Resenhas - Mar Morto

Craotchky 27/02/2018

O primeiro
Li Jorge Amado! Expiei mais um pecado! Demorou algum tempo mas aconteceu. Antes tarde do que nunca, como dizem por aí. Eu tenho há tempos Dona flor e seus dois maridos mas temia iniciar com ele pois é um livro grandinho e eu poderia não gostar. Mar morto começou com uma bela surpresa: este livro é dedicado, entre outros, para Erico Verissimo!

A história de Mar morto fez-me recordar que já participei de uma festa para Iemanjá quando ainda criança. Lembrei de estar montado em meu pai, dentro da água, no meio de outras muitas pessoas, acompanhando uma procissão de pequenos barcos passar. Num deles havia uma grande imagem de o que era então para mim uma santa, trajada de azul e cabelos negros.

Como aprendi com o livro: Iemanjá, a dos cinco nomes, mãe e esposa dos marítimos.

"Ela é sereia, é a mãe-d'água, a dona do mar, Iemanjá, Dona Janaína, Dona Maria, Inaê, Princesa de Aiocá."

Jorge Amado também descreve ligeiramente uma cerimônia de candomblé, fala de pais-de-santo e orixás. Julgo-me alguém de mente aberta mas reconheço uma dose de pré-conceito em mim com relação a isso. Jorge mostra que, acima de tudo, esta é apenas outra forma de manifestação humana de crenças como tantas outras, com suas particularidades e ritos; diferente de outras porém semelhante pois também possui superstições, procedimentos e traços culturais próprios.

Penso que deve ser muito prazeroso para baianos ler Jorge Amado, histórias ambientadas na Bahia, que cultuam com tanto amor seus costumes e tradições. Digo isso pois sinto um pouco desse prazer ao ler Erico Verissimo e seus livros ambientados no Rio Grande. Dois autores que zelaram por representar sua terra em suas literaturas.

Há beleza no texto de Jorge Amado; há certa dose de lirismo às vezes.

O final é algo melancólico, triste, mas muito bom e bonito; é o fechamento de um ciclo; é a realização de um destino; é a vitória e sagração da vida inexorável. Oxalá na próxima vez que eu ver o mar eu lembre desta história, do Valente, de Rufino, de Guma, de Lívia, do velho Francisco...

Foi bom ter navegado nas águas da Bahia, ter sentido a brisa do mar... ⛵

Giuliana.Fiori 02/05/2020

Maravilhoso! Não li toda a obra de Jorge Amado, mas que escrita incrível. Extremamente poético.

William LGZ 30/03/2022

Emocionante, profundo e maravilhoso.
Definitivamente uma das melhores leituras de 2022 para mim, se não a melhor, até agora. Um livro extremamente poético e emocionante que simplesmente amei mesmo que não fosse o meu tipo de leitura!

Jorge Amado não cansa de me surpreender e me encantar em cada um de seus livros, mesmo tão diferentes um dos outros.

A profundidade da narrativa deste e sua beleza me emocionaram demais em diversos momentos, e mesmo seguindo com uma linguagem mais filosófica eu não ficava entediado ou sem vontade de acompanhá-lo em momento algum.

Eu sou incapaz de apontar defeitos sobre esta obra, principalmente ao lê-la como um produto de sua época a acho ainda mais perfeita, e recomendo demais e urgentemente sua leitura! Principalmente para os fãs de clássicos, mas acredito que não ser um não é um bloqueio também.

Luana 13/03/2020

Mar Morto resenha
A escrita desse livro foi algo muito diferente da minha zona de conforto Jorge Amado escreve Mar morto como escreve uma canção, a impressão que eu tive lendo este livro é que estava lendo uma música. Se você não leu mar morto é história dos pescadores dos marítimos da Bahia é um romance entre Lívia e Guma. Os personagens são muito bem trabalhados você se apega a realidade deles, os personagens são super reais, não existe fantasia, existe no mundo real. Você se sente dentro da história, muito incrível o apego que você tem pelos personagens impressão que eu tive quando eu li foi que Guma era o personagem principal até um determinado ponto da história e depois passa ser a personagem principal sua esposa Livia. Amo como você é capaz de sentir a dor dos personagens principalmente das mulheres que perdem seus maridos para o mar e vivem uma vida de miséria, depois que yemanjá leva o seus maridos elas tem escolhas entre viver na miséria se prostituir ou casar novamente e essas mulheres vivem uma tristeza sem fim pois choram pelos seus pais choram pelos seus maridos choram pelo seus filhos todos perdidos no mar, e é um destino certo nenhuma das mulheres tem escapatória. Uma das personagens mais citadas nesse livro é Yemanjá e eles falam muito sobre a fé. É um livro muito bom que tive uma certa dificuldade pois o ritmo de leitura e o tipo de escrita não está na minha zona de conforto porém um livro que você criar um certo carinho certo vínculo. Recomendo mar morto pra todos e pra todas leia em com certo carinho esse clássico Jorge Amado.

PS spoiler Não leia:


Quando Guma traiu a Livia como
Esmeralda eu quis ter um troço mas mesmo assim fiquei triste por ele morrer

Ray 24/11/2023

Mar morto
Eu não vou mentir, eu não gosto de Jorge Amado, ja tentei ler capitães da areia dele e a leitura não flui pra mim, por ser segunda fase modernista e escrita populista. Eu lutei muito pra ler esse livro e quase desisti diversas vezes, mas precisava ler ele para o vestibular da UEMA.

As histórias de Jorge Amado são muito interessantes, so a escrita que não é meu tipo e ela deixa o livro cansativo, eu demorei muito pra ler ele, contudo valeu a pena, fiquei com muita raiva de Guma por ter traído Lívia com Esmeralda, ela não merecia isso, entretanto faz sentido, pois Guma é um marinheiro idealizado por parte física, mas não um herói idealizado e sim humanista, que comete erros, no fim Lívia fica com o salveiro paquete voador e quebra o ciclo de mulheres viúvas de marimos e vira uma maritima, se você ver uma análise da obra Guma representa Orungã filho de Iemanjá e no final Lívia que tanto era comparada por Guma com Iemanjá, seu Francisco diz que ver nela a própria, como se não fosse ela velejando o salveiro e tirando seu mérito e colocando na divindade, uma visão machista pois mulheres não velejavam e sempre seguiam um ciclo de miséria é um bom livro e serve pra refletir sobre essa realidade que se volta na nossa, recomendo pra quem gosta de clássico, mas fique avisado que pode ser tedioso.

As informações não forram tiradas do além e sim de uma análise de obras por professores competentes que trabalham com isso.

Mariana1250 04/11/2023

Mar Morto
1,5/5

A não ser quando se trata de jovens estudantes com experiências traumáticas envolvendo a literatura brasileira, costuma haver um certo receio ao criticar clássicos, afinal foram livros que marcaram uma época e continuaram sendo relevantes após décadas ou até mesmo séculos de publicação. Contúdo venho me esforçando para (pelo menos nas resenhas) ser sincera quanto as minhas impressões, por isso em cada livro penso nas coisas que gostei e nas coisas que não gostei e tento explicar o porque independente da estima do livro. Esclarecido este posicionamento, vou seguir com a resenha.

Minha professora não mentiu quando descreveu a escrita de Jorge Amado como sinestesica, e caprichosa na ambientação. Cada verso do livro facilmente formava um novo cenário na minha cabeça. E apesar do meu desgosto constante por página virada em detrimento de toda história, há méritos que devo reconhecer.

Agora, quanto aos constantes elogios a Mar Morto pelos seus personagens envolventes, só posso expresar minha confusão. O que falar de Lívia e Guma? Lívia tem a personalidade de uma ameba, uma ameba bonita e chifruda que espera seu homem voltar pra casa. E o Guma, bom... imagino que o autor tentou deixa-lo mais interessante com todas as várias descrições das proezas e da beleza do personagem, o que pessoalmente me levou a encara-lo mais como um conceito de homem descolado do que como uma pessoa. E por mais que eu goste da ideia da divergência entre o amor pelo mar e o amor pela esposa, esse impasse se prendeu em um vai e vem tão redundante e repetitivo que quebrou qualquer encanto que eu pudesse adquirir com o dilema.

O romance, classificaria facilmente como a pior parte do livro. Os protagonistas não conversam, mal se conhecem e se apaixonam porque sim. Uma história de amor digna de contos de fadas. E sim, eu sei que o livro dedica parte significativa do seu tempo nesses dois, mas eu não me importo o quão bela é escolha de palavras ou o quão floreado é o texto, se no fim das contas, a única coisa que ele tem para me dizer é que Lívia é linda e ama o forte Guma e Guma é forte e ama a linda Lívia. Trocaria sem pensar por um livro de escrita mediana que contruisse o casal investindo na personalidade, carisma e no desenvolvimento dos personagens.

