jumorgensten 15/04/2022
O mesmo é uma obra considerada antiga e conta a história do próprio Luis Fernando em uma das suas encarnações e narrada por ele mesmo.
Com isso, o amigo espiritual começa contando sua vida, ainda na infância, em Angola. Com seus pais, irmãos e sua rotina normal na aldeia, inclusive com suas plantações e descobertas do dendê.
Depois de um tempo, ele e seu pai são capturados e colocados em um navio negreiro. E a partir de então, o leitor acompanha a saga da dupla e todos os fatos pesados existentes na época em um navio cheio de negros. Chegando ao Brasil, Luis Fernando e seu pai são separados e o rapaz vai para uma fazenda onde encontra três coisas: Sua nova realidade, seu novo nome chamado MIguel e vovô Joana que vira uma mãe e família para o menino.
Sendo assim, vamos vendo o passar dos dias de Miguel, seus senhores que, durante a narrativa, foram três. O primeiro tratava a todos muito bem e como gente, o segundo o fez virar o reprodutor da fazenda, ou seja, deveria engravidar todas as escravas que ainda eram virgens e tratava a todos muito mal e o terceiro também era gente boa e entendia toda a situação.
Além disso e de todo o seu trabalho escravo, Miguel também manuseava ervas e fazia remédios artesanais para auxiliar ao seu povo e a quem desejasse também. Por esse motivo, foi chamado para ajudar no parto da esposa de um dos seus senhores. A mesma estava grávida de gêmeos e não sabia, e achando que um deles tinha morrido, sumiu para senzala com o bebê. Contrariando a expectativa de Miguel, a neném sobreviveu, passou um tempo morando com os escravos e depois encaminhada para outra fazenda.
Com o passar dos anos, Miguel se tornou referência de escravo, ajudava e participava nas comunicações com os orixás e era sempre correto em todos os momentos. Só a questão da criança retirada dos pais e jogada no mundo, digamos assim, ainda o incomodava tremendamente. Mesmo Lucien tendo se tornado uma moça bem cuidada e quista na sociedade na época.
Depois de um tempo e alforriado, Miguel volta a Angola para encontrar os seus, se identificar e ver quem é afinal o Luis Fernando e não somente o escravo Miguel e também para encontrar Dalva, criar laços e ter filhos por amor e não mais somente por obrigação.
As partes espirituais ficam a cargo de Joana, que auxilia ao protagonista tanto ainda encarnada quanto desencarnada e aos orixás durante toda a narrativa.
O livro fala também sobre perdão, empatia, soberba, usar o poder em malefício de algo, as realidades dos escravos e depois do alforriados e a evolução moral e espiritual de Miguel e de Luis Fernando também.
O texto é de fácil entendimento e a leitura, apesar de densa em muitos momentos, é mega envolvente. Mal começou o ano e já é meu romance preferido do ano por tamanha sensibilidade, realidade e espiritualidade. Recomandadíssimo.
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