spoiler visualizarCarlos.Jose 30/04/2017
A Normalista
O livro conta a história de uma menina chamada Maria do Carmo, que vivia juntamente com seus pais no Ceará. Em determinado momento, quando ela era ainda muito jovem, enfrentou com eles momentos difíceis de seca, sem falar no fato de que sua mãe havia contraído um enfermidade. Tais situações fizeram com que seu pai tomasse a decisão de sair daquele lugar. O grupo então partiu para outra região do Ceará mais perto do litoral em busca de melhores condições de moradia e de trabalho. Sucedeu porém que a mãe de Maria não conseguiu resistir à viagem e acabou falecendo. O pai, diante daquele momento em que tinha que trabalhar de qualquer forma e, sem a ajuda da mulher, concluiu que não poderia criar a filha e dar uma boa educação a mesma. Foi aí que decidiu dar a filha ao seu padrinho, João da Mata, que morava próximo ao destino onde estavam indo.João da Mata morava perto de um trilho numa casa simples, porém numa região onde havia sociedade. Este aceitou de pronto a afilhada e prometeu ao pai dela que faria o melhor possível para dar-lhe uma boa educação e uma boa vida e, de fato o fez. A menina cresceu estudando numa escola de freiras e depois foi para uma escola chamada 'Normal'. (Por isso, as meninas dessa escola serem chamadas 'normalistas'). Maria também vivenciou sua primeira brisa de romance com um rapaz importante com título de bacharel, apelidado como Zuza. Entretanto, naquela época, tal relacionamento era inaceitável, uma vez que uma moça pobre não poderia "misturar-se" com um rapaz da alta sociedade e, por isso, assuntos envolvendo a moça e o rapaz eram espalhados nos jornais e viravam fofoca para toda a sociedade, o que de certo modo, era horrível tanto para ela, que era ridicularizada por todos, tornando-se motivo de piadas, quanto para Zuza, que tinha um nome a zelar. Paralelo ao romance dos dois, havia um ser que não gostou nenhum pouco do suposto relacionamento da moça, uma vez que guardava um sentimento de posse para com ela, era o João da Mata, seu padrinho. Ele não queria que ela se entregasse a qualquer um. Para ele, esse era um direito seu, devendo ser ele o primeiro. E foi com essa concepção que em uma noite macabra, aproveitou-se da inocência da afilhada e a deflorou, plantando-lhe um filho no ventre. Após esse episódio, a moça deixou de ir para a escola e sua aparência começou a desfalecer por conta da tristeza e culpa. Com um tempo, para não gerar escândalos e descobrirem que o filho poderia ser dele, João da Mata levou Maria para um local afastado da cidade onde pudesse ter o filho sem ninguém saber. Os meses se passaram e, num certo dia, Maria estava para dar a luz. Aconteceu porém que, por um descuido da parteira, o bebê ao nascer caiu no chão e faleceu, o que gerou uma tristeza muito grande tanto no padrinho quanto na sua afilhada. Passado certo tempo, Maria do Carmo volta para terminar seus estudos e, agora se depara com um cenário político e social totalmente diferente daquele que vivenciou a alguns meses atrás. Agora, as fofocas através de jornais escandalizando pessoas já não eram mais feitas e, ela mesma estava revigorada e com ânimo de viver novamente, já noiva de um rapaz de bem.
Este livro foi um dos que li quando era mais novem, lá pelos meus 15 ou 16 anos, quando estudava literatura brasileira. Embora um livro pequeno, a leitura é um pouco arrastada por conta de ser muito culta e descritiva, típica de um romance. Achei triste a parte que o primeiro filho do João da Mata, embora concebido de maneira imprópria tenha morrido, uma vez que até mesmo Maria do Carmo, depois de tudo que ela passou também ter sofrido muito com o ocorrido. O livro relata que foram as primeiras lágrimas do padrinho, o infeliz. Mesmo assim, acho que foi "melhor" dessa forma, por assim dizer.