A Rebelião das Massas

A Rebelião das Massas José Ortega y Gasset




Resenhas - A rebelião das massas


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Valério 04/08/2017

Pungente
Este livro precisa ser lido.
Muito. Pelo maior número de pessoas. Precisa ser debatido, aprofundado, estendido.
Ortega Y Gasset desbrava o que leva multidões inteiras a seguir líderes que os levam a destruição, ao sofrimento.
É muito difícil escrever uma avalição/resenha deste livro, dada sua importância e alcance. A responsabilidade me pesa às costas. Sua relevância torna a tarefa complicadíssima.
Portanto, ao contrário do que geralmente faço, usarei trechos do próprio livro para que quem ler esta resenha possa ter um melhor vislumbre.
"O homem é, deseje ou não, um ser constitutivamente forçado a buscar uma instância superior"
"Inumeráveis vidas humanas marcham perdidas pelo labirinto de si mesmas por não terem a que se entregar"
Com base nessas e em várias e bem destacadas premissas, Ortega enxerga que pessoas no mundo todo precisam ter uma ideologia, algo em que acreditar. Mas ao mesmo tempo, não estão dispostas a estudos aprofundados para definir em que apostar suas fichas.
O que entende por massa é "o conjunto de pessoas que não são especialmente qualificadas". E não "operários" ou "proletários".
Pessoas como Tico Santa Cruz. Que dedicaram sua vida à arte e agora acham que discutem política com profundidade filosófica, geralmente são os que arrebatam a "massa", tão carente de quem os conduza.
Fenômeno semelhante ocorre com políticos carismáticos e radicais, sejam eles de direita ou de esquerda. A massa os vê como líderes, como algo a seguir e defender fanaticamente. E aí começam nossos problemas.
Ditadores como Hitler, Stalin, Fidel Castro, Maduro, General Franco, sempre tiveram a "massa" para os defender e jurar sua lealdade.
O "homem massa" tem ideias taxativas sobre tudo. É intransigente. Mas suas ideias geralmente são um espelho das ideias de seu ídolo político.
Lembra aquele seu amigo que fala que é "neutro" em política? Que é "isento", mas repete todos os discursos propagados por um partido ou político?
Veja a descrição (pagina 49):
"Esse homem-massa é o homem previamente esvaziado de sua própria história, sem entranhas de passado... Só tem apetites, crê que só tem direitos e não crê que tem obrigações; é o homem sem a nobreza que obriga"
E não vemos muito isso? Uma turma (ainda bem que cada vez menor) vai às ruas para cobrar direitos. Direito a tudo: andar de ônibus de graça; receber dinheiro do governo, ser financiado pelo governo, ter os melhores serviços gratuitamente.
Outro trecho forte:
"Quando vejo que o aplauso se dirige fácil e insistente a um homem ou a um grupo, surge em mim a veemente suspeita de que nesse homem e nesse grupo, talvez junto a excelentes dons, haja algo extraordinariamente impuro"
Como Ortega, sou contra qualquer idolatria a políticos. Seja ele Lula ou Bolsonaro. Um político pode até ser admirado. Mas nunca idolatrado, colocado acima do bem e do mal. Ser visto como herói e modelo inquestionável. Na maioria das vezes, os idolatrados são demagogos. Convencem muito pela conversa. E, para Ortega, "Os demagogos têm sido os grandes estranguladores das civilizações".

Por fim, é um dos livros mais excepcionais que já li. Muito diferente, muito abrangente, muito inteligente. Único.
Leia apenas o prólogo. E já perceberá a irresistível força de uma verdadeira reflexão político-filosófica-social.

Bem sei que fracassei em demonstrar a relevância e grandiosidade desse livro. Fica então apenas o apelo. Leia. Posso garantir que terá contato com pontos de vista e análises bem fora do lugar comum.
Henrique_ 04/08/2017minha estante
Conheço alguns trechos de minhas leituras na faculdade. De fato, uma obra imprescindível. Ótima resenha.


Renata 17/12/2017minha estante
Adorei sua resenha! A menção ao Tico Santa Cruz me fez rir.

A conclusão do autor sobre os demagogos é mt boa tb, mas acho que o que me fisgou foi aquele trecho que vc transcreveu logo no começo: inumeráveis vidas humanas marcham perdidas pelo labirinto de si mesmas por não terem a que se entregar.




Silvio 23/05/2017

Um livro muito interessante. Começou a ser escrito em 1.926, como artigo de jornal madrilenho e assim continuou até 1.946, quando se tornou livro. Muitas vezes percebe-se que não é um todo, um só livro; há mudanças de foco, justamente por serem diversos artigos diferentes de jornal.

Ele fala basicamente do "homem-massa", o homem comum, normal, mediano; fala de suas atitudes, desejos, conhecimentos e explica os motivos de tudo.
Mostra e explica como e porque se formaram - e se formam - Estados, Cidades-estados, Estados-nações e até impérios; explica também como e por que certas nações e certos impérios se modificam, enriquecem, empobrecem e sofrem derrocadas.Deixa bem claro como age o "homem-massa", que faz revolução, rebelião com violência e pouco conhecimento de causa.
Explica que o ser humano deve mandar ou obedecer, contudo deve estar preparado, deve saber as duas coisas. Se não souber ou não aceitar uma delas, será repressão ou revolução. No caso de revolução, haverá violência, exigirá seus direitos, mas sem cumprir seus deveres.
A principal característica do homem-massa é que, sentido-se vulgar, proclama o direito à vulgaridade e nega-se a reconhecer instâncias superiores a ele.

"Se alguém em sua discussão conosco se desinteressasse de se ajustar à verdade, se não tem vontade de ser verídico, é intelectualmente um bárbaro. De fato, essa é a posição do homem-massa quando fala, dá conferências ou escreve" Há muito bárbaros nesta vida.

"Uns pensarão que a vida é o processo existencial de uma alma, outros pensarão que é uma sucessão de reações químicas".

Só não considerei cinco estrelas por dois motivos:
- o autor é muito prolixo, colocas detalhes supérfluos demais, o que dificulda muito a leitura e a compreensão;
- usa um vocabulário terrível, é necessário ter em mãos um dicionário muito bom, alguns termos nem encontrei em nenhum dicionário. Alguns exemplos: repristinada, capro, acrotério, saramago(não é o escritor), abundoso, alverca, tremebundo, janízaros,curul, inconcusso, cabriola, onímoda, turgimão, atonia, zurrapas, desasir ... e muitas outras.

Todo o mundo deveria ler este livro, principalmente políticos, empresários, artistas e jovens, e, mais ainda, Roberto Freire.
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Fidel 05/08/2015

m "A Rebelião das Massas" Ortega y Gasset analisa um tipo social chamado homem-massa, que é o homem moderno que independente da sua origem, condição social e formação, caracteriza-se por ser um indivíduo que, sem ideias originais, se lança no mar comum. Assim define Ortega y Gasset o homem-massa.

"É a qualidade comum, é o mostrengo social, é o homem na medida em que não se diferencia de outros homens, mas que repeti em si um tipo genérico."

"Massa é todo aquele que não valoriza a si mesmo - como bem ou como mal - por razões especiais, mas que se sente à vontade ao sentir-se idêntico aos outros."

José Ortega y Gasset nasceu em Madrid em 1883, foi filósofo, ativista político e jornalista. Filho da aristocracia espanhola, foi autor de diversas obras de profunda reflexão sobre a sociedade europeia no início do século XX, sobretudo o homem e um tempo que viriam transformar a Europa numa nação de "zumbis sociais".

"Por toda a parte surgiu o homem-massa de que este volume se ocupa, um tipo de homem feito à pressa, montado apenas sobre umas e quantas pobres abstrações e que, por isso mesmo, é idêntico de uma ponta à outra da Europa. A ele se deve o triste aspecto da monotonia asfixiante que a vida vai tomando em todo o continente. Este homem massa é o homem previamente esvaziado da sua própria história, sem entranhas de passado e, por isso mesmo, dócil a todas as disciplinas chamadas internacionais. "

Para Ortega y Gasset o homem-massa estava em todos os lugares na sociedade, independente da sua classe social, por isso era um problema geral, visto que ele entendia que poucos homens restavam na Europa da sua época capazes de refletir sobre aqueles tempos nebulosos.

"Não se entenda, pois, por massas só, nem principalmente, as massas operárias. Massas é o homem médio. Deste modo se converte o que era meramente quantidade - a multidão - numa determinação social, é o homem na medida em que não se diferencia dos outros homens, mas que repete em si um tipo genérico."

O Gasset não poderia ser tão atual. Há diferença do homem de hoje para o homem de Gasset? Como não reconhecer e lamentar nos dias atuais o homem-massa europeu, americano, africano, asiático, árabe e muitos outros com as características abaixo descritas por Gasset?

"E é indubitável que a divisão mais radical que cabe fazer da humanidade é esta de dividi-la em duas classes de criaturas: as que exigem de si e acumulam sobre si mesmos dificuldades e deveres, e as que não exigem de si nada de especial, pois para elas viver é ser em cada instante o que já são, sem esforço de perfeição em si mesmas, boias que andam à deriva."

Vivemos assim hoje. Sentimo-nos seguros porque temos carro, casa, emprego, filhos estudando, poupamos para as férias e para o novo iphone. No final de semana tem o futebol, praia e a cervejinha gelada. Entendemos de política tão bem como entendemos de futebol e carnaval. Mas homem-massa que isso impossível. Sabemos de tudo um pouco, até sabemos escolher presidente.

- Realmente esse tal de Ortega y Gasset não está com nada. Coisa de intelectual que não tem o que fazer. Será?

Se hoje vivo, Gasset talvez tivesse que reescrever o livro, sobre uma ótica global e muito pior que a da sua época, pois hoje lançam a mão de um estratagema formidável e infalível para formar o homem-massa: educação.

Somos educados para uma vez "escolarizados", pensarmos que sabemos o que somos e o que queremos. A educação que recebemos é a mesma que o boi recebe no matadouro. Somos preparados para o abate social em que a maior perda é a liberdade individual, a perda do espírito livre e ousado.

A sociedade global da atualidade é formada por um sistema educacional que visa criar o homem-massa em um processo auto reprodutivo. É o que revela Pascal Bernardini no seu livro "Maquiavel Pedagogo":

"Uma revolução pedagógica baseada nos resultados da pesquisa psicopedagógica está em curso no mundo inteiro. Ela é conduzida por especialista em Ciências da Educação que, formados todos nos mesmos meios revolucionários, logo dominaram os departamentos de educação de diversas instituições internacionais: Unesco, Conselho da Europa, Comissão de Bruxelas e OCDE. Na França, o Ministério da educação e os IUFMS estão igualmente submetidos a suas influências. Essa revolução pedagógica visa a impor uma ética voltada para a criação de uma nova sociedade e a estabelecer uma sociedade intercultural."

"Trata-s de técnicas psicopedagógicas que se valem de métodos ativos destinados a inculcar nos estudantes os valores, as atitudes e os comportamentos definidos de antemão."

Enfim, ler Ortega y Gasset leva-nos a olhar de fora da nossa ignorância mirando fundo nossas entranhas carcomidas por um sistema que como um câncer nos mata lentamente. Mas por sorte os pensamentos geniais se eternizam em livros e estes tem um papel importante de nos fazer pensar, e pensar bem.

site: http://fideldicasdelivros.blogspot.com.br/
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Lista de Livros 26/01/2014

Lista de Livros: A Rebelião das Massas, de José Ortega y Gasset
“O vaidoso necessita dos demais, busca neles a confirmação da ideia que quer ter de si mesmo.”
*
“O tolo é vitalício e impermeável. Por isso dizia Anatole France que o néscio é muito mais funesto que o malvado. Porque o malvado descansa algumas vezes; o néscio, jamais.”
*
“Todo gesto vital, ou é um gesto de domínio ou um gesto de servidão.”
*
Mais em:

site: https://www.listadelivros-doney.blogspot.com.br/2014/01/a-rebeliao-das-massas-jose-ortega-y.html
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Humberto Serrab 07/11/2013

Um livro fundamental para entender vida e política atuais
Escrito em 1925, antes da ascensão definitiva dos Fascismos sobre a Europa, Ortega y Gasset traça um inquietante perfil psicossocial do cidadão médio do seu tempo. Conceitua-o como "homem-massa". O que raios vem a ser isto? O "homem-massa" nada mais é do que o indivíduo desgarrado de qualquer consciência histórica, pois para ele o passado não é um parâmetro seguro para a inspiração de valores e regras de conduta que possam balizar a própria visão de mundo. Para ele, a categoria de "Tradição" mostra-se tão rarefeita quanto imagina-se senhor natural do seu tempo e artífice único de suas escolhas. O "homem-massa", coitado, acha que inventou a pólvora.

