(n)Ana 20/03/2019Não se fazem mais infanto juvenis como antigamente É difícil, tão difícil encontrar um livro infanto juvenil que seja sinceramente muito bom - inteligente, envolvente, atmosférico e com personagens interessantes. Este aqui é um. Enquanto lia ia sentindo que a cada página ganhava mais e mais bônus em relação às expectativas que tinha antes de ler, porque o livro consegue escapar dos clichês e investir nos elementos certos, principalmente na simplicidade de um texto redondinho e fluido e no relacionamento entre os personagens. Esses basicamente são três: um menino, seu tio feiticeiro e a vizinha deles, que também é uma feiticeira. Mas são tão bons esses três que mais da metade de mim olhava não para o mistério, mas para a jornada emocional do personagem principal, Lewis, lidando com o luto após perder os pais e a necessidade de ser aceito e amado pelos novos tutores. E o livro não me desapontou. É que mesmo se tratando de uma história de mistério e fantasia com ação e reviravoltas, ele atende leitores que, como eu, preferem livros focados no desenvolvimento dos personagens, com cenas intimistas e trechos inteiros que estão lá puramente para encantar o leitor.
Outro mérito desse livro é ter um personagem principal nada convencional: um menino gordinho, inseguro, inteligente, que acabou de ficar órfão e que sofre bullying na escola. Bullying, num livro publicado em 1973! Por que esse livro não é mais conhecido? Na verdade todo o nó da história começa justamente porque Lewis, desesperado para fazer amigos, tenta impressionar um garoto da escola com um feitiço que tem consequências imprevistas e terríveis. Quem não se identifica com algo assim tendo passado pela adolescência? Gostaria de ter lido esse livro mais cedo, então ficarei com ele por perto pra quando meus filhos chegarem.