Do Desejo

Do Desejo Hilda Hilst




Resenhas - Do desejo


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lucca 22/11/2023

Aprendendo tantas palavras novas

quotes:

Se eu disser que o desejo é Eternidade
Porque o instante arde interminável
Deverias crer? E se não for verdade
Tantos o disseram que talvez possa ser.

//

Ah, por que me vejo vasta e inflexível
Desejando um desejo vizinhante
De uma Fome irada e obsessiva?

//

Que canto há de cantar o indefinível?
O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.
Como te amar, sem nunca merecer?

//

Sou isto: um alguém-nada que te busca.
Um casco. Um cheiro. Esvazia-me de perguntas.
De roteiro. Que eu apenas suba.

//

Costuro o infinito sobre o peito.
E no entanto sou água fugidia e amarga.

//

Memorizo este ser que me sou

//

Que eu te devolva a fonte do meu primeiro grito.

//

Transitei entre as vidas. Depois amei
Extremante e soturna. A quem me amava matei.
Porisso nesta vida temo o amor e facas.
Porisso nesta vida

//

Devo continuar a te dizer palavras
Se a poesia apodrece
Entre as ruínas da Casa que é a tua alma?Ai, Luz que permanece no meu corpo e cara:
Como foi que desaprendi de ser humana?

//

Tu sabes como nasceu a ideia das pontiagudas catedrais?
De um louco incendiando um pinheiro de espinhos.

//

Acredito ter mãos, acredito ter boca
Quando só tenho patas e focinho.
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Danielle Bambace 15/06/2022

Hilda é puro desejo
Um texto que pulsa, jorra, traz em si tudo o que promete. Há passagens de tirar o fôlego, há momentos de puro deleite. Hilda é transparência e mistério. Penso que talvez uma vida inteira não seja suficiente para compreender sua plenitude.
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Marcinhow 18/02/2022

Incorpóreo é o desejo
Do Desejo e Da noite encontramos, talvez, os poemas mais sensuais da autora. Veja bem, não disse eróticos e sim, sensuais.
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Luciano 31/03/2021

Para pensar o Outro, eu deliro ou versejo.
Pensá-lo é gozo. Então não sabes?
incorpóreo
é o desejo.
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Dandara 08/02/2021

Do desejo
Os poemas de Hilda contidos em "Do desejo" apresentam a busca pelo sustentar de um gozo que teima em findar.
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Tharsila 16/01/2021

Tocante
Como poesia deve ser para mim

PS.: Amo a escrita dessa mulher, da prosa à poesia
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yas 15/09/2020

Viagem sensorial e libidinosa
?Quem és? Perguntei ao desejo.
Respondeu: lava. Depois pó. Depois nada.?

Desta maneira a fantástica Hilda Hilst inicia essa coletânea tão original de poemas líricos e tão profundos. A beleza e excentricidade de cada passagem são completamente únicos.

Gostei muito da escrita de Hilda, sendo este livro meu primeiro contato com a autora, já adianto que estou ansiosa para me aprofundar mais em suas obras.
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Nicolas.Elrick 15/07/2020

Ótimo livro, uma leitura muito fascinante
Uma leitura que me fascinou em diversos em diversos aspectos mesmo eu n sendo fã do gênero.
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Adriana Scarpin 21/06/2015

Reiterando o que sempre digo: ninguém escreve como Hilda Hilst. Dos livros presentes nessa edição há pelo menos três obras primas: Do Desejo, Alcoolicas e Sobre Tua Grande Face, os demais são distintamente soberbos, mas não atingem a maestria dos supracitados.
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Anderson 23/02/2015

Ah! O Desejo... Incorpóreo. Frágua. Líquido. VIVO.

Esse livro é a prova cabal que a poesia de Hilda Hilst sempre foi mesmo a Do Desejo.

A Globo Livros reuniu nessa edição 7 de seus livros de poemas públicados em um intervalo de 6 anos. E na minha humilde opinião são eles que melhor afirmam a característica central da busca hilstiana.

