, de tradições. Envolve o ter o que e onde comer, dormir, fazer novos filhos, rezar – questões tão mínimas, mas que são as que realmente importam pois fazem parte do viver com dignidade.

E há dois livros que mostram lados diversos desta mesma moeda e que nos auxiliariam, junto à informações recentes e consistentes – e não apenas algumas linhas ditas no facebook ou em outra mídia – a enxergar os muitos e delicados direitos que se chocam nesta questão tão importante que é a demarcação de terras indígenas.

Um deles, já mencionado aqui, é o Guia politicamente incorreto da história do Brasil, de Leandro Narloch, que trata de uma parte da história indígena que muitos preferem ignorar: que o sugerido desaparecimento de várias tribos não se deu por violência, e sim, pelo mergulho de antigos indígenas na cultura ocidental, gerando a tão temida aculturação. É importante conhecer esta versão, para que não se creia e se enxergue o passado da colonização como mero extirpador e esmagador de tribos indígenas. Ele cita registros de posse, mudança de nomes que reforçam esse seu lado da história que se opõe a um dos principais argumentos usados por algumas vertentes da defesa da causa indígena – o da aniquilação pela força, que sustentaria a base para uma reparação através da concessão de terras.

O outro, apesar de não falar diretamente da nossa realidade, pois trata da colonização dos Estados Unidos, é o Enterre meu coração na curva do Rio, de Dee Brown. Este trata do outro lado da história: não dos indígenas que optaram por mergulhar em outra cultura abandonando a sua (e vejam, isto não é um fenômeno limitado a este assunto, dos indígenas, mas é algo recorrente historicamente, sempre que há um povo tecnologicamente mais desenvolvido entrando em contato com outro), mas sim, daqueles que foram massacrados, enganados, confinados em reservas (que ora eram marcadas, ora desmarcadas). Daqueles que, quando dentro das reservas, não tinham acesso à alimentação, assistência à saúde, educação – enfim, a meios dignos de subsistência.

Vê-se ali, sustentando por vasta pesquisa histórica-documental, feita pelo autor que era bibliotecário e que se sensibilizou com o tema devido a um amigo de infância, indígena, o retrato triste da perda de povos bravos, mas amistosos, de seus líderes, suas tradições, sua fala tão poética.

É um retrato cru, comovente e, certamente, necessário – e que nos dá forte base para repensar nossa própria situação em relação à questão indígena, nesta moeda, que não tem apenas dois lados, cara-coroa, que é a demarcação de terras indígenas: mas muitas faces que precisam ser analisadas com justiça.

Principalmente porque, enquanto cidadãos brasileiros, fruto de um caldeirão cultural efervescente, não podemos permitir que nossa história, nossos próprios bravos, amistosos, com seus líderes, sua tradição e sua fala poética sejam desrespeitados e irremediavelmente perdidos.

(publicado no jornal cultural "Conhece-te a ti mesmo")
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Bruno Oliveira 19/12/2013

Duas questões a propósito do livro de Dee Brown
Concluí recentemente o soberbo Enterrem meu coração na curva do rio, livro de Dee Brown que narra de um modo épico e trágico os incontáveis massacres indígenas na conquista do oeste estadunidense. Trata-se de uma obra notável que durante os últimos meses preencheu meus intervalos entre leituras obrigatórias. Sinto que compensou cada página. Minha empolgação com o assunto, no entanto, não me fará escrever uma resenha do livro, uma vez que não sou historiador e não me considero competente para avaliar criticamente os posicionamentos historiográficos do autor. Seria bobagem escrever a propósito de um livro sobre o qual não sou capaz de dizer nada relevante, além disso, já existem várias resenhas ruins a respeito de boas obras por aí: um texto meu não teria qualquer nulidade nova para acrescentar.

Apesar disso, como foi bastante instigante atravessar as páginas dessa obra e ponderar a respeito daquilo que li, em vez de produzir uma resenha detalhada, gostaria de realizar duas ponderações que julgo pertinentes para historiadores e filósofos a fim percorrer, por meio delas, alguns dos problemas levantados pelo livro. Vejamos no que isso vai dar.

I

“Este não é um livro alegre, mas a história tem um jeito de se introduzir no presente, e talvez os que o lerem tenham uma compreensão mais clara do que é o índio americano, sabendo o que ele foi. Poderão surpreender-se ao ouvir que palavras gentis e ponderadas saem da boca de índios estereotipados no mito americano como selvagens impiedosos. Poderão aprender algo sobre sua própria relação com a terra, com um povo que era de conservacionistas verdadeiros. Os índios sabiam que a vida equivale à terra e seus recursos, que a América era um paraíso, e não podiam compreender por que os invasores do Leste estavam decididos a destruir tudo que era índio e a própria América.

E se os leitores deste livro alguma vez puderem ver a pobreza, a desesperança e a miséria de um reserva índia moderna, acharão possível compreender realmente as razões disso”1.

Basta visitarmos qualquer biblioteca para notar que livros acerca da Ditadura Militar brasileira continuam sendo largamente produzidos e consumidos. Pessoalmente, acho compreensível que seja assim, pois tal tragédia faz parte de nosso imaginário cultural e muitos de nós tem posições firmadas a respeito dela ou se interessam pelo assunto. É comum ouvirmos histórias a respeito daqueles que sobreviveram às barbáries do período e mesmo quem não o vivenciou pode ser comovido por aquilo que há de trágico nele. Parece existir algo de visceral que possibilita isso: quando lemos sobre a Ditadura ou mesmo sobre a Segunda Guerra sentimos que tais incidentes estão além da “mera” tragédia, que constituem mais que simples incidentes ocorridos em certos períodos e circunstâncias. Sentimos que cada um desses eventos expressa um problema humano que ultrapassa as condições que o engendram, necessitando ser pensado como uma espécie de sombra no coração da humanidade que pode, a qualquer momento, apossar-se dele colocar todos nós nas trevas absolutas.

Depois de ler sobre a matança impune e indiscriminada dos índios americanos pelas mãos dos brancos, percebo que pouco sabemos a respeito de eventos como esse e, mais que isso, que é preciso certo esforço para reconhecer o problema humano que existiu ali, pois ele não é óbvio por si só. Parece que algumas tragédias não ganham qualquer sentido para o futuro e são problemas somente para aqueles que sofreram com elas, ficando em nossa memória somente como uma lembrança triste e fugaz. Nada mais. Creio que isso não ocorreu no caso da Segunda Guerra e da Ditadura, uma vez que ambos constituem tragédias que envolvem a morte de pessoas reconhecidas em sua humanidade e estimadas como semelhantes a nós. Ao sabermos do sofrimento de um judeu ou de uma injustiça sofrida por alguém nos anos de chumbo, somos tocados por esses eventos como se eles tivessem ocorrido conosco ou com nossos pares. Todavia, acredito ter ocorrido nitidamente no caso dos índios: não os incluímos na humanidade em que nos reconhecemos e com a qual somos capazes de nos comover, sendo que os problemas dos índios não são problemas humanos, mas somente problemas de índios. Quando algum mal lhes ocorre, somos capazes de lamentar a tragédia que ocorreu com eles, mas incapazes de nos ver dentro dela e participar do problema e do questionamento a seu respeito.

Com isso, desejo compartilhar a primeira dúvida que Enterrem meu coração na curva do rio me fez ter: por que atribuímos a certas tragédias um sentido humano profundo que negamos a outras? Haveria, por exemplo, um motivo político em retomarmos com tanta avidez as discussões sobre a Ditadura atualmente, como reforçar certo discurso de esquerda e criticar grupos ideologicamente comprometidos com os militares ainda hoje? Inclusive, por meio de que elementos retomamos a segunda guerra para considerá-la como paradigmática nas discussões da atualidade e o que isso diz a respeito de nós mesmos?

O livro de Dee Brown me faz pensar que retomar a memória dos erros da humanidade e ponderar acerca delas pode ser mais que mero exercício intelectual saudável, também um modo de nos comover pelo passado para fazer com que acatemos uma ideologia presente que, na aparência, coloca o problema humano, mas, na verdade, apenas se vale dele para promover um discurso de certo tempo e circunstância: o nosso tempo e a nossa circunstância. A exemplo disso, o que desejo sugerir é que talvez as pessoas que mais falem sobre a Ditadura, que mais tenham paixão em seus discursos sobre o assunto, sejam justamente aquelas que, ao usar da memória dela para legitimar um discurso político atual, transformam-na num problema temporal ocorrido em certo período e ocasião, diminuam-na e portanto deixem de perceber o aspecto humano existente nela que teria um significado profundo mesmo que nenhum uso político desse evento pudesse ser feito. Se a Ditadura Militar brasileira ainda tem algum significado, provavelmente não é porque o que ocorreu nela pode ser usado em favor de algum discurso presente, mas porque mesmo que esse uso fosse impossível, tal tragédia pode se comunicar com qualquer tempo e circunstância. Nesse sentido, e talvez somente nesse sentido, é que a memória da ditadura possa ter algum valor.

II

“Vi uma squaw (mulher indígena) no banco, com a perna quebrada por um obus; um soldado foi até ela com o sabre desembainhado; ela levantou um braço para se proteger, quando ele golpeou, quebrando-lhe o braço; ela rolou e levantou o outro braço, que ele golpeou e quebrou; depois, deixou-a, sem matá-la. Parecia haver uma matança indiscriminada de homens, mulheres e crianças. Havia cerca de trinta ou quarenta squaws reunidas numa caverna como abrigo. Enviaram uma menina de cerca de seis anos com uma bandeira branca num pau; mal dera uns passos, ela foi atingida e morta. Todas as squaws da caverna foram mortas mais tarde, além de quatro ou cinco homens fora dela. As squaws não ofereceram resistência. Todo mundo que vi morto estava escalpado. Vi uma squaw com seu filho ainda não nascido, segundo me pareceu, ao seu lado. O capitão Soule me disse depois que havia sido isso mesmo. Vi o corpo de Antílope Branco com os genitais cortados e ouvi um soldado dizer que iria fazer uma bolsa de fumo com eles. Vi uma squaw com os genitais cortados… Vi uma menina de uns cinco anos que se escondera na areia; dois soldados descobriram-na, tiraram seus revólveres e a mataram, arrastando-a depois pelo braço sobre a areia. Vi várias crianças de colo mortas com suas mães”2.

Dentro da Filosofia é considerado um elogio ser um helenista, um estudioso da cultura e das obras gregas. Dá status, digamos assim. Por conta disso é bastante comum que pessoas da área teçam elogios a certos autores nesses termos: “Niezsche era um grande leitor dos gregos”, “Heidegger foi um grande helenista” e coisas dessa sorte são bastante repetidas dentre os filósofos. Tais afirmações consistem em mais que um simples elogio de suas filosofias, que estariam a dialogar com algo tão elevado como a cultura grega, e são também um elogio à pessoa de cada um desses filósofos, que teria sido capaz de realizar tal proeza.

De fato, os helenos foram extraordinários e sustentam a base da civilização – ninguém entre nós objetará contra isso, todavia, nada nos impede de lamentar que tenha sido assim.

Nos dias de hoje, nosso imaginário, vocabulário e maneiras de pensar se encontram tão profundamente imersos na cultura grega que ninguém espera encontrar uma alternativa a ela. Caso descubramos uma tribo nova, de bom grado levaremos a ela o vício, o dólar e São Tomás: alguém precisa queimar suas raízes pagãs, orientar suas almas e lhes apresentar a verdadeira filosofia.

Através da história percebemos que mesmo os povos que jamais ouviram falar nos gregos, que nunca puderam compreender as palavras difíceis e vazias que foram anotadas em seus livros – e eram, portanto, “bárbaros” e “maus helenistas” – não puderam escapar do poder dos filhos bastardos dos helenos, daqueles que fizeram avançar sobre tais povos a marcha da civilização usando ideias e ideais helênicos para predominar sobre eles. Hoje a sombra da Grécia cobre quase inteiramente todos os povos, inclusive aqueles que poderiam ter fornecido outra base para a civilização, outro imaginário, vocabulário e formas de pensar. Esses “bárbaros”, agora verdadeiramente barbarizados, sobreviveram somente nas bordas dessa sombra, em livros como o de Dee Brown, pois salgamos sua terra, traficamos suas crianças e destruímos sua cultura. Com o tempo, eles sumirão completamente e viveremos por inteiro na sombra dos gregos, na escuridão absoluta que a civilização fez da cultura deles. Quando esse dia chegar, poderemos nos orgulhar, seremos todos “bons helenistas”.

Acompanhe no blog: http://aoinvesdoinverso.wordpress.com/
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naldho 14/12/2013

Esqueça as histórias de índios cercando caravanas,matando homens,mulheres e crianças,roubando cavalos e barbarizando, como contada nos filmes.É só uma desculpa para o verdadeiro massacre que os ditos massacrados mostram.A história contada pela ótica de quem foi espoliado de seu lar e de sua vida,os índios.
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Sara 25/04/2013

Não era pra mim
Não que o livro seja ruim, afinal, o outro lado da história também é importante. Percebe-se ao longo da obra o grande trabalho de pesquisa do autor, e embora não seja possível que alguns acontecimentos tenham sido 100% da maneira apresentada, acredito que a obra tenha um certo valor documental. Acho que simplesmente não é meu estilo, ou eu posso ter criado muita expectativa com relação a seu conteúdo.
Fato é: quem quiser se aprofundar na história dos índios da América do norte ou ainda adquirir uma nova perspectiva sobre a "Conquista do Oeste", altamente recomendado.
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Aliocha 08/10/2012

A luta de um povo!
Quem nunca assistiu um filme de faroeste! ou viu trechos de algum na Tv. O cenário quase sempre o mesmo, homens em duelos mortais, uma pequena cidade perdida no meio do mundo, e todos concordando com uma coisa: Índio bom, é Índio morto!, tem gente que ouve essa frase e não se pergunta o porque dos Índios serem tão odiados, amaldiçoados, e tidos como sanguinários pelos brancos. já é muito clichê dizer que o homem branco nunca prestou! ou que, os que se diziam civilizados, foram os que promoveram os piores atos de selvageria nesse mundo, mas vamos continuar repetindo para que fique bem enraizado em nossos subconscientes... Vocês já se perguntaram, já pararam por um segundo pensando em quem sofreu mais? Os Índios daqui, ou da América do norte? É certo que a gente lembra logo de extermínio quando pensamos essas coisas, lembramos dos Maias, dos incas, e astecas, todos esses povos superiores que foram dizimados pela raça branca, civilizada e cristã. o verdadeiro sofrimento se encontra na vida, e não na morte! Os Índios brasileiros Também sofreram muito, mas mesmo eles, assim como as tribos pré-colombianas, eu acredito que não sofreram como as tribos norte americanas sofreram e por que não dizer: ainda sofrem... alguns devem estar se perguntando, e existe alguma coisa pior que a morte? A resposta é sim! Uma vida de humilhações, perseguições, perdas, seqüelas profundas, dores que ficam enraizadas nas futuras gerações...
Antes de tudo, deve-se entender uma coisa. O que levou os Brancos a fazerem o que fizeram com os Índios? A população branca estava crescendo, após a guerra do norte contra o sul, foi decidido colonizar o oeste, e aí se mostrou o problema para os índios, os brancos sabiam que os índios não aceitariam que eles chegassem e tomassem suas terras, foi através de tratados que os brancos conseguiram negociar com os índios, ou melhor dizendo enganá-los! E aí se deu o começo das disputas entre brancos e Índios! Os Índios resistiram até onde puderam, viram seus grandes chefes serem mortos, um por um, foram enganados, mortos e tratados como crianças ingênuas, manipulados pelo governo, e o final da história poucas pessoas conhecem, e outras nunca vão conhcer...
Edna 11/02/2014minha estante
NÃO LI ESSE LIVRO, MÁS ASSISTIR O FILME E É MARAVILHOSO. UMA FERRAMENTA QUE ME FEZ FICAR MUITO MAIS INTERESSADA NA HISTÓRIA DOS NATIVOS E O QUANTO FOMOS MAL ENSINADOS NA ESCOLA.




Silvia 27/09/2012

História da colonização norte americana vista sob a ótica dos verdadeiros donos da terra, os índios. O livro conta o massacre de uma cultura, versão nunca contada nos livros didáticos de história.
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Ana Carolina 17/08/2012

Denso
Livro baseado em fato reais sobre como os norte-americanos exterminaram seus índios. Escrito por um índio que aprendeu a ler e escrever para contar a história de seu povo. Inspirou uma série da HBO intitulada (Into the west, 2005), que também vale a pena assistir. O livro é emocionalmente denso, e chega a nos deixar pesados, taciturnos, tristes com o que aconteceu com os índios, as traições, as falsas promessas, etc. O choque de mundos também é algo que nos faz refletir. Vale muito a pena, mas você tem que se preparar para ler, pois não e algo que se lê antes de sair para passear numa sexta-feira à noite.
Bruno Oliveira 28/11/2013minha estante
hahaaha, "baseado em fatos reais" é simplesmente épico para um livro de história.

Dee Brown também não é "um índio que aprendeu a ler", mas um bibliotecário americano bem reconhecido.




Cervethion 17/04/2012

Excelente relato do que realmente ocorreu com as tribos indígenas durante a ocupação do Oeste norte-americano.
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Fernando H. 24/05/2011

Para ler e pensar.
Eu já sabia da existência desse livro há muitos anos, quando um professor usou uma das frases do chefe Redcloud para ilustrar uma passagem sobre meio ambiente (na época aquecimento global era sinalizado simplesmente como efeito estufa, o que alias nunca foi novidade). Durante anos procurei pelo livro e nunca o encontrei a venda. Ano passado uma amiga do trabalho me emprestou.