Olha... Eu entendo o valor do livro e o motivo dele ser famoso, mas ainda prefiro manter minhas observações, até porque essa foi apenas minha experiência, e eu gostaria de retrata-la da forma mais fiel possível.




*(As estrelas são baseadas apenas no quanto eu gostei do livro. Elas não tem nada haver com aspectos técnicos, peso histórico, e características do gênero)*

@szpbl 13/01/2024

É doce morrer no mar
Apesar de ser minha primeira leitura de Jorge Amado, já tinha expecativas altas. Fiquei encantado. Pretendo continuar a ler mais obras do autor.

Embora o tema seja apresentado a partir da história de Guma e, posteriormente, da união com Lívia, a cultura dos navegadores da Bahia é ricamente apresentada pelo escritor.

Poeticamente descrito, o mar baiano de Jorge Amado é deslumbrante. Sob a proteção de Janaína, os marítimos fazem suas viagens e vivem o código que foram destinados a seguir - entregar-se a ele por completo.

Destino tão forte que Lívia, mesmo sempre tentando afastar o filho desse futuro, acaba ela mesmo assumindo o saveiro de Guma para que ele seja herdado pelo menino.

A escrita simples e cheia de significados traz uma discussão política de forma relativamente sutil e sem fantasiar um futuro perfeito com a solução rápida.

Camila.Stephane 30/12/2021

Meu primeiro livro do Jorge Amado e não imaginava que ele escrevia assim tão diferente. Primeiramente gostei de todas as informações sobre o povo que mora nos portos e sobrevive do mar,sobre a religião e cultura deles. Mas oq mais me chamou a atenção foi a escrita do livro,parece rimada...cantada...tenho a sensacao de ler a letra de uma musica bela e triste....gostei

Nessa 16/05/2022

O mar é vivo.
Que Jorge Amado tem uma sensibilidade com seus personagens eu já cansei de falar. Nunca fiquei tão preenchida lendo um livro. Não digo que é o melhor livro de Jorge que já li, mas que foi o mais intenso e poético.

O título do livro já denuncia o fim. Mas para mim, o mar é vivo. Vivo com as memórias de todas as mulheres que perderam seus amados nas águas de Janaína. Vivo na memória daqueles que o amam.

E é por isso que é doce morrer no mar.

gigica 11/02/2022

JORGE AMOR DA MINHA VIDA
Primeiro livro que eu li do Jorge amado e foi amor do começo ao fim. Não vou ficar escrevendo grandes coisas sobre o autor, a melhor maneira de conseguir expressar tudo oq eu sinto por esse homem é ELE É FODA DEMAIS, simplesmente.
Chorei horrores lendo esse livro, é tão íntimo, me senti na mesma vila que os personagens, viajei nos mesmos saveiros, conheci e aprendi a amar a mesma Janaína, compartilhei das dores, das canções, das alegrias e mazelas, vivi essa experiência 100% e recomendo a todos.

Girassol 22/02/2024

Mar morto.
Mar morto é um romance brasileiro escrito por Jorge Amado em 1936. A obra narra a história de Guma e Lívia. Nos primeiros capítulos, o personagem Guma mostra um desejo de ter uma amada, se sente frustrado ao descobrir que a mulher que deseja é a sua mãe. Depois desse episódio, ele encontra Lívia. Eles se casam, mas nesse percurso, em um momento delicado, o Guma traí sua esposa com uma mulher que é casada com seu melhor amigo. Isso torna a narrativa tensa por abordar além da traição, mas também a deslealdade, falta de responsabilidade emocional, falta de empatia e de respeito. Também é possível observar em alguns capítulos a violência contra a mulher, o sofrimento das personagens femininas quando ficam viúvas: entram na prostituição. No final da história, Lívia termina trabalhando no mar, contraindo a tradição das mulheres que quando os maridos morreram vão se vender em troca de dinheiro para se sustentar e cuidar dos seus filhos. Achei esse fim incrível. O livro mostra uma narrativa poética e realista. ???

Ju 12/06/2020

"É doce morrer no mar"
Meu primeiro livro de Jorge Amado. Narra a vida no cais de Salvador, na Bahia. Vida dura, marinheiros que são destinados a morrer no mar levados por Iemanjá, mulheres que já se casam sofrendo, pois sabem que perderão seus homens para Iemanjá algum dia. Livro cheio de simbologias, um livro que é também uma poesia, ou uma canção do mar.