Se a História não significa absolutamente nada para o homem deste tempo, de onde então ele retira os valores que lhe pautam as ações? Resposta: de lugar nenhum ou, melhor dizendo, dos grupos políticos que gritarem o suficiente a ponto de galvanizarem uma opinião/comportamento padronizados. Daí como Ortega y Gasset brilhantemente observa que a sofisticação tecnológica dos tempos hodiernos se fez contrastar pelo primitivismo da alma humana. Afinal, para o "homem-massa" a realidade em si passa a ser tomada como "natural", suficiente por si mesma, auto-reprodutiva. O funcionamento das instituições políticas, por exemplo, começa a ser superficialmente criticado por sujeitos que, distantes das responsabilidades reais, imaginam cândidos projetos para a condução do Humano com a mesma facilidade com que tomam o café pela manhã.

É nesse tocante em que o livro atinge sua culminância. Vivenciamos uma era de completa irresponsabilidade - e, portanto, de inconsequência - no debate público. E essa "irresponsabilidade" pode conduzir a vida humana para o precipício dos enganos, nascedouro da dor coletiva. Afinal, uma sociedade composta pelos "homens-massa" não tem mais os filtros da aristocracia, que por séculos inauguraram padrões de sociabilidade progressivamente incorporados pelos demais setores da sociedade. Agora não, visto que democracia política e progresso material abriram um perigoso precedente para que o Homem, sem saber de onde vem, desconheça o rumo por que seguem seus passos.
Marcelo 12/04/2016minha estante
"Escrito em 1925, antes da ascensão definitiva dos Fascismos sobre a Europa"
"Fascismos"? Acho engraçado esse rótulo, tão em moda nos dias atuais, para designar todo e qualquer movimento e governo totalitário na Europa do século XX. Se você comparar as vítimas do Nazismo e do Comunismo com os "fascismos" ( na verdade, só existiu um), verá que o grande mal Europeu, maior que todos esses regimes, é, na verdade, o Comunismo, seguido do Nazismo e, de muito longe pelo fascismo. O medo que os brasileiros têm de expor o maior regime assassino de todos os tempos, o COMUNISMO, a suas críticas é deplorável. Até hoje não consigo entender essa covardia.


Humberto Serrab 28/04/2016minha estante
Marcelo, obrigado pelo feedback. Leia a minha resenha de "A Nova Ciência da Política", de Eric Voegelin, para a devida menção ao comunismo.




léo mariano 09/08/2010

por que ler , com parcimonia
Livro Bacana.

Interessante ler sua análise do homem massa quando essa é deslocada do tempo, há momentos que, apesar do livro ter sido escrito na década de 30, ele parece escrever sobre nós. No entanto, quando o autor tenta por sua teoria em prática ao analisar sua sociedade em especial a sociedade européia, muitas vezes o seu pensamento me pareceu o de um homem pedante e preconceituoso com o pequeno "resto" do mundo. Ou seja, um bom pensador do seu tempo com reflexões teóricas legais, mas que podem ser perder na prática.

Por isso, a leitura é recomendada, mas com cuidado do filtro temporal e dos avanços sociais do nosso tempo e mundo.
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L. 20/06/2010

Massas
Um estudo, diga-se, intensivo da movimentação das massas - como classe atual predominante.
Explicando e esclarecendo os motivos desse fenômeno um tanto estarrecedor. Expondo fatos marcantes e utilizando de metáforas para explicar o acontecimento do império das massas.
Indicado para estudante de sociologia, que estejam realmente interessados no tema.


PS.: Não alegaria dizer que entendi por completo o livro. E realmente julgo necessário a re-leitura.

Alexandre 29/03/2013minha estante
Importante notar que o livro foi publicado em 1926. Ou seja, é espantoso que alguém, no começo do século XX tivesse discernimento sobre como começaria a se comportar a sociedade no final do mesmo século e - o comportamento - predominando no século XXI. O melhor ainda. esse livro foi publicado em artigos em um jornal. Onde vemos isso hoje?




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