Ziguezagueando pelo Islã

Ziguezagueando pelo Islã Karla Lima




Resenhas - Ziguezagueando pelo Islã


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Kizzy 25/04/2017

Eu já cheguei num nível de admiração por Karla Lima que eu tento ser crítica e achar um ponto para discutir do texto dela, mas não tem. Prometo tentar ser o mais imparcial possível nessa resenha, mas de fato minha admiração pela autora só cresce e após a leitura de Ziguezagueando pelo Islã, parece que ficou mais crônico ainda
Sempre tive muita curiosidade sobre a vida prática dos muçulmanos, porque de fato, do nosso olhar ocidental tudo que envolve o Islã me parece muito difícil de fazer. Usar véus nos 35 graus brasileiros, rezar 5 vezes ao dia em um ambiente profissional, se inserir numa sociedade com valores tão diferentes, e de fato, tudo que se vê reportado sobre o assunto nos veículos de massa não passa de uma descrição de pessoas intangíveis e distantes, ou, infelizmente, a violência e as dificuldades das mulheres nessa sociedade.
O texto da Karla é primoroso em ser diferente disso. O que mais chamou atenção foi a escolha de retratar a diversidade de abordagens dentro de uma religião que temos uma visão de ser única, e também a simplicidade e lógica inabalável da teologia muçulmana. De fato, quando ocorrem as descrições dos fundamentos do Islã, consegui enxergar muito mais semelhanças com o cristianismo do que diferenças, e em muitos casos explicações e soluções muito mais ternas e amorosas que o cristianismo. É direito do fiel por exemplo se divorciar e se casar novamente, o que é vedado na igreja católica, o que me chamou bastante atenção.
Adorei os pontos de vistas diferentes das pessoas retratadas nas entrevistas. Mulheres que usam véu, mulheres que não usam e como as duas encontram no Islã justificativas coerentes e coesas para a decisão. Me admirei com a determinação dos jovens, a disciplina de vida que muitos deles retratam e a busca constante pela retidão das ações. E, como não podia deixar de ser, me identifiquei com as pessoas que buscam suas alternativas para se manter crente na fé aplicando o que considera possível. A imagem de que para os muçulmanos existe apenas o 8 ou o 80 de fato não se mostra realista.
Sobre o papel da mulher no Islã, achei muito profissional o trabalho da autora, e imagino que não tenha sido fácil manter a neutralidade. De fato, há sim muitos traços de machismo e até violência contra mulher nos países de maioria islâmica, mas fica bem claro que isso não é exclusividade deles. Nós também vivemos num país profundamente machista, violento, misógino e perigoso para mulheres. Ainda assim é um país de maioria Cristã e um estado que se declara laico, apesar de na prática de laico não termos nem o entendimento do que significa essa palavra. O que mais me chama a atenção nessa discussão são os dados apresentados de que a maioria das leis e doutrinas que restringem a atuação da mulher na sociedade são amplamente, e as vezes majoritariamente, apoiada pelas mulheres. É um fenômeno que me choca e que também não é diferente no nosso país. A maioria das mulheres daqui também são profundamente machistas e isso me parece de fato a vitória da opressão, quando você convence o oprimido que essa opressão é, para ele, um benefício.
Sobre a violência, também chama a atenção de que, de fato, a igreja cristã não é mais pacífica que a muçulmana, a diferença está na imagem e no posicionamento (ou na maioria das vezes omissão) que o Islã trata essa violência. Na minha avaliação, o último capítulo do livro é o que faz dele um texto dissertativo primoroso. A conclusão corajosa e extremamente coerente de Karla a diferencia de jornalistas resumidores de entrevistas. O Islã de fato se omite em combater essa direta associação entre Islã e terrorismo. Se de fato a religião Islâmica é benevolente, coerente, pacífica e até muito acolhedora tanto com os fiéis muçulmanos quanto com as pessoas que não o são, é papel dos próprios muçulmanos combater institucionalmente aqueles que desvirtuam as orientações do profeta, e nesse ponto a omissão cobra um alto preço do Islã.
Poderia passar o dia pontuando discussões profundas que me fizeram pensar a minha fé, a minha religiosidade e a minha vida social a partir “Ziguezagueando pelo Islã”. Termino, portanto, a resenha por aqui, pois na minha concepção, aquilo que te faz refletir é o que de mais valoroso você adquiriu para vida. Minha nota é 1000.

“Terríveis conflitos reducionistas agrupam as pessoas sob rubricas falsamente unificadoras com ‘América’, ‘Ocidente’ ou ‘Islã’, inventando identidades coletivas para multidões de indivíduos que na realidade são muito diferentes um do outro”
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Smoke One 04/07/2015

As dificuldades que as crenças religiosas enfrentam para se adaptarem à contemporaneidade
Acabei - finalmente - de ler essa belíssima obra.
O que a meu ver, funcionou como uma breve investigação
sobre a fé e os costumes islâmicos.
E o que posso concluir com o que abstraí é que
todas as crenças religiosas podem ser ótimas na teoria.
Mas na prática, sofrem com o fanatismo e com a omissão de seus seguidores
em desconstruir o que os fanáticos e a mídia causam à essência do que creem.
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