Tata 02/11/2023

Fascinante
Mar Morto possui uma escrita envolvente que cativa o leitor desde as primeiras páginas, Jorge Amado nos apresenta uma história cativante que nos transporta para a vida do povo da beira do cais da Bahia, despertando em nós uma profunda conexão com seus personagens e suas vivências, suas lutas, amores e sonhos em meio às adversidades do mar e da vida. Uma leitura que emociona e nos faz refletir sobre a força e a resiliência humana. É muito triste as condições desses pescadores, marinheiros, mestre de saveiros, etc. Me senti um pouco como Dona Dulce no livro, à espera de um milagre para aquele povo, a esperar que tudo melhorasse. Atualmente, na realidade, todos nós esperamos por esse milagre, não é? Fiquei arrasada com a morte de Guma (não como Lívia, coitada). Foi um choque, mas é o destino do povo do cais. Não esquecemos que o mar é amigo, mas é traiçoeiro e misterioso. Amei o livro e amei os personagens (exceto Esmeralda)."

Laura Finesso 10/08/2020

É doce morrer no mar
Porque ninguém pode nascer ou morar no mar sem o mar o amar como amante ou amigo. Pode-se amar o oceano com amargura. Pode esse amor ser medo ou ódio. Mas é um amor que não se pode trair, que nunca se abandona. Porque o mar é amigo, é doce amigo. E talvez seja o próprio mar a terra de Aiocá que é a pátria dos marítimos.

Hoje é aniversário do Jorge Amado, que completaria 108 anos. E nada melhor para comemorar a vida desse escritor do que a sua obra-prima, um dos cinco maiores romances brasileiros, escrito quando ele tinha apenas 24 anos.
O livro é uma história sobre a vida, o amor e a morte dos homens dos cais da Bahia; é um romance épico, que acompanha o marinheiro Guma e sua amada, Lívia. Enquanto os marinheiros como Guma tem conforto ao saber que irão morrer no mar e ir para as terras sem fim de Aiocá, para os braços de mãe e amante de Iemanjá, as mulheres e mães sentem medo pela vida deles, vida tão sofrida e com um destino já irremediável. Essa é a luta e a incerteza de Lívia, e de diversas outras mulheres do cais, tanto que o livro já começa com a morte de um marinheiro e a dor de sua mulher.
Guma é um personagem por demais humano, com seus defeitos e dúvidas que Jorge conseguiu descrever muito bem. Já Lívia é uma mulher forte, mas que não tem medo de mostrar sua vulnerabilidade, o que a deixa mais bela ainda. Os outros personagens do livro são sempre assim: humanos, com seus defeitos e qualidades. Mas eu diria que o personagem principal desse livro é o mar, Iemanjá, não os outros que contam suas histórias. O papel do mar nesse livro não é só de complemento, mas de destaque e admiração: é o papel de uma deusa, de fato.
Eu, que já estava acostumada com o tom de romance proletário que as obras de Jorge levam, fiquei surpresa ao notar que nesse livro já não é tão forte o teor de revolução; na verdade, aqui a luta é diária e Jorge Amado apenas retratou uma realidade, por mais que sofrida e por vezes desumana. Para mim, essa é a magia da escrita desse homem que levo em meu coração, é como ele consegue instigar o leitor a fazer suas críticas ao sistema capitalista e suas mazelas apenas nos expondo os fatos. E os personagens transparecem tão bem o amor pelo mar mas a dor da miséria, a dor da desesperança e dessa incerteza que é viver nas margens, seja do mar ou da sociedade.
E Jorge Amado amava a sua terra. Sua escrita nesse livro, como é descrita por muitos, transcende a prosa e se solidifica como poesia. Uma poesia em prosa, que nos embala no ritmo do mar: por vezes agitado, às vezes contendo a calmaria que precede o desastre, mas quase sempre belo, mesmo que com seus percalços e perigos. Porque é doce viver no mar, mas é ainda mais doce morrer nele.

site: https://olivrosecappuccinos.blogspot.com/2020/08/mar-morto-jorge-amado-resenha.html

Emerson 24/06/2021

Adorei a ideia do livro! Gosto muito da forma como Jorge Amado retratava a parte excluída da sociedade. Apesar de pensar que as vezes a mesma ideia era muito repetida ou sentir de que não me parecia muito necessária, o livro goi tranquilo de ler! Não é o melhor de Jorge Amado, mas está longe de ser ruim.