A Nova Califórnia

A Nova Califórnia Lima Barreto




Resenhas - A nova califórnia e outros contos


5 encontrados | exibindo 1 a 5


Larissa3225 30/05/2022

Essa coletânea reúne 17 contos de Lima Barreto, entre eles, os dois mais famosos do autor: A nova Califórnia e O homem que sabia javanês.

Minha experiência com os contos foi boa, porém esperava algo a mais. Nenhum dos contos é ruim e todos trazem aspectos da escrita de Lima Barreto que fazem dele um dos autores favoritos. Porém, mesmo não tendo desgostado de nenhum conto, foram poucos os que mexeram comigo de forma mais intensa.

Os dois contos mencionados acima, talvez pela expectativa, acabaram sendo um pouco decepcionantes (ainda que sejam bons).

Dentre os meus favoritos estão:
- O Pecado, no qual São Pedro estranha a chegada de uma alma no céu.
- O único assassinato de Cazuza, em que dois amigos refletem sobre a violência.
- Como o "Homem" chegou.

Esse último, a princípio, não havia funcionado muito bem para mim. Acredito que a razão para isso foi a escrita em si, já que foi a primeira vez que tive dificuldade real em ler algo do autor. Contudo, foi impossível não relembrar do conto alguns dias depois da leitura. Na estória, um policial, na expectativa de que receber algum tipo de favorecimento, concorda em ceder um favor e vai até Manaus, buscar um homem tido como louco. Na viagem de retorno, o homem é mantido o tempo todo no "camburão", sem água ou comida. E, ao chegar ao Rio, o homem estava morto.

Gostaria de poder dizer que qualquer semelhança com a realidade é apenas consciência. Porém, não seria verdade. Lima Barreto denuncia em suas obras vários dos problemas sociais que observava em seu entorno, no início do século XX. Infelizmente, mais de um século depois, tais problemas continuam latentes no Brasil.
comentários(0)comente



Diego 24/07/2021

Coletânea de artigos e contos
É uma interessante coletânea de artigos e contos do autor, publicados em diversos veículos de sua época. Alguns muito divertidos e quase todos com aquele tom de deboche que nós faz imaginar que, distanciados pelo tempo, perdemos algum sentido semi-oculto do texto.
Mas vale a pena ler: é uma viagem ao Rio de Janeiro no início do século passado, com seus hábitos e vicissitudes bem expostos.
comentários(0)comente



João 19/11/2020

Outros contos - Lima Barreto.

Nessa antologia de contos, experimentamos a simplicidade e a graça da gente simples que habita os cenários provincianos do interior do Rio de Janeiro, como visto em “Manel Capineiro”, aguerrido trabalhador da roça, resignado da vida, mas cheio de ternura pela sua parelha de bois.

A desconstrução dos costumes e das práticas sociais que ferem o senso de moralidade e de cidadania também vem expresso através das narrativas que expõem ao ridículo os protagonistas de tais comportamentos. Assim sucede no conto “Um especialista”, onde um senhor de meia-idade, que abandonou a família para viver na boemia, descobre que a meretriz com quem está tendo um caso é sua filha, que abandonara ainda bebê aos cuidados da primeira mulher no longínquo estado de Pernambuco.

Nos contos “Um e outro” e “Milagre de Natal” predomina a mesquinhez de caráter das protagonistas. No primeiro caso, Lola, uma meretriz nutre sua paixão por um chofer de aparência elegante que trabalha cheio de garbo no seu moderno automóvel. Aos saber que o chofer perdeu seu automóvel e o seu garbo, passando a taxista, Lola o abandona. No segundo conto, uma mãe da pequena-burguesia pretende casar sua filha com um determinado funcionário público. Porém, ao descobrir que esse mesmo funcionário foi preterido no processo de promoção funcional, tendo a promoção se destinado a outro, a mãe muda sua atenção para o funcionário promovido, a fim de casá-lo com a filha.

O falso senso de inferioridade nacional que ainda vigora na mentalidade do brasileiro, e que mais tarde seria traduzido por Nelson Rodrigues como “Complexo de vira-lata”, é explorado no conto “Miss Edith e seu tio”, um caso escabroso que demonstra que a imperfeição moral e os vícios de caráter não constituem atributos exclusivos dos brasileiros, mas evidentemente são compartilhados por todos os povos ao redor da Terra, inclusive por esse casalzinho de ingleses.

Em “Como o ‘homem’ chegou” há uma história hilária e inacreditável por força das atitudes e das decisões tomadas pelos personagens que atestam a que ponto pode chegar a estupidez humana e, sobretudo, o desperdício de recursos da máquina pública para a promoção de medidas inúteis e mal-intencionadas. Trata-se de uma epopeia do grotesco. E que obviamente contém uma carga expressiva do sátiro e do cômico, novamente expondo a ignorância do homem e a incompetência da Administração Pública ao extremo do ridículo, para lhe escancarar os erros e as violências praticadas.

É claro que não se pode deixar de mencionar os dois contos mais célebres dessa coletânea: “O Homem que sabia Javanês” e “A Nova Califórnia”.

O “Homem que sabia Javanês” é uma curiosa história sobre um sujeito desocupado, que para ganhar a vida se inscreveu numa entrevista de emprego cuja vaga foi anunciada no jornal. Era uma vaga para professor de javanês. O homem nada sabia do idioma, mas não se fez de rogado e buscou uns livros que lhe dessem noções sobre a cultura e a língua. Mal aprendeu algumas letras do alfabeto javanês e foi ter com a pessoa que oferecia a vaga. Era um velho, rico e bem relacionado, que queria aulas particulares de javanês para poder ler um livro deixado de herança. Foi contratado e passou a ensinar aos trancos e barrancos o idioma. Passados meses, o velho mau tinha aprendido algumas letras e se deu por vencido: desistiu do idioma. Mas pediu que o “professor” traduzisse para ele a obra herdada em javanês. O “professor”, esperto, não sabia traduzir, pois mau entendia o alfabeto javanês. Então, deu para criar umas historietas e contou ao velho como se tivessem sido traduzidas do livro. O velho ficou encantado com aquelas fantasias narrativas e com o suposto domínio da língua pelo “professor”. Indicou-o a um político para uma vaga na diplomacia com os povos malaios (Javaneses, inclusive). O falso “professor” obviamente topou a ideia e assumiu um rico e nobre cargo na diplomacia brasileira, tendo sido logo indicado para uma conferência internacional sobre a cultura e a língua de Java. Desesperou, mas foi. Na última hora, por incompetência do Ministério das Relações Exteriores, o sujeito foi inscrito numa conferência sobre tupi-guarani em língua portuguesa. E, por essa sorte do destino, foi um sucesso. Voltou da conferência com honras e cheio de mimos. Por fim, foi nomeado para ser cônsul em Havana, onde permaneceu anos no cargo, sem nunca ter aprendido qualquer língua estrangeira, nem tampouco obtido aprovação em concurso público.

O conto “A Nova Califórnia” ataca a hipocrisia e a cupidez do homem. Narra a chegada de um forasteiro misterioso a uma pequena cidade do interior. Trata-se de um alquimista que revela um segredo a três cidadãos daquela cidade. Mais tarde, começam a aparecer covas reviradas no cemitério da cidade. Os ossos dos antepassados estavam sendo surrupiados. A população se espanta com tamanha vileza, manifestando sua revolta contra à natureza profana e obscena dos atos praticados. A opinião da população é unânime e todos querem descobrir o criminoso. Montam vigília durante a noite no cemitério e descobrem os três cidadãos roubando ossadas, flagrados com a calça nas mãos. Os profanadores de túmulos afirmam que descobriram uma forma de transformar ossos em ouro, com ajuda do alquimista forasteiro. Semeiam a ganância e a população logo se interessa. Um dos criminosos, o farmacêutico, pede que retornem na manhã seguinte à sua farmácia que assim lhes contará o processo de transmutação em ouro. A população curiosa se convence e volta para suas casas. O farmacêutico foge de madrugada e, nesse meio-tempo, as pessoas vão saindo sorrateiramente de suas casas e dirigem-se ao cemitério para arrecadar ossos suficientes para obter riqueza com a transformação em ouro. Todos se encontram no cemitério, ainda de madrugada. Os ossos começam a rarear nas covas, mas a ganância das pessoas só faz aumentar. Logo surgem desentendimentos e as pessoas se matam umas às outras.

Boas leituras!
comentários(0)comente



Mr. Jonas 09/02/2018

A Nova Califórnia
A história se passa na cidade de Tubiacanga, Rio de Janeiro, um município pequeno com nada mais do que três mil habitantes. Um dia chega um novo morador de nome Raimundo Flamel, no começo ele parece arredio e com o tempo vai ganhando as pessoas com seu comportamento gentil e doce com todos. Depois de certo tempo ele decidiu procurar as pessoas mais importantes da cidade para compartilhar uma informação importante. Estas pessoas são: o farmacêutico Bastos, o procurador Carvalhaes e o Coronel Bentes. Flamel pede para que eles sejam testemunhas de uma grande descoberta que ele fez.

A descoberta é que ele havia descoberto como transformar ossos humanos em ouro. Depois de revelar sua descoberta Flamel some misteriosamente. Então uma onda de roubos a túmulos nos cemitérios começa, e Tubiacanga, cidade que não registra um roubo ou assassinato há mais de 5 anos se preocupa e monta um esquema para capturar os ladrões dos mortos. Em uma guarda armada pelo moradores, o procurador Carvalhaes acaba morto sem intenção, e conseguem prender o Coronel Bentes, que revela que o farmacêutico Bastos também está no esquema.

Eles revelam o mistério, e contam para a população que existia uma fórmula para transformar ossos humanos em ouro. As pessoas voltam para suas casas, mas não conseguem parar de pensar na possibilidade de ficarem ricos. Então de repente toda a população está se agredindo, matando uns aos outros para conseguir mais ossos no cemitério, virando um tumulto. O único que não se importa com a situação é o bêbado da cidade, Belmiro, que aproveita o bar vazio para encher sua garrafa. E Raimundo Flamel continua desaparecido sem nunca ter revelado a fórmula.
comentários(0)comente



Candiani 03/05/2013

Contos
Barreto era do povo e acho que o autor brasileiro mais criativo que conheço, no quesito imaginação é unanime e você percebe isso quando lê “O homem que sabia Javanês” e o “Congresso Pan-Planetário”, ele dominava a arte de falar simples, mas complicado e enrolar tudo em uma bola de linha sem fim, muito bem elaborada em “Como o ‘homem’ chegou” na sua gaiola de ferro viajando pelo Brasil, sem falar na avareza de “Hussein Bem-Áli Al-Bálec e Miqueias Habacuc” e em “A nova Califórina”. Os preferidos da coletânea são “A biblioteca” que tem como protagonista um pai que herda uma biblioteca e que sonha em ver um dos seus filhos se afundando em todo aquele conhecimento e “Por que não se matava” onde o suicida tem dúvidas sobre seu legado pós-morte.
comentários(0)comente



5 encontrados | exibindo 1 a 5


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR