Resenhas - Helena

Eduarda Graciano do Nascimento 06/02/2018

Quando Romeu e Julieta não tem nada de triste
A morte do Conselheiro Vale vira de cabeça para baixo a vida de seus familiares quando, na abertura do testamento, descobre-se que ele tem um filha bastarda.
A jovem Helena deverá morar com a família: uma tia - Dona Úrsula, e o irmão Estácio. Existe uma resistência no começo, principalmente por parte da tia, que vê até mesmo como um pecado a acolhida da menina.
Mas Helena entra na vida deles e vai conquistando seu espaço no afeto de todos ao seu redor. E contra todas as convenções sociais e morais, o que mais a tem em boa conta é Estácio, que começa a nutrir sentimentos pela irmã que vão além dos fraternais. E para piorar a situção, ele é correspondido.

Eu não conhecia esse lado do Machado de Assis.
Helena foi escrito ainda em sua fase romântica e é bastante folhetinesco. Enredo digno de novela das 21h!
Quando Helena chega na casa da família é logo bem recebida por Estácio, que está feliz por ter uma irmã. Sua tia Úrsula se recusa a aceitar a filha do irmão concebida em pecado e resiste durante um tempo aos encantos da moça. É claro que logo ela dá o braço a torcer, e a prestativa e doce Helena se torna a menina de seus olhos.

" - [...] Não se deliberam sentimentos; ama-se ou aborrece-se, conforme o coração quer. O que lhe digo e que a trata com benevolência; e caso sinta em si algum afeto, não o sufoque; deixe-se ir com ele. [...] "

Outro que logo se derrete pela moça é o Padre Melquior, grande amigo da família que será quem nota o que está acontecendo entre o casal de filhos do Conselheiro.
Além do óbvio impasse que existe para uma relação entre Estácio e Helena, o rapaz está praticamente noivo há tempos da fútil Eugênia, filha do Dr. Camargo, um médico que também é amigo da família há anos e que quer mais do que ninguém que esse casamento aconteça. Além disso, tenta de várias maneiras convencer o futuro genro a assumir um cargo político que Estácio não quer.
Estácio tem um grande amigo, Mendonça, que volta da Europa e se encanta com a irmã do amigo, chegando a pedí-la em casamento. É a crise de ciúmes que o assola que abre os olhos do padre para quais são os sentimentos dele por Helena.

" - Digo-te que tens uma raiz de má erva no coração; esta é a cruel verdade. Há no homem uma ligação de sentimentos, às vezes inexplicável. Produtos de climas opostos aí se alternam ou se confudem... Mas queres saber o resto?
- O resto?
- Ouve, continuou o padre, sentando-se. A planta ruim bracejou um ramo para o coração virgem e casto de Helena, e o mesmo sentimento os ligou em seus fios invisíveis. [...]"

Maaaaas, nem tudo é o que parece e as visitas misteriosas e frequentes de Helena à um casebre guardam segredos que podem ser o bem ou o mal dessa história de amor. (Olha, ficou parecendo chamada de novela mesmo, hein? haha)
Eu devorei esse livro, simplesmente. Adoro um melodrama e apesar de ser muito novelesco, Helena me prendeu do início ao fim!
Eu tinha esse livro há tanto tempo e nunca havia lido. Que surpresa conhecer essa fase romântica do Machado. Não querendo menosprezar o romantismo, mas a fase realista dele é inigualável! Como eu reli Dom Casmurro há pouco tempo, estava com a escrita fresca na memória e, nossa, quanta diferença! Ao ler Helena achei que nem parecia Machado de Assis.
Mas isso é ruim? Claro que não. Helena é uma história apaixonante e triste que tem um belo de um plot twist (do qual juro que não sabia e acabei pegando spoiler no prefácio) e uma melancolia que permeia quase toda a narrativa.
Mesmo o livro tendo mais de cem anos e todo mundo provavelmente já tendo lido eu não vou contar o que acontece, pra deixar quem não conhece (os que aparentemente vivem em outra galáxia, como eu) curioso.

" [...] Ele conhecia que a voz da natureza, mais sincera e forte que as combinações sociais, os chamava um para o outro, e que a mulher destinada a amá-lo e a ser amada era justamente a única que as leis sociais lhe vedavam possuir."

Machado é Machado, né, minha gente? Poesia pura! Recomendo sempre. Apesar de não ser uma leitura tãããão profunda, a Helena é tão intrigante e fascinante quanto a Capitu e eu acho impossível você não se emocionar um pouquinho que seja com a história dela.
E vocês aí, chorando com Proibido...

site: http://www.cafeidilico.com/2018/02/helena-machado-de-assis.html

Emi - Espider-Gil ;) 22/08/2021

? Helena
Vi uma resenha de Helena no canal ?Ler Antes de Morrer? e fiquei com vontade de ler e ter o meu primeiro contato com um livro de Machado de Assis. 

E foi assim que umas 23h peguei o livro e comecei a lê-lo e coloquei como meta só ir dormir após termina-lo. 

Confesso que me senti entretida com a história, apesar de não ser do meu gênero favorito. Me lembrou muito uma novela da Globo, mas acredito que muito melhor (onde já se viu comparar o aclamado Machado de Assis com uma novela, da Globo ainda?).

Com esta comparação rasa que fiz, pensei que iria acontecer uma coisa bem mais trágica (não que não tenha sido um final triste), porém foi totalmente diferente como pensei. 

Nas minhas conclusões finais devo dizer que a história é muito boa (como não poderia ser, já que fui dormir mais de 1h querendo saber o final kakaakkaaka). O desfecho trará aquele típico drama e moral dignos do romantismo, usado muitas vezes até os dias atuais. 

??

Laura 09/01/2024

Foi uma leitura bastante agradável e fluida. Gostei de como os personagens e a trama foram construídos, e acho que, apesar de o final ter sido previsível, as coisas foram conduzidas de uma forma muito boa de acompanhar. Achei surpreendentes, interessantes e até "revolucionárias" pra época as discussões sociais e políticas trazidas pelas opiniões e diálogos dos personagens.

Alana 11/06/2024

Helena foi uma surpresa muito agradável. Demorei para começar porque pensei que seria uma leitura difícil, mas, assim que iniciei, fui imediatamente arrebatada pela obra. É linda, triste e profundamente comovente. E que reviravolta!

missi-dominique 13/02/2024

Ping-pong moral
Gostei não, não recomendo.

Iniciei a leitura desprevenida, não conhecia o enredo desse romance de Machado.

Em suma, o ponto central da obra é um suposto sentimento incestuoso entre supostos meio-irmãos.

Aos meus olhos a construção dessa narrativa soou mal-intencionada. Parece que o propósito geral do livro não é outro senão relativizar a problemática do sentimento incestuoso. A narrativa conduz o leitor a um jogo de ping-pong moral, onde ora parece certo torcer pelo casal e ora parece errado.

O final é uma tragédia manca, sem conexão com a realidade e sem acabamento.

Decepcionante.

helmalu 19/08/2014

Um romance romântico para ninguém botar defeito, exceto...
Eu li Helena há um ano e precisei ler este ano novamente para um trabalho da faculdade, o que posso dizer sobre ele? Chato, meloso... Como diria minha professora: "É tão meloso que chega a escorrer um mel das páginas!" Machado está perdoado pois foi escrito na fase romântica do autor, mas convenhamos: Machado não sabia que as mulheres de verdade, as reais, não cheiram a rosas e não têm pele de pêssego? A Helena é tão, mas tão perfeita que chega a soar irreal. Como pode uma garota agradar a todos, ser prendada e incrivelmente inteligente sendo tão jovem, ainda mais naquela época em que a mulher não era tão valorizada na sociedade? Machado que me perdoe, mas ele forçou um pouquinho a barra. A temática é muito boa, a linguagem muito bem escrita. Um romance romântico pra ninguém botar defeito, exceto eu, claro.

Andréa 13/03/2010

Um grande prazer que deveria ter desfrutado a mais tempo
Segundo livro de Machado que leio, e terminei o livro com uma grande satisfação pois este tirou a primeira impressão que tive ao ler "Memórias Póstumas de Brás Cubas". Diferente da personagem Virgília, de quem senti repulsa (acho que não escolhi um bom momento para conhecê-la), Helena é a mulher que nos arrebata com a alma. Forte e convicta, é capaz de levar às últimas consequencias um erro, mesmo que esse não tenha sido premeditado. Estácio é daqueles homens que nos mulheres "imaginamos" existir, ainda hoje, em pleno século XXI. Dificilmente encontraremos uma "Helena" nos dias de hoje, mas foi um grande prazer conhecer uma figura apaixonante e tão intensa em seus sentimentos e convicções.
E mais uma vez não consegui deixar minha veia "detetivesca" de lado e pude antever a revelação do segredo de Helena, mas Machado me surpreendeu com o final, bem diferente do que se imagina quando o mistério é esclarecido. A quem ainda não conhece Machado de Assis, este romance poderá ser um bom começo.

Maria5182 01/04/2024

Perfeito
Eu nunca li Machado de Assis e não posso ser tão poética e profunda na minha resenha quanto esse autor merece, mas essa história tem um sentimento tão lindo, profundo e verdadeiro.

Eu agradeço a Fernanda adolescente que não leu Machado de Assis naquela idade porque eu não teria capacidade necessária para compreender a profundidade e complexidade que o livro exige.

"Helena" teve o final que lhe cabia, todos os personagens tiveram seu destino bem elaborado, embora injusto para nós leitores que sofremos por um final feliz.

O livro te prende, te emociona e te deixa ansioso. Parecia que eu estava assistindo uma novela de época, sabe?

Se você quiser ler ou começar Machado de Assis, acho que Helena é um bom livro, além de ser curto. Li em 3 dias.

nic 02/05/2020

Simplesmente Machado.
O livro inteiro é pura beleza. O perfeccionismo dos diálogos, a ternura dos personagens, a visão de mundo de Helena, o desenrolar totalmente inesperado. É simplesmente uma dádiva aos olhos, e à alma. Tenho lágrimas nos olhos, e minha alma também se encontra em prantos. Pretendo com certeza reler tantas vezes mais forem necessárias. Guardarei esses personagens como quem guarda um tesouro. Com certeza é uma obra que nos divide em antes e depois, e nos marca à longo prazo.

Eduardo 05/01/2024

Para livros clássicos como este, é sempre difícil fazer uma resenha, porque o que falar de um livro desses que já não tenha sido falado?

De todo modo, é um dos meus preferidos do Machado, disputando o primeiro lugar ali com Dom Casmurro.
Foi uma narrativa que achei bastante intensa, com um final muito instigante e um desenvolvimento perfeito.

Não me alongo mais, visto que para falar verdadeiramente de uma obra como a de Machado de Assis, se necessita muito mais (Muito mais mesmo) do que uma resenha curta. Suas histórias são lotadas de simbologias e, se for tratada com minuciosidade, sempre se extrai inúmeras interpretações e críticas e observações da sociedade de sua época.

Simplesmente uma obra prima.

Elieli.Figueiro 05/01/2023

Eu não diria que é bem uma resenha...
Machado de Assis, trazendo questões sociais é indagador em toda obra sua. E esta história é belissima, pois, traz ''a verdade nua e crua'' (como diria Collen Hoover), quando demonstra, a virtude e boas intenções tornando-se sucessões de desgraça.

Brendo 25/02/2020

Helena se encontra num dos melhores trabalhos de Machado de Assis em um romance cheio de vida e reviravoltas que com certeza merece destaque entre os clássicos da literatura brasileira.

Vanessa 03/01/2023

Esse livro é realmente muito bom, a história é bem legal , o final foi surpreendente, recomendo a leitura

Ebenézer 18/03/2021

Machado excepcional
Respondendo que relia o Bruxo do Cosme Velho percebi que não me fizera entender.
Falava assim da releitura de Helena, de 1876, romance de Machado de Assis, cuja biografia não carece comentários.
Autores extraordinários requerem leitores perspicazes e sagazes. Machado está inscrito no panteão da literatura nacional e, por isso, imperioso o esforço pessoal para melhor apreciá-lo. Não é um autor enigmático, todavia hábil na linguagem, e por isso, sem denodo Machado pode, sim, causar aversão em leitores menos dedicados de qualquer idade.
Jovem fiz os primeiros contatos com a obra de Machado, e, à época, entendia menos do que o autor oferecia, mas persisti. Memorizei trechos de Machado, em Helena, que evidenciam a sensibilidade do autor em temas candentes e universais, como a realidade do jogo amoroso: "Amar é eleger a criatura que há de ser companheira na vida, não é afiançar a perpétua felicidade de duas pessoas, porque essa pode esvair-se ou corromper-se."
Passado o tempo o autor continua o mesmo, o leitor, todavia, muito diferente, e hoje, relendo Helena me vi diante de obra inédita pela releitura qualificada.
Helena é um romance muito significativo que retrata com bastante realismo uma sociedade ainda escravocrata, os valores e os costumes sociais que permeavam as relações familiares do século XIX, e bem caracterizados os conflitos interpessoais comuns da humanidade, que são perenes, pois ultrapassam as fronteiras temporais; Machado, em panorama, destaca o contexto da evolução urbana do Rio de Janeiro, além de revelar o impacto moral, autoritativo e normativo da religião na personagem do sacerdote Melchior.
Helena promove deleite, prazer, expectativa e muita apreensão, pela trama amorosa trágica que envolve Helena e seus pretendentes Estácio e Luís Mendonça. Excepcional o estilo machadiano em todo o romance que vai desvendando um enredo emotivo, fazendo justiça à escola Romântica e, especialmente relevante o fator surpresa no desenlace do romance que escapa dos estereótipos piegas e muitas vezes previsível ao leitor que é surpreendido pelo súbito realismo de Machado de Assis.

@Matcholo 17/11/2020

O melhor livro do Machado que já li, escrita perfeita, personagens e ambientação muito melhor que os demais que tenho lido dele, sem dúvidas se destaca positivamente em relação aos últimos que li e se tornou meu preferido, achei alguns problemas no final, mas sigo apaixonado por helena então preciso recomendar a leitura desse clássico, mesmo pra quem não gostou muito de dom casmurro e dos outros mais famosos do machado.