Eduardo
23/03/2011 esperava mais dessa primeira leitura de kaváfis, poeta grego.
há uma possível explicação, que está na pequena introdução do livro: esses "segredos" são 13 poemas sensuais que kaváfis não renegou mas que também não selecionou para publicaçao enquanto vivia. Algo como "não para publicação, mas pode ficar aqui", diz-se na introduçao. A tradução foi feita direta do grego por três tradutores, mas como se trata de uma pequena editora (edições nephelibata, de florianópolis. Lembrou-me a extinta Noa Noa, se bem que esta fazia edições bem mais sofisticadas.) fica a dúvida quanto à qualidade da tradução.
Achei que são poemas muito simples, beirando o óbvio às vezes. Um que se pode destacar, que é mui bonito, chama-se "E toquei e deitei em seus leitos". Posto ele aqui:
E TOQUEI E DEITEI EM SEUS LEITOS
"Quando entrei na casa do prazer,
não fiquei na sala onde comemoram
com alguma ordem amores reconhecidos.
Fui aos quartos ocultos
e toquei e deitei em seus leitos.
Fui aos quartos ocultos
que os tem por vergonhosos e para os apontar.
Mas não vergonha para mim - pois então
que poeta e que artista seria?
Melhor se fosse um asceta. Estaria mais de acordo
muito mais de acordo com minha poesia;
do que me deleitar na sala tão banal."
Curioso como perpassa pelo poema uma ideia que justamente vai contra o que eu disse: contra a poesia banal, muito simples, que beira o óbvio. tomara mesmo que a poesia de kaváfis, os outros poemas, seja estes dos ocultos quartos, e não como "amores reconhecidos", sem surpresa.
Este livreto (plaqueta, segundo a editora) é bom, mas nada fantástico. E continuo curioso para ler mais kaváfis, os poemas principais, especialmente se forem aqueles "poemas" com tradução do josé p. paes (acho que saiu pela ed. josé olympio)
- "Segredos". Edições Nephelibata. Tradução de M. Sulis, M. Jolkesky e A.Nicolacópulos. 2010.