Os últimos dias

Os últimos dias Leon Tolstói




Resenhas - Os Últimos Dias


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Zuarete 27/07/2023

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.................................................................................................... não quero escrever ....................................................................................................
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Luiz Pereira Júnior 27/09/2020

Como avaliar um monstro sagrado da Literatura?
Sim, o título da resenha faz todo o sentido. É razoavelmente fácil analisar e, principalmente discordar, das obras contemporâneas a nós mesmos e dos best-sellers e da chamada literatura de massa ou da literatura por assim dizer descartável. Mas o mesmo não se aplica quando temos em mãos uma obra (seja ela qual for) de um dos grandes da literatura universal.
Tolstoi é um desses autores. Muito, mas muito mesmo, já foi escrito sobre ele e por escritores, críticos, literatos e quejandos muito mais preparados do que eu, um simples professor de Literatura de Ensino Médio (simples, sim, mas com muito orgulho pela minha profissão).
(Mas percebo que Tolstoi também escreveu sobre um dos imortais da Literatura universal, William Shakespeare. Dessa forma, estou na companhia do grande escritor russo – mas centenas, milhares, milhões de níveis abaixo.)
Para começar, confesso que me enganei ao comprar o livro. Não no sentido geral (eu sei quem foi Tolstoi, é claro, e já li algumas obras dele), mas no sentido específico: pelo título da obra, pensei que fosse uma biografia, mas me enganei. O livro é uma compilação das obras tardias do grande escritor (repito) russo.
Há de tudo para todos os gostos, inclusive agradabilíssimos contos, prazerosos de serem lidos embaixo de sua árvore favorita (moro em frente à Floresta Amazônica, então árvore é o que não falta) ou na varanda de seu apartamento. Mas o que prevalece são os escritos da fase mística, religiosa, fanática, cristianíssima (escolha o termo a seu bel-prazer) de Tolstoi.
Tolstoi se torna, então, um fanático (repito), crendo que tudo está errado ao seu redor (e concordo com uma das notas do livro, segundo a qual o autor acaba se tornando tão orgulhoso que parece não enxergar mais com nitidez o mundo à sua frente), tentando convencer a todos de que tudo precisa ser mudado de acordo com suas próprias leis e de acordo com a sua visão religiosa. E isso acaba por permear todos os seus escritos finais, tornando o autor exortativo (no bom sentido) ou simplesmente repetitivo (no mau sentido).
Nem vou fazer a minha pergunta clássica final. Claro que vale a leitura, mas tendo em mente que Tolstoi parece ter sofrido uma morte literária (“Guerra e Paz”, “Ana Karenina” parece que são de outro autor) para reencarnar nesse escritor cristão fanático, mas que também defende boas causas universais (sim, é justo dizer que a humanidade seria quase perfeita se não houvesse guerras, mas isso me parece utópico demais para ser realizável algum dia) e outras causas que me parecem irrealistas ou próximas disso (o vegetarianismo é um bom exemplo. Se ele se tornar obrigatório, então não seria uma interferência em um dos nossos direitos mais básicos, o direito à escolha da alimentação? Tornei-me vegetariano durante cerca de três anos, mas voltei a comer carne há um tempo. Matei a vontade e já começo a me sentir vegetariano de novo. “Tá, mas e daí com essa sua experiência?”, você deve estar se perguntando. Nesse caso, talvez a pergunta principal seja: ao proibir o vegetarianismo, a carne não acabará se tornando mais deliciosa?).
E voltando à opinião do autor sobre Shakespeare. Sim, em certos pontos, concordo com Tolstoi. Nas tragédias de Shakespeare, a impressão que tenho é que todos morrem no final (e várias dessas mortes parecem não ter influência alguma na trama da peça, os personagens simplesmente morrem e pronto). E, pra falar a verdade, achei bem mais interessante (em todos os sentidos) a peça da qual Shakespeare tirou a estrutura para escrever “Rei Lear”. É... Tolstoi pode até ter se tornado fanático, mas não era tão cego assim aos escritos dos outros monstros literários...
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none 08/05/2017

Os livros editados por essa coleção da Penguin/Companhia das letras não são publicados na íntegra, ao menos as obras mais importantes de não-ficção de Tolstoi precisam ser divulgadas, pois continuam necessárias e atuais. Os temas debatidos pelo autor russo são universais. A única parte que eu dispensaria seriam as cartas destinadas aos familiares do autor Se tratam de textos muito íntimos e pessoais. A divulgação é dispersiva e se trata de pura fofoca/conhecimento desnecessário.
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jonatas.brito 13/03/2016

Essencial!
Que o russo Liev Tolstói foi um dos mais importantes e prolíficos escritores que já pisou os pés neste mundo, todos nós sabemos. É inegável sua contribuição para a literatura com obras como Guerra e Paz, Anna Kariênina, Ressurreição, Padre Sérgio e A Morte de Ivan Ilitch. Mas uma coisa que poucos sabem é que Tolstói excedeu o campo da ficção e tornou-se o precursor de uma nova filosofia de vida que lhe rendeu vários adeptos ao redor do mundo, dando início ao movimento intitulado Tolstóismo.

Liev Tolstói (1828-1910) quando jovem, levou uma vida de muita libertinagem. Era frequentador assíduo de bordéis, jogos e bebidas. Em 1862, aos 34 anos, casa-se com Sófia Behrs, de apenas 19 anos, e com ela teve 13 filhos. Embora desde sua mocidade ele já buscasse com todas as forças crer na existência de Deus (dilema que o fez desejar o suicídio várias vezes), foi em sua velhice que, após uma séria crise espiritual, decidiu converter-se definitivamente ao Cristianismo. “Uma Confissão”, escrito em 1882, seria o primogênito de muitas obras que Tolstói escreveu após tornar-se cristão. Embora declaradamente seguidor dos ensinos de Jesus Cristo, Tolstói apenas creditava os atributos divinos ao Deus criador. Para ele, Jesus Cristo foi um ser humano notável, ímpar e digno de ser seguido por ele e por todos, nada mais (particularmente, não compreendi como ele conseguia distinguir crer no santo e não nos seus milagres, mas enfim…).
Em “Os Últimos Dias” – organizado pelo escritor norte-americano Jay Parini – encontramos preciosos textos, ensaios, parábolas e cartas escritas por Tolstói – a maioria de cunho filosófico e idealista – nos anos que antecederam sua morte e que representam o auge de sua peregrinação religiosa. Não se trata necessariamente de uma autobiografia, o objetivo deste livro é de permitir ao leitor aprofundar-se acerca do Tolstói crítico, filósofo, “cristão” e utopista.

Liev Tolstói era um anarquista (embora não o considerasse um). Mas seus textos não deixam dúvida. Ele pregava o fim de toda espécie de governo bem como o fim de todo sentimento de patriotismo, que para ele, além de ser altamente danoso, figurava o princípio de todas as guerras. Tomando como exemplo o próprio Jesus Cristo – que foi morto injustamente e sem oferecer nenhuma resistência – Tolstói foi um dos principais “profetas” a pregar a Revolução Não-Violenta. Sua filosofia a esse respeito influenciou diretamente a Gandhi, que chegou a trocar algumas cartas com o profeta russo. Tolstói idealizava uma sociedade onde não houvesse hierarquia, que todos se respeitassem igualmente e que o amor ao próximo fosse a lei maior.

Pregava o jejum como o primeiro passo para uma vida de abstinências, bem como a união de todas as religiões em uma única fé. No texto intitulado “O Primeiro Degrau” de 1891, ele relata sua visita a um matadouro e, após testemunhar como os animais eram torturados e mortos, revela como isso o fez repudiar qualquer alimento de origem animal, tornando-se vegetariano. Mesmo envolvendo-se no passado com várias mulheres, após sua conversão, começou a pregar o sexo apenas com a finalidade de reprodução, jamais para o prazer.
Em 1901 – assustada com a crescente fama de profeta que Tolstói tinha em toda a Rússia – a Igreja Ortodoxa Russa, vendo-o como uma grande ameaça contra toda a tradição cristã, acusa-o de insolência contra o Senhor, contra Cristo e contra toda a herança sagrada, considerando-o um herege, decide excomungá-lo publicamente da comunhão da Igreja. Como resposta, Tolstói acusa a resolução do Sínodo como ilegítima, ambígua, arbitrária e caluniosa e que, ao contrário das declarações da Igreja, não houve nenhuma tentativa por parte do clero de persuadi-lo de suas ideias consideradas inverdades.

Mas nem tudo se resume a religião. Em ensaios como “O Que é Arte?” (1896), Tolstói explica que, para ele, a arte “é um meio de comunicação que, unindo pessoas pelos mesmos sentimentos, é indispensável para a vida e o progresso de cada indivíduo e de toda a humanidade”. E no revelador “Sobre Shakespeare e o Teatro (Um Ensaio Crítico)” (1906), ele expõe o porquê que considera Shakespeare um charlatão, criticando negativamente suas principais peças e acusando-o de plagiar peças já conhecidas da época.

Enfim, ler “Os Últimos Dias” nos permite conhecermos um Tolstói além de seus grandes romances. Nos tornamos mais íntimos dele e de suas ideias. Descobrimos um escritor preocupado com sua gente e com o futuro de toda a humanidade. Um ser humano que, mesmo o leitor não compactuando com tudo que ele pregava, deixou um legado de fé e esperança em um mundo melhor e mais justo.

site: https://garimpoliterario.wordpress.com/2016/03/06/resenha-os-ultimos-dias-de-liev-tolstoi-jay-parini/
Uedison Pereira 27/01/2024minha estante
Olá, Jonatas.

Muito boa a sua resenha. Nós, skoobers, agradecemos esses preciosos paratextos feitos por vocês. Se bem que já tenho uma lista de ordem de leitura para terminar, eu acabei de receber o ebook de "Os Últimos Dias" e quem também se interessar, eu poderia enviar por email.

Carpe Diem


Uedison Pereira
Autor de "O Leão e as Hienas e Outras Estórias".


Uedison Pereira 16/03/2024minha estante
Olá, Jonata.

Que belo texto, este seu!

É prazeroso demais saber que aprendemos muito sobre a vida ao compartilharmos vivência e conhecimento. E ainda mais como escritor com essa interação com leitores como você.

Um abraço.

Sinceros cumprimentos.

Uedison Pereira




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