Pandora 18/06/2010
Essa e outras resenhas em www.trocaletras.wordpress.com
Os autores são todos ligados à segurança pública do Estado do Rio de Janeiro, sendo um deles major da polícia e o outro foi capitão do BOPE.
Achei o filme mais chocante. Esperava mais do livro, justamente pelo filme ter sido um belo tapa na cara.
Mas o livro revolta. Você começa a pensar sobre tudo que é retratado e sente nojo de fazer parte desse sistema porco e corrupto. E o preconceito. Dói fundo.
O livro é dividido em duas partes. Na primeira parte, o narrador, policial do BOPE, retrata o dia-a-dia em pequenos contos. Explica o caminho para se tornar policial do BOPE, as torturas, a corrupção da PM e da Civil, enquanto o BOPE tenta manter-se incorruptível. Retrata a violência (dos policiais e dos traficantes), as mortes, as incursões nas favelas….enfim…mostra o lado B que não estamos acostumados a ver. E é isso que revolta. Toda essa hipocrisia, todo esse papo de que “policial é bandido”, é nojento, revoltante mesmo. Sempre achei que era uma classe injustiçada, agora tenho certeza.
Mas, como nem tudo são flores, existe a segunda parte do livro.
Nessa segunda parte, a história corre veloz, e você tem que ficar bem esperto pra não perder detalhes. É uma infinidade de pessoas, traficantes, autoridades, todos enroscados em uma mesma trama de traições, mentiras, desconfiança e morte.
Aqui, a esposa do chefe do Comando Vermelho, preso em Bangu I, é seqüestrada. Aí vem toda a trama para saber quem foi, porque, se está envolvido com traficantes inimigos, com a polícia, com o governo.
Nessa segunda etapa do livro, vemos que a polícia pode sim ser corrupta e vender-se à traficantes e ao próprio governo para ter regalias. Mas também frisa que nessa sujeira toda existem pessoas honestas, que batalham, acreditam, e pagam, muitas vezes com a vida.
É triste, dá um aperto pensar nessas pessoas idealistas, que só querem resolver os problemas, sendo presos nessa rede de intrigas e utilizados como marionetes para interesses menos nobres, por assim dizer.
Recomendo o livro, sem pensar duas vezes. A linguagem é coloquial, cheia de gírias, é a voz da rua mesmo. Fácil de ler, mas cheio de referências cultas, você vê que os autores sabiam o que estavam fazendo.