What I Did

What I Did Jason




Resenhas - What I Did


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jackguedes 17/03/2011

Silêncio e minimalismo
Já há algum tempo venho reparando em alguns trabalhos do quadrinista norueguês Jason que são lançados sem muito alarde pela Fantagraphics Books, especialmente quando vou engordar minha sempre-crescente wishlist da Amazon.

Os livros do cara são sempre modestos – finos, em geral têm 48 páginas – e as histórias têm sempre textos e diálogos enxutos, o que é possível descobrir com a ajuda do bem-vindo recurso look inside, que aliás, deveria ser definitivamente adotado pelas livrarias nacionais.

Pois bem, finalmente neste mês tive a oportunidade de empreender a primeira leitura de uma de suas obras, na verdade uma compilação recém lançada (o que me incentivou a fazer a compra, dada a relação custo-benefício se comparando às versões originais, muito curtas): What I Did.

O volume reúne três álbuns/histórias anteriormente lançados: Hey, wait…, Sshhhh! e The Iron Wagon, essa, há muito esgotada. Todas são excelentes a começar pela primeira e mais tocante das três.

Hey, wait! é uma história curta dividida em duas partes: a primeira trata da amizade entre dois garotos, subitamente interrompida por uma fatalidade estúpida; a segunda parte mostra a vida adulta de um dos personagens. A escassez de diálogos e o desenho minimalista só aumentam o efeito devastador do conto que trata, em sua essência, do vazio, da perda, da vida desperdiçada.

Um fato curioso na obra de Jason é que os personagens são representados como animais antropomorfizados: cachorros, coelhos e pássaros o que confere um pouco de humor às histórias, na maioria das vezes um humor sombrio, que rende no máximo um sorriso de canto de boca. Não há gargalhadas em nenhuma das histórias de What I Did.


O segundo conto é uma silent performance: a vida de um homem (aqui um homem com cabeça de pássaro) acompanhada desde o nascimento até a morte em capítulos curtos, sem diálogo algum. O título, Sshhhh!, é bastante apropriado.

A terceira é a que mais destoa das impressões intimistas e minimalistas das anteriores. The Iron Wagon é a adaptação de um romance policial norueguês, escrito em 1909. Ao contrário do registro P&B dos dois primeiros terços do livro, a trama é a única colorida, mas ainda assim, modestamente; apenas duas cores. Apesar de ser uma adaptação, Jason consegue sem esforço imprimir sua personalidade ao enredo.

Pouco antes de ler What I Did, cheguei a procurar por referências e resenhas e encontrei pouca coisa. No Brasil, menos ainda. O pior é que não há sinal de que sua obra será lançada aqui. Uma pena. Jason é um artista que merece um olhar mais atento.
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