PorEssasPáginas 18/08/2013
A Cuca Recomenda em outras palavras: Morgan, o Único - Por Essas Páginas
Resenha dupla: Karen e Felipe. Leia a resenha original no blog Por Essas Páginas.
Eu e o Felipe lemos esse livro no começo do ano. O Felipe leu primeiro e devorou. Terminou o livro maravilhado (e olha que ele é super crítico), olhou para mim e disse “você precisa ler”. Eu já disse “opa, então ‘bora!”, porque, quando ele recomenda, eu confio. Aliás, ler junto com ele é uma experiência bem engraçada, principalmente quando ele não gosta do livro (o que não foi o caso, ele adorou), porque ele fica xingando e reclamando o tempo inteiro, parece um velho resmungão (ele tem um quê de velhinho espiritual, sabem, imagina só quando ficar velho de verdade).
Morgan foi o primeiro livro que li em 2013 e lembro de ter ficado tão entusiasmado com o livro que o li em duas horas! Porém, acho q fiquei entusiasmado demais e senti que não conseguiria fazer uma resenha objetiva, o que foi bom pois deu tempo da Karen ler e levantar alguns pontos de atenção. Esta resenha é baseada na minha releitura do livro. Posso dizer com orgulho que este foi o primeiro livro sobre zumbis que li (e é brasileiro!).
Bem, eu já li outros livros de zumbis. Já tive outra experiência com um livro de zumbis brasileiro que não foi muito boa, mas Morgan, em comparação a esse outro livro, dá de mil a zero. Sério. Só que, quando eu li Morgan: o único, não fiquei tão entusiasmada quanto o Felipe, o que me intrigou, porque geralmente nós temos um gosto parecido, principalmente no que se refere ao gênero de terror. Apesar da obra ser muito criativa e ousada, ficou faltando algo para mim… na verdade, nem sei se falta é o termo certo, na verdade teve algo que me incomodou e que estava em excesso. O Felipe apontou isso como um dos pontos contra nas observações dele:
O narrador se perde em verborragias, utiliza linguagem rebuscada que um personagem interiorano e de origem simples não utilizaria.
Foi exatamente isso o que mais me incomodou na leitura. A história se passa no interior do Brasil (e eu achei isso muito original, um cenário diferente e criativo). Morgan é um sujeito aparentemente simples, que tem um vidinha sem graça, até que um belo dia morre. Só que depois de algum tempo ele desperta como um zumbi, o que eu também achei bem bacana, porque fugiu daquela coisa de vírus, doença e tudo mais, quer dizer, oras, o cara despertou do túmulo que nem em Thriller, do Michael Jackson. Demais! Até aí tudo ótimo.
A narrativa é, como Morgan, única, por ser do ponto de vista do próprio morto-vivo. O autor também soube ser fiel ao mito (o que está se tornando desafiador) e, ao mesmo tempo, original. Além disso, outro ponto positivo é o cenário nacional, que contribui muito para o livro, um ponto interessante, pois se trata de um mito muito “americanizado”.
Gostei muito da narrativa ser feita pelo próprio Morgan, porém, como o Felipe comentou antes, não caiu bem toda a linguagem – quase poética – tão refinada do personagem-narrador. Além de estar morto, Morgan nunca pareceu ser um homem tão polido. Não combinou com a sua origem simples ou com o cenário. Talvez, se o livro se passasse em outro lugar ou com outro fundo para o personagem, algo que explicasse o linguajar, tudo fosse um pouco mais verossímil. Foi exatamente a narração e a linguagem utilizada que me trouxeram uma sensação de irrealidade enquanto lia e, também, um pouco de enfado durante a leitura, de maneira que não li tão rapidamente quanto o Felipe. Mas concordo com ele no sentido de que o Douglas Eralldo foi bastante original e fiel ao mito de zumbis.
Outro ponto positivo foi a leitura fácil e rápida por possuir capítulos curtos. Tanto os personagens quanto a trama foram bem desenvolvidos (ou ao menos desenvolvidos o suficiente para a duração do livro), que aliás achei muito curta: o livro merece uma continuação ou merecia, ao menos, mais alguns capítulos.
No todo, Morgan: o único foi uma boa leitura. Cumpriu o que prometia, ou seja, uma trama original sobre zumbis, do ponto de vista do próprio morto. Porém ainda acredito que, se o autor não buscasse ser tão refinado, o livro faria mais sentido. Recomendo que leiam e tirem suas próprias conclusões, afinal, vocês podem também se apaixonar pelo livro, assim como aconteceu com o Felipe. Para fãs do gênero, certamente é um título a ser lido.
Vocês podem saber mais do autor, Douglas Eralldo, no blog dele (que provavelmente já devem conhecer): o Listas Literárias. Recomendo e muito esse blog, o conteúdo dele é incrível e divertido, além de ser super comprometido. Até o jeito do Douglas fazer resenhas é original, já li várias e ele geralmente faz “10 considerações” ou ainda “10 motivos para ler tal e tal livro”. Muito bacana. Você podem conhecer e adquirir Morgan: o único e outros livros dele através do blog do autor.
site: http://poressaspaginas.com/a-cuca-recomenda-em-outras-palavras-morgan-o-unico