Eu já sabia de muito do que é narrado por Dee Brown. Mas alguns detalhes me deixaram perplexo. Não pela crueldade ou pela ganância por terra e ouro dos americanos. Se pararmos para pensar isso não foi diferente com nenhum povo da história da humanidade (mesmo entre nativo americanos/índios). Mas com a perfídia para convencer a opinião pública de que os índios eram um grande problema.

De repente me deparei com a nossa situação atual. Regiões do Brasil, que supostamente deveriam ser reservas onde populações indígenas podem viver com seus costumes em paz, são alvo de disputas da cobiça por terras. E muitos em nossa sociedade "esclarecida" levantam suas vozes para alardear contra esses povos que nada mais tem.

Vale a pena em nome do progresso do país repetir esse genocídio silêncioso e conivente com os nossos indígenas?

Nós não somos tão melhores que os americanos do século XIX quanto imaginamos, pensem nisso.
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sjmarcel 29/08/2010

Esplêndido, inenarrável
O livro tem uma abordagem mais histórica dos fatos. Para quem gosta de saber sobre a história dos índios norte-americanos é uma obra excelente, mas para quem tem maior interesse na cultura e sua liturgia, é um pouco decepcionante. Mas repito, a título de pesquisa histórica, é excepcional. Infelizmente é um livro sem final feliz, justamente pelo fato de tudo o que os peles-vermelhas passaram no decorrer da colonização do homem branco.
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Chiquinho 02/08/2009

Que fizeram deles?
Neste livro nós aprendemos que "o homem branco sabe como fazer tudo, mas não sabe como distribuir isso". Estas palavras foram ditas pelo índio Touro Sentado. É uma grande verdade. Parece que a raça que se diz superior, mais inteligente, avançada, culta é tudo, menos sábia. O livro é uma aula de história e sociologia sobre a vida das diversas tribos de índios que habitavam a América. Um relato de um grande genocídio. Leia e descubra porque não se deve confiar nos americanos.
Viviane 30/09/2013minha estante
Não se deve confiar no homem branco, né?! Pq tal como lá, aqui também se cometeu (comete!) um grande genocídio dos povos indígenas.


O Mouro 20/08/2014minha estante
A intenção do autor não é fazer com que deixemos de confiar no povo americano, é conscientizar as pessoas do risco da chamada filosofia da "superioridade", até porque, se fosse assim, pode falar para os seus conhecidos deixarem de confiar em você, porque também estamos na América!


Daniel 04/04/2016minha estante
O livro foi escrito por um americano. Não se deve confiar nele também?




Moitta 17/05/2009

Índio não faz pra não pedir desculpas.
O lado indigena da expansão pro oeste americano. Mostra como foi para os indios de diversas tribo a relação com o homem branco que chegou dominando e se apossando das terras, fazendo acordos e tratados, logo em seguida desrespeitando-os. As guerras, os herois, os falsos herois. Mostra como foram prepotentes e preconceituosos o americanos, como pela causa da "soberania americana" toda um nação foi desprezada, seus costumens, seus valores, suas vidas. Barbaries ocorreram, dos dois lados, esse livro vale para lembrar como é importante o respeito, compreender o outro lado; que a mentalidade tipica do exercito, machista e materialista desconsidera tudo o mais, é surda e cega para tudo que lhe atrapalhe, e as enormes perdas irremediaveis que tivemos (como sociedade). Um pouco da forma de pensar e ver o mundo dos indigenas, que nem de longe podem ser considerados selvagens, lendo livro, acho que os selvagens fomos "nos".
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laura 17/02/2010minha estante
Excelente resenha, meus parabens.




KASTRUP 01/05/2009

Um tiro no coração
Dee brown com este livro documentário brinda-nos com um relato pungente e angustiante sobre o agonizante inicio do fim da raça do índio norte-americano.
Esta barbárie aconteceu durante a colonização no oeste dos Estados Unidos.
È desalentador ver como uma vida de um povo saudável, vivendo da caça, da pesca, da lavoura, próximo aos rios de agua cristalina, é destruida por outra raça que se diz superior, e toma as terras dos seus verdadeiros donos, isolando-os em reservas que só fizeram exterminar com os últimos resquícios da rica e simples cultura indígena. Um livro para ser lido e nunca esquecido.
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