FSulo 11/08/2011
Pessimismo de Caminha
Maria do Carmo, a protagonista do romance, é uma jovem que parte criança do interior do Ceará para a capital Fortaleza.
Sua família procura a capital, a exemplo de muitas outras famílias, em razão de uma grande seca na década de 1870.
Seu pai a deixa com o padrinho, o funcionário público João da Mata, e parte para o Pará, onde não é muito feliz.
Maria do Carmo encena um romance com o aristocrata e bacharelando Zuza, fiho do Coronel Souza Nunes, mas sua condição de órfã e de uma família não aristocrata - a do amanuense - impede que ambos se entreguem definitivamente ao romance.
João da Mata deseja ardentemente a sobrinha, o que o faz inviabilizar também o romance com Zuza, que abandona de vez a normalista.
O amanuense termina se aproveitando da afilhada, cuja condição de órfã amaparada pelo padrinho e outros problemas, acredito, contribuem para que ela não resista à investida de João da Mata, que a deflora e a oculta para que o filho da relação não seja do conhecimento de todos.
Achei A Normalista um ótimo livro, na medida em que prezo uma escrita arcaica e bem elaborada como a utilizada por Caminha. A forma poética de descrever as pessoas, os fatos e as paisagens, bem empregada pelo autor, é um dos artifícios que me prendem a leituras como os romances, pois prefiro os científicos ou dissertativos.
O autor, segundo a crítica em geral, usa do romance para se dirigir a uma sociedade hipócrita e arcaica que ignora e desdenha de comportamentos diferentes daqueles considerados ortodoxos.
Bom, é isso aí.