O livro que abre a edição é homônio ao título e invoca o desejo do toque, aquele desejo mais luxurioso e carnal,por vezes sexual. O jogo de palavras que a autora usa pra construir seus poemas nos transporta para um éxtase inimaginável. O livro seguinte é Da Noite, que brinca com o mistério, com o desejo intangível do poente, da lua, do crepúsculo...

Os três livros seguintes são: Amavisse, que evoca aquele sentimendo de ter amado o que poderia ser; Via Espessa, no qual a poeta se transforma em Samsara numa busca pelo Inominável; e Via Vazia, a intensidade, o sofrimento e principalmente a urgência diante no Inominável.

Os dois últimos livros são Alcóolicas, onde a poeta de coturno e casaco rosso perambula pelas ruas e brinda a/à/com a Vida; e Sobre Tua Grande Face, nesse último livro a poeta se reduz a nada, a um pequeno animal ou homem miserável frente ao Sem Nome, implorando pelo amor, pela verdade, implorando pra ser enxergada pelo Cara Escura.

Depois da leitura dessas poesias você fica suspenso no ar, na névoa e na beleza das palavras de Hilst. Leitura fascinante! Deslumbrante!

Gostaria de trasncrever aqui alguma de suas poesias, mas seria difícil escolher uma só, então, deixo 4 poemas na voz da própria Hilda, transmitindo toda a intensidade, toda poética, toda a lascívia, DO MEU DESEJO.

https://www.youtube.com/watch?v=RiIyIQFTuHU
Douglas 03/03/2015minha estante
https://www.youtube.com/watch?v=Za_Jw-XdFbM / Amei a interpretação dela




Everton Vidal 25/12/2013

Uma poesia que se cria nesse espaço palpável do desejo, mas que o descobre intocável.
Uma poesia que vai do corpo ao incorporeo. Da lava ao nada.

“Quem és? Perguntei ao desejo.
Respondeu: lava. Depois pó. Depois nada”
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Élida Lima 01/03/2009

Trechos
Do desejo
(trechos)

Hilda Hilst


I

Porque há desejo em mim, é tudo cintilância.
Antes, o cotidiano era um pensar alturas
Buscando Aquele Outro decantado
Surdo à minha humana ladradura.
Visgo e suor, pois nunca se faziam.
Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo
Tomas-me o corpo. E que descanso me dás
Depois das lidas. Sonhei penhascos
Quando havia o jardim aqui ao lado.
Pensei subidas onde não havia rastros.
Extasiada, fodo contigo
Ao invés de ganir diante do Nada.

IV

Se eu disser que vi um pássaro
Sobre o teu sexo, deverias crer?
E se não for verdade, em nada mudará o Universo.
Se eu disser que o desejo é Eternidade
Porque o instante arde interminável
Deverias crer? E se não for verdade
Tantos o disseram que talvez possa ser.
No desejo nos vêm sofomanias, adornos
Impudência, pejo. E agora digo que há um pássaro
Voando sobre o Tejo. Por que não posso
Pontilhar de inocência e poesia
Ossos, sangue, carne, o agora
E tudo isso em nós que se fará disforme?

V

Existe a noite, e existe o breu.
Noite é o velado coração de Deus
Esse que por pudor não mais procuro.
Breu é quando tu te afastas ou dizes
Que viajas, e um sol de gelo
Petrifica-me a cara e desobriga-me
De fidelidade e de conjura. O desejo
Este da carne, a mim não me faz medo.
Assim como me veio, também não me avassala.
Sabes por quê? Lutei com Aquele.
E dele também não fui lacaia.


Os versos acima foram publicados no livro "Do desejo", Editora Pontes - Campinas (SP), 1992, e foram extraídos do livro "Os cem melhores poemas brasileiros do século", editora Objetiva — Rio de Janeiro, 2001, pág. 289, uma seleção de Ítalo Moriconi.
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