Marcos Ogre 06/05/2014
Eu cada vez pego mais respeito pelos argentinos.
Bem, pelas pesquisas que eu fiz, percebi que pouca gente conhece Os vizinhos morrem nos romances, e isso é uma tremenda pena. É meio chato perceber como as pessoas supervalorizam os mesmos velhos autores, e se impregnam, sem abrir portas a novos talentos. como Sergio Aguirre. Mas, bem, sejamos sinceros, é meio difícil ouvir falar de certos livros... Eu mesmo, nunca havia ouvido falar do argentino até o momento em que encontrei esse fino livro lá na estante da minha biblioteca. E, bem, agradeço pela oportunidade. Enfim, estou comentando isso apenas pra deixar claro que, a partir de agora, lerei mais livros de nomes desconhecidos.
Porque minha experiência com esse foi demasiadamente agradável.
Bem, já que a sinopse aí acima não dá informação nenhuma, vou abrir um pouco o jogo. Mas só um pouquinho, ok?
O livro tem como protagonista o Sr. Bland, um escritor de romances policiais que está de mudança para uma casa no campo, na Inglaterra, com sua (quase inútil da história) esposa. Trata-se de um local bem isolado, cheio de árvores e com uma precária vizinhança. Após receber uma ligação de seu pai, a Sra. Bland tem de fazer uma viagem às pressas para a cidade, e acaba que deixa o marido lá, largado, como já é meio que de costume no tipo de situação repetitiva que ele vêm presenciando. E, então, nesse momento de "solidão", o Sr. Bland resolve por em pratica o seu costumeiro hábito de ir conhecer os moradores da redondeza, mas... bem... Só há uma moradora.
E é isso. O livro se passa, basicamente, no mesmo cenário, no mesmo cômodo de uma mesma casa. Entediante? Pelo contrário. A causa está no incrível diálogo transcorrido pelos dois personagens principais (e efetivos) na trama. Acho que o fato de ter poucos personagens foi um grande ponto a favor para Os vizinhos morrem nos romances, que é um livro de poucas páginas; isso proporciona um tempo melhor para o aprofundamento de cada um, e, embora o livro acabe sem demasiadas características físicas de ambos, isso passa quase que despercebido. Afinal, o não é uma obra muito estética. Isso é perfeitamente coberto por uma aura psicológica, o que bem diz respeito ao autor, que tem grandes conhecimentos da área.
Quanto à narração, eu divido opiniões, ainda que não encontre pontos negativos a serem destacados. Digamos que ela não segue uma linha uniforme: uma hora é em terceira pessoa, outra em primeira. Entretanto, Aguirre guia muito bem o discorrer dos fatos, de modo a nos preparar para tal mudança de maneira sutil e bem funcional. Porém, o que mais me agrada é como ele conseguiu adaptar essas mudanças. Sinceramente, se ele fosse bem menos sutil, ainda sim eu perceberia a mudança do narrador. Não só a perspectiva toma uma partida diferente, mas inclusive a maneira das coisas serem narradas, o estilo de "história" que cada um dos personagens conta é extremamente pessoal e especial, de modo que você é levado a um texto fluido e rápido.
E, se tenho uma exigência a fazer a vocês, leitores, é: prestem muita atenção nas frases, em todas elas, mesmo nas menos perceptíveis. Os vizinhos morrem nos romances (mas que título mais genial!) é um livro para pessoas atentas, portanto, não leiam quando estiverem cansados e etc.
Ai, que vontade de tagarelar sobre o final...
Entrementes. É uma ótima leitura. Não espere algo que vá mudar a sua vida, ou um seguidor de Um Estudo em Vermelho, mas, de maneira alguma, menospreze-o. Uma ótima pedida para uma tarde fria, para uma xícara de chá...
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