Wal - Ig Amor pela Literatura 01/02/2019SaudadeUm livro curto, mas dono de um sentimento imenso, difícil encontrar um texto que carregue tanta emoção em suas palavras. "Morreste-me" é lido em pouco tempo, porque é pequeno e, principalmente, porque é impossível largar essas páginas, tamanha a beleza da poesia que desfila triste diante da dor de saber-se eternamente distante de alguém muito amado. Lê-se em poucas horas, mas logo concluímos que irá reverberar para sempre em algum lugar dentro de nós.
“Tudo o que te sobreviveu me agride. Pai. Nunca esquecerei.” .
Peixoto parece querer gritar ao pai o tamanho da sua dor e a revolta por ter ficado aqui sozinho – sim!, sozinho!, pois às vezes o mundo parece eternamente solitário depois que alguém parte. Depois de... depois de...algumas pessoas apenas sobrevivem, não sabem ser sem aquela presença. Nesses dias, a vida feliz, vazia de uma presença, não percebe que alguém sente uma dor que quer silenciar o mundo. Tudo é soturno nos cantos cheios de ausência, os dias se despem da alegria que também se foi.
E o autor sabe falar disso como ninguém – “Pai. Nunca envelheceste, e eu queria ver-te velho, velhinho aqui no nosso quintal, a regar as flores”. .
Nesses momentos ninguém explica como matar a falta ou o que fazer com tudo que ficou por acontecer. A doença, a morte, o luto...a raiva da convivência forçada com tudo que sobrou, que agride e grita saudade.
Nesse texto tudo é poesia, uma poesia que machuca, cutuca a ferida, mas invade a alma e acalenta. Depois de fechar esse livro, ficamos em silêncio e percebemos que algumas pessoas nunca serão pretérito em nossas vidas...vivem em nós.
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