spoiler visualizarHeber47 18/06/2023
Relações homossexuais, convivio com os Guermantes e retorno a Balbec
Neste livro o autor foca nas relações homossexuais, principalmente do barão de Charlus, retratando seus praticantes como "amantes para quem está fechada quase a possibilidade desse amor, cuja esperança lhes dá forças para suportar tantos riscos e solidões, visto que estão precisamente enamorados de um homem que não teria nada de mulher, de um homem que não seria invertido e que, por conseguinte, não pode amá-los(...)Sem honra, que não precária, sem liberdade, que não provisória, até o descobrimento do crime; sem posição que não seja instável".
Na segunda parte o narrador retoma sua presença nos salões da alta sociedade,
demonstrando novamente a superficialidade dos encontros quando um coronel encontra a duquesa ("Adeus, mal lhe falei. É assim na sociedade, a gente não se vê, não diz as coisas que desejaria dizer um ao outro. Aliás, em toda a parte é o mesmo nesta vida") ou quando fala da sra Verdurin ("como quase todas as pessoas mundanas, justamente porque precisava da sociedade dos outros, não pensava mais neles um único dia, depois que, estando mortos, não mais podiam comparecer às quartas, nem aos sábados, nem jantar de chambre").
O ciúme como sempre é um tema recorrente, quando o narrador se encontra com Swann: "Quando se é um pouco ciumento, isso não é de todo desagradável de dois pontos de vista. Por um lado, porque permite às pessoas que não são curiosas interessarem-se pela vida das outras pessoas, ou pelo menos de uma outra. E depois, porque faz sentir profundamente a doçura de possuir, de andar de carro com uma mulher, de não deixá-la andar sozinha. Mas isso é só no início do mal, ou quando a cura está quase completa. No intervalo, é o mais terrível dos suplícios".
No retorno a Balbec o narrador relembra a avó em prantos: "mal havia tocado o primeiro botão de minha botina, meu peito inflou-se, cheio de uma presença desconhecida e divina, soluços me sacudiram, lágrimas brotaram de meus olhos. O ser que vinha em meu socorro e que me salvava da aridez da alma, era aquele que, vários anos antes, num momento de angústia e solidão idênticas, num momento em que eu não tinha mais nada de mim, havia entrado e me devolvera a mim mesmo, pois era eu e mais do que eu (o continente que é mais que o conteúdo e que mo trazia). Acabava de perceber, em minha memória, (...) o rosto de minha avó".
Outro tema presente desde o primeiro volume é a etimologia, quando Brichot descreve a origem do nome dos locais e coisas (como castelos) por onde o trem passa, ou mesmo quando Charlus cita genealogias dos nobres franceses.
O caso Dreyfus também é mencionado novamente neste volume, com alguns personagens reconhecendo que o general judeu acusado não era culpado.
O livro termina com o narrador reconhecendo que não pode ficar sem Albertine, apesar de chegar a dizer mais de uma vez que não a ama e que estava decidido a se separar dela.