Maria Perigosa

Maria Perigosa Luís Jardim



Resenhas - Maria Perigosa


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Maiane.Alves 23/12/2023

"Talvez sejam muitos os temas abordados mas os principais e mais recorrentes são a inocência da infância, a loucura, a noite com seus "perigos sobrenaturais". A linguagem, apesar de ser carregada de termos regionais, não apresenta dificuldades ao entendimento".
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Luiz Pereira Júnior 22/01/2022

Leia como se fizesse uma visita ao museu...
Uma coletânea de contos de um tempo passado retratando certos costumes que parecem não existir mais em uma região que tem algo de mítico ou simplesmente irreal: isso foi o que me veio à mente ao ler os contos de Luís Jardim.

Escrito em 1938, os contos deste livro contam causos da vida do narrador, mais especificamente na infância, mas também relatos de outros personagens. Dessa forma, a vida se confunde com a imaginação principalmente nos contos de infância, pois não é possível saber se os fatos ocorreram realmente com o autor (que chega a utilizar o próprio nome como o nome do personagem – em outras palavras, uma autoficção antes que esse nomezinho virasse chavão para qualquer experiência em que o autor conte sua própria vida em uma obra supostamente fictícia).

Isso em nada influi o tom do livro, a bem da verdade, pois tanto faz ler algo que ocorreu em um passado distante do próprio narrador ou algo que nunca aconteceu de um personagem que jamais existiu. O que importa é o modo como é narrado, fazendo com que o leitor queira prosseguir a leitura para saber o que aconteceu (ou o que poderia ter acontecido). Um jogo de realidade e ficção muito bem estruturado, digno de palmas e elogios para um autor que, de forma alguma, desmerece nossas letras.

E então surge o problema: a linguagem. Para muitos leitores, será apenas compreensível para os que habitaram a zona rural da região Nordeste décadas atrás. E, embora muitos desses vocábulos e expressões ainda existam, acabam por retardar a fluidez da leitura. Talvez a melhor opção seja ler sem procurar entender toda e cada e qualquer palavra que Luís Jardim tenha escrito.

(Afinal de contas, parecem existir vários tipos de obras regionalistas em relação à dificuldade de leitura. Não é tão complicado assim ler as obras de José Lins do Rego – um excelente contador de histórias – ou de Érico Veríssimo, mas Guimarães Rosa e Luís Jardim não fazem parte desse universo.)

Referi-me no primeiro parágrafo ao aspecto mítico, irreal da narrativa. Nada relacionado com o realismo mágico de Garcia Márquez, mas apenas pelo fato de que o mundo retratado nos contos parece tão distante da realidade que parece impossível existir nos dias de hoje. Afinal, sob determinados aspectos, o sertão permanece o mesmo, mas, em outros, mudou – e muito. É difícil para um jovem leitor urbano imaginar o que é uma caminhada a cavalo à noite no meio do sertão, com o protagonista parando em uma casinha que se revela bem mais assustadora do que a de João e Maria (e bem mais próximo a uma possível realidade do que a do conto de fadas). O próprio sertão também mudou (Petrolina e Caruaru, por exemplo, são tão urbanas quanto outras grandes cidades litorâneas e é bem mais fácil ver hoje gado sendo tangido por jovens de moto do que montados em um jegue).

Mas também não se pode jamais desmerecer o jovem leitor. Sim, com um pouco mais de afinco, ele conseguirá ler os contos de Luís Jardim, pois são, ao mesmo tempo que regionais, profundamente universais. A descoberta do sexo, a amizade por alguém mais velho que poderia ser um mentor mas que não está disposto a tal, o amor de um homem covarde por uma moça corajosa e bem mais inteligente do que ele, as travessuras de infância e as brigas entre irmão e irmã (quem nunca?)...

Difícil, intrincado, distante dos dias de hoje e ao mesmo tempo eterno, os contos de Maria Perigosa não são, a bem dizer, uma leitura para um dia de praia, mas talvez seja como uma visita ao museu: deve ser feita com calma, em um dia em que simplesmente estejamos a fim...
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Aleksander 02/08/2014

Contos
Maria Perigosa é um livro composto por 13 contos. São eles: Maria Perigosa, Os cegos, Conceição, Coragem, O ladrão de cavalo, João Piolho, Paisagem perdida, O castigo, A moça do trapézio, A doideira, O poeta, O homem que galopava, Coisas da noite. O título do livro é também o título do primeiro conto, e é somente neste que aparece a personagem Maria. Destaque para o personagem Lula que aparece em pelo menos três contos: Maria Perigosa, O Castigo e A Doideira. Fora isto, os demais contos são sem nenhuma conexão entre si em termos de personagens.

Porém algumas características estão presentes em todos ou praticamente todos os contos. Por exemplo o ambiente e os costumes. Todas as histórias se passam na zona rural retratando o dia-a-dia das pessoas, provavelmente na época em que o livro foi escrito. Trechos com cavalos e cavaleiros, e coisas relacionadas são não só frequentes, mas são a essência da maioria dos contos. O vocabulário segue o cenário, com termos relacionados ao trabalho e costumes dos peões e das pessoas do interior.

Talvez sejam muitos os temas abordados mas os principais e mais recorrentes são a inocência da infância, a loucura, a noite com seus "perigos sobrenaturais". A linguagem, apesar de ser carregada de termos regionais, não apresenta dificuldades ao entendimento.
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