Bruna A.
21/11/2016Haru wo Daiteita - Nitta Youka - resenha dos volumes 1-14 (Iwaki x Katou)Foi a minha terceira tentativa de ler HwD. Das vezes anteriores, não passei do volume 1. Mas hoje, depois de ler os 14 volumes inteiros acho que posso dizer o motivo de não ter conseguido ler antes: eu não estava pronta.
Haru wo Daiteita é um romance completo. Um romance que abrange todos os aspectos de um relacionamento, seja eles pessoais e profissionais. Ele é diferente de todos os mangás yaoi que li até agora, justamente por isso: ele é completo. Não se resume apenas em como eles se conheceram, se apaixonaram, começaram a namorar e viveram felizes para sempre.
Em um relacionamento existe tudo isso e muito mais no convívio de cada dia, de cada obstáculo que aparece ou nas pequenas e grandes conquistas da vida.
Iwaki é um homem sério, focado na profissão. Katou é menos conservador e encara a profissão como uma oportunidade. E sendo os dois atores de uma mídia competitiva no qual cada papel conquistado conta muito, a personalidade dos dois diverge bastante e mais ainda quando eles são considerados “rivais”.
É assim que começa a história de Nitta Youka. Dois atores rivais contracenando juntos em uma adaptação famosa de uma novel gay. Do convívio, Katou vê a oportunidade de se aproximar do tão sério Iwaki com o intuito de conhece-lo melhor. Desses encontros, uma foto de um paparazzi dá início a várias especulações da mídia: os dois estão juntos como casal ou é só um jogo de marketing para promover o novo filme?
A história tem mais de dez anos de publicação e a evolução da mangaká é bem notável, tanto no traço como no plot em si. Pegar a capa do primeiro volume e do último para comparar o traço parece ter sido desenhado por dois artistas diferentes.
Há vários arcos, alguns curtos, outros que tomam vários volumes ao longo dos cinquenta capítulos totais. O maior é o arco de Winter Cicadas. No geral, é um arco bem confuso. Pra mim, uma explicação básica do plot – como algumas editoras brasileiras fazem – ajudaria muito. Não é ruim, longe disso, mas há vários elementos na história, não só desse plot, que são da cultura japonesa e a gente, que não tem os mesmos costumes que os orientais pode achar esquisito ou difícil de entender.
O que mais me chamou a atenção foi a diferença de Iwaki e Katou ao longo da história. Katou amadurece ao longo do tempo, ganha o carinho e respeito de Iwaki, enquanto ele deixa de mostrar um ar sério e frio ao passo que a relação dele com Katou evolui.
O que mais gostei, entre várias outras coisas, foi a forma que a mangaká desenhava as cenas. Ela usa vários ângulos, visto de cima, de baixo, de lado, através de uma janela, do lado de dentro de um carro, por exemplo. E isso valia tanto pras cenas de sexo como as cenas do dia-a-dia. Falando em sexo: ela não poupou nada com Iwaki e Katou. Eles praticamente batizaram todos os cantos possíveis. Por toda a casa, no estúdio de gravação, no camarim, na praia do Havaí, no hotel dos EUA, na cachoeira, na casa dos pais do Katou… todos os cantos, todos eles.
Tudo tinha muito detalhe. E cada detalhe era revisto em uma cena ou outra, nada passava despercebido. Se havia um copo d’água em cima do criado mudo, era certeza que o tal estaria ali alguns cenas depois. Isso acabou dando uma dinâmica diferente ao ler a história. Não era apenas uma cena linear, com os personagens no centro da página. Dava uma ideia constante de movimento, o que me agradou bastante.
Como eu disse: completo.
Haru wo Daiteita ganhou uma continuação, ainda recente com 3 volumes publicados no Japão. Apenas na capa é possível ver a evolução do desenho da artista, e sem dúvidas, tenho muita expectativa do que está por vir.
Para qualquer fã de yaoi Haru wo Daiteita é leitura quase que obrigatória. É o tipo de história com a dose certa de cada tipo de plot que a gente procura ler.