Karol 27/09/2011
E a maluca sou eu....
Poucas resenhas que fiz na vida foram tão complicadas de serem escritas como essa, de hoje. Eu não sei nem por onde começar, tamanha a confusão que ficou na minha cabeça. Vou contar para vocês o que aconteceu em relação a esse livro e daí vocês tirem suas conclusões.
No início desse mês recebi o pacote usual do Lorran com os livros que teria que resenhar. Entre eles estava Tara Duncan na armadilha de Magíster, de Sophie Audouin-Mamikonian (para, respira e repete esse nome três vezes, bem rápido), primeiro livro da série Tara Duncan, publicado aqui no Brasil pela editora Leya. Adorei a capa e a premissa do livro: adolescente com poderes mágicos tem que salvar o mundo. Esse é bem o tipo de livro que não dá muito cansaço no leitor, não gasta muito tempo e é gostosinho de ler. Eu tinha passado um tempo lendo várias coisas bem mais profundas então encarei esse livro como uma folga no drama, uma boa lufada de literatura despretensiosa na minha rotina.
Beleza. Comecei a leitura e vários termos desconhecidos foram pulando na minha cabeça: fadaceiros, loboshomens, vampirus, sanguerrabas, Lancovit, etc, etc, etc. Esses termos não tinham uma explicação no livro, logo, eu os lia diversas vezes em cada página e não via nenhuma dica para o que significavam – claro, alguns são óbvios, mas a