The Illumination

The Illumination Kevin Brockmeier




Resenhas - The Illumination


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jackguedes 17/03/2011

The Illumination
Eleito pela Granta como um dos melhores novos romancistas norte-americanos em 2007, Kevin Brockmeier lançou neste ano seu quinto livro (se considerarmos duas coleções de contos): The Illumination, que tem recebido vários elogios em veículos ingleses e americanos.

A premissa para o romance é bastante intrigante: em determinado dia pessoas do mundo todo começam a emitir luz de suas feridas; suas dores, físicas ou da alma, passam a se manifestar por uma profusão de fenômenos luminosos. A ideia é inusitada, também criativa e acaba rendendo um bom material para o autor desenvolver sua alegoria, o que ele faz muito bem, eu nem sabia que havia tantos verbos em inglês para se descrever efeitos luminosos.

Romances alegóricos são sempre um risco, trabalhar realidades alternativas ou fenômenos paranormais nem sempre pode soar verossímil, esse é uma técnica para poucos. Brockmeier, todavia, pertence ao grupo de escritores que usam o realismo fantástico a favor da obra, sem qualquer comprometimento. Ele consegue também escapar de outro problema que poderia por a perder sua fábula: o de tornar piegas a comparação de luz e dor, de sofrimento e expiação; existem muitas formas desastrosas de sevusar a luz como metáfora numa trama, saber, portanto, selecionar essas experimentações é fundamental. Quanto a isso, não há críticas a se fazer, aliás, o fenômeno que dá nome ao livro é mencionado muitas vezes como um mero detalhe que passa a fazer parte da vida dos personagens.

O livro se situa numa zona ambígua e difusa entre uma coleção de contos interligados e um romance dividido em histórias que se conectam muito brevemente. O que une os seis personagens é um diário mantido por uma mulher – morta no dia em que o fenômeno passa a se manifestar – que o usava para redigir as notas de amor do marido (Jason Williford, o personagem responsável pela melhor porção do livro):

“I love those three perfect moles on your shoulder – like a line of buttons. I love the sound of your voice over the phone when you’re trying to hide the fact that you are doing a crossword puzzle from me. I love you lopsided smile. I love the way you sway and close your eyes when you’re listening to a song you like (…)”

Além da relação dos personagens com o diário e o conteúdo nele nele reproduzido, os seis protagonistas têm em comum a necessidade de lidar com suas respectivas dores e deficiências; cada capítulo é construído em torno da forma com que os protagonistas lidam com esses impasses.

O autor consegue manter bem o ritmo até a terceira história, mas nas últimas três, em especial na sexta e derradeira, parece perder o fio da linha condutora e torna mais difícil a empatia do leitor com os personagens: uma leitora que sofre com absessos bucais, um vendedor sem-teto e um missionário solitário. Aqui também o fenômeno parece ser um mero apêndice, um detalhe desnecessário.

Isso acaba por tornar a leitura das páginas finais um tanto enfadonha, mas não chega a comprometer o todo. No saldo, a avaliação é positiva graças ao prazer da leitura dos contos iniciais.
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