Mário e o mágico

Mário e o mágico Thomas Mann




Resenhas - Mario e o Mágico


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@tayrequiao 15/06/2024

Uma ressalva...
Talvez essa seja uma das narrativas mais clarividentes do séc. XX.

Digo isso porque, quando publicada, o mundo ainda não tinha nem ideia dos horro*res que vivenciaria com a ascensão do partido nacional-socialista na Alemanha. Ainda assim, Mann - que observara o início e a consolidação do totalitarismo fascista na Itália - já alertava sobre as práticas de sugestionamento e manipulação que eram utilizadas como instrumentos de controle e poder pelos regimes ditatoriais.

Nessa novela, encontramos um paralelo entre o palco de Cipolla, mágico que hipnotiza os cidadãos da pequena Torre di Venere, e o palco de Mussolini, que “hipnotizou” o povo italiano através de uma propaganda que glorificava o passado glorioso da Itália como forma de acentuar o orgulho nacional e, assim, ganhar apoio popular.

Essa analogia da hipnose me incomoda.

Ela sugere que as populações sob tais governos estariam ao menos sob um estado elevado de inconsciência, o que desconsidera o papel que muitos desempenharam no apoio a esses regimes. Aliás, muitos não apenas apoiaram, mas participaram ativamente das suas políticas repressivas e violentas, seja por convicção ideológica, por benefícios pessoais ou por medo de se opor.

Ao relacionar a inércia popular diante do absurdo a um estado de “hipnose”, corre-se o risco de exonerar seus apoiadores das responsabilidades pelas suas ações. A violência, a repressão e as atrocidades cometidas não foram apenas obra de líderes carismáticos, mas também de milhares de indivíduos que, de forma consciente (frise-se), optaram por seguir, implementar e exacerbar essas políticas.

Muitos inclusive acreditavam que essas regimes ofereciam soluções para crises econômicas, segurança contra ameaças internas e externas, ou um renascimento nacional. Construir, ainda que indiretamente, uma analogia de uma população simplesmente “hipnotizada” por líderes autoritários acaba simplificando demais a realidade e dificulta uma compreensão mais profunda das razões pelas quais essas ideologias encontraram terreno fértil em certos momentos históricos.

Sigo achando a escrita do Mann magnética e indicando sua leitura, mas registro a ressalva à analogia usada.

site: https://www.instagram.com/tayrequiao/
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Vanessa Santos 13/06/2024

Desastre anunciado
A história se passa num período que Hitler deveria está só na conspiração e Mussolini aumentando mais seus seguidores. O autor descreve uma viagem que não trouxe nada de satisfação, parecia mais um um dia daqueles que se levanta com o pé esquerdo. Clima chato, ânimos alterados. Xenofobia, nacionalismo sei lá. O livro é curto, a leitura é rico em seus vocabulários, prende sua atenção e induz a pesquisar mais sobre os temas. Bom final me fez reler umas 4 vezes p entender o que era óbvio, n sei nem se chamo de clichê. Resumindo eu gostei do livro indico sim. Aínda não foi dessa vez q ganhou 5 estrelas pq percebi trechos que p mim não estava bem amarrados, Situações que parecia forçada e não sei pq, mas senti que faltou algo a mais. De início eu não estava compreendendo bem, porém a sorte foi q conheci um livro no período um pouco a frente q me levou a compreender do que estava prevendo. O autor parecia prever a catástrofe que o mundo iria viver mais a frente ( 10 anos a frente p ser preciso). E depois ao ler o posfácio fez com que eu desse mais uma estrela ? no total tem 4/5 ?
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Amanda 11/06/2024

Thomas Mann, como sempre, muito cirúrgico nas ironias e na forma de retratar a chegada do fascismo.
O conto é divertido e incômodo, para quem percebe as referências.
Um ilusionista com poder de controlar pessoas, obrigando-as a seguir suas ordens.

O posfácio na edição da Cia das Letras é um show à parte, escrito pelo Marcus Vinicius Mazzari.
Um passeio pelas obras do Thomas, mostrando trechos de cartas e publicações dele e de seus contemporâneos. Além de citar outras obras na mesma temática.
Amei!
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Alexandra 26/05/2024

Nacionalismo e antifascismo
Mann desenvolve uma novela de cunho político e ético, para uma crítica ao nacionalismo e ao fascismo da época. Um desejo de libertação para uma hipnose coletiva.
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stcarvalho0102 22/05/2024

Rapaz, essa edição da companhia das letras têm mais posfácio do que livro. Heheheh. Mas, é Thomas Mann. E ele não decepciona. Excelente livro.
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Murilo Lorençoni 03/05/2024

Uma leitura instigante
Meu primeiro contato com Thomas Mann e foi realmente uma leitura muito interessante. Destaque oara o posfácio que enriquece muito a leitura e dá um sentido completamente diferente para a leitura
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Luiz Souza 26/04/2024

O mágico inconveniente
O livro conta a história de uma família que vai passar as férias na Itália na cidade Torres Di Venere eles vão curtir as ondas do mar Tireu.
De início eles ficam no grande hotel mas devido o gerente ser chato com eles se mudam para a pensão de uma senhora muito amável e simpática.
Para curtir as férias ainda vão no circo e se deparam com um mágico maluco e bem audacioso.

Gostei dessa novela , achei lindas as descrições o livro traz como alegoria uma crítica ao fascismo.

Próximo ano acho que vou ler A montanha mágica kkkk.

Ótima leitura.
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Reginaldo Pereira 21/04/2024

Mais atual, impossível?!
A atualidade desta obra de Mann chega a assustar. Pensar que ele a escreveu antes mesmo do início do fascismo, faz com que a mesma tenha um caráter profético! De acordo com Anatol Rosenfeld, é apontada nesta ?pequena obra-prima, entre outras qualidades, a extraordinária clarividência assim como um forte caráter de advertência?.

Em cerca de 70 páginas, o autor nos faz sentir enjoado, irritado e revoltado com as situações absurdas - mas reais - pelas quais uma família pode passar dentro da surrealidade que apenas a ultra-direita consegue ser capaz de criar.

Apesar de retratar umas simples ?férias frustradas?, Mann conseguiu expressar a forma ultrajante em que uma massa de pessoas (com suas propensões já à flor da pele, é verdade) pode ser hipnotizada e realizar atos impensáveis para a natureza humana.

Enfim, uma obra demasiado atual, que seria muito bem-vinda à nossa sociedade contemporânea. Afinal, flertamos perigosamente com nosso Cipolla tupiniquim, sem saber que estamos bem longe de ter um Mário para nos vingar?
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Marcia 09/04/2024

Minhas impressões sobre o livro
Livro curto de excelente qualidade que nos entretém todo o percurso da leitura.
Nesse livro temos um narrador que nos contará sobre suas férias com a família numa cidade da Italia. Eles almejam férias tranquilas e relaxantes na cidade costeira de Torre di Venere. A forma que nos descreve o lugar é incrível, nós nos transportamos junto com os personagens.
As férias não foram nada tranquilas, eles sofreram preconceitos, foram constrangidos e viveram momentos complicados num show de mágica que traumatizou a todos.
A história se passa na época de Mussolini e tem um paralelo ao fascismo que também ilustrará alguns anos a frente a postura de Hitler.
Esse livro foi inspirado nas férias que próprio escritor passou com a família na Itália.
Um ótimo livro, leitura rápida e que agrega.
Valeu!!!
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Gerson91 31/01/2024

Impressionante a visão de Thomas Mann sobre o início do fascismo e toda a hipnose de uma geração que foi conduzida por sociopatas e assassinos. Além do conto/novela, que sendo mais atual impossível, fica todo o mérito do posfácio de Marcus Vinicius Mazzari, onde não só contextualiza o texto como também traz brilhantes referências para outras obras como a Montanha Mágica.
É um livro pra ler de uma vez só.
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Vivi 26/01/2024

À primeira vista, parece ser a história de uma estranha tragédia que aconteceu durante um show em uma cidade turística italiana. 48 páginas contêm uma breve descrição da cidade e algumas pontuações , e um relato sobre o desempenho tristemente encerrado de um "mágico" hipnótico que veio à cidade.
Só que não é bem isso...
A história foi escrita numa época (1929) em que o chamado patriotismo surgiu na Itália e na Alemanha. Os italianos, sob a liderança de Mussolini, sonhavam em restaurar o poder e a autoridade do antigo Império Romano, enquanto os alemães, ofendidos pelos resultados da Segunda Guerra Mundial e pelo Tratado de Versalhes, olhavam com esperança para Hitler, que falava incentivando a autoconfiança.
As pessoas viajam, descansam e vão a shows, sem ação militar. Mas a cada frase fica mais claro que a concentração do mal no ar aumentou significativamente. Quanto mais a frase se prolonga, mais desagradável se torna o ambiente, mesmo na praia - as crianças não ouvem, as mulheres gritam, o sol destrói a capacidade de pensar.
Anúncios aparecem na cidade. De uma performance que deveria trazer (uma impressão muito subjetiva: para um público torturado. Um mago particularmente sinistro e até feio inicia o show. É claro desde o início que nada de bonito , mas é estranho também - um vínculo é criado entre ele e o público. O mago zomba e humilha, mas ninguém vai embora. Qual é o seu poder?
Olha Thomas me conquistando novamente rs.
Não tenho certeza sobre a primeira metade da frase, mas "O mágico e o texto são realmente densos e um tanto difíceis. Afinal não seria o autor se não fosse assim... claroooo que voltei rs. Admito sem culpa ra.
Cheios de detalhes. Mas também vivos, fluidos, coloridos. Não é adequado para leitura em fuga, você precisa silêncio e tempo para aprofundar. E glória ao criador tive total para dar conta! Por sorte li nas férias rs.
É provavelmente um fato bem conhecido que Thomas Mann é um escritor que nunca escreve diretamente sobre o que escreve. Se é que me entendem.
E isso é interessante, porque quem se daria ao trabalho de ler se o próprio autor explicasse o último ponto.
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Lucas Rabêlo 16/01/2024

A hipnose do estropiado
Publicada em 1930, a novela de Thomas Mann alegoricamente antecipa as vicissitudes totalitárias da Europa dos anos seguintes, quando o fascismo se consolidaria como repertório da esfera política.

Narrado por um homem acompanhado de sua família, que viaja a um balneário italiano para férias veranis, o relato é exemplificado por nativos hostis e conservadores de um modelo beligerante de nacionalismo, vertentes do autoritarismo.

O alastramento do choque é impingindo à narrativa quando participam de um show de um ilusionista canastrão, mas que acerta na retórica: Cippola, seu nome, faz mandos e desmandos ao humilhar seu público espectador, ao passo que tenta exaltar os conterrâneos. Mário, um garçom local, verterá-se em vítima, culminando a tragédia anunciada.

Aludida a uma peça assertiva da hipnose ditatorial, a obra é perspicaz na aproximação do artifício tirânico. Mann nega tê-la feito consciente do genocidio posterior que também assolaria até seu país natal, Alemanha. À época disse não contemplar a categorização que faziam-no de um militante; transformou-se no estalar da barbárie que é História.

Inegável, porém, é a sedução do mágico
estropiado, como Mann apontava ser Hitler, como o é Cipolla, este projeto autocrático, nulo enquanto humano, que converge o mais fraco para sucumbir ao seu manejo social inaceitável. Alerta constante (e atemporal) às democracias vigentes.
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Beatriz.Alves 05/12/2023

Mário e o mágico- Thomas Mann
Livro surpreendente e instigante. A princípio,parece inocente e pueril,mas se desdobra de forma a nos tirar o fôlego e revelar uma realidade cruel.
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abibliotecadamica 31/07/2023

Excelente.
Mário e o Mágico trata-se de uma novela com traços autobiográficos escrita em 1929 e lançada um ano depois, e tem como cenário Torre di Venere, um balneário italiano ficcional. Sua narrativa nos apresenta um chefe de família e suas fracassadas férias de verão, que resultam em um desfortúnio. Na primeira parte do livro, esse narrador relata o início já conturbado de seu período de descanso familiar, enquanto observa um ar de crescente nacionalismo durante os primeiros dias de sua estada na Itália. A segunda parte expõe uma performance de um mágico italiano, Cipolla, que apresenta truques e pequenas exibições hipnóticas, utilizando seus poderes mentais para controlar o público . Cipolla representa o poder hipnotizante dos líderes autoritários na Europa da época, antecipando os movimentos iniciais do fascismo, que o escritor alemão foi capaz de perceber em suas viagens - essa personagem foi inspirada em uma performance de mágica que Mann assistiu na Itália, durante o verão de 1926.
Novela curta, de apenas 50 páginas, mas de narrativa marcante. Recomendo muito essa leitura. E essa edição do livro traz ainda um posfácio excelente do Dr. Marcus Vinicius Mazzari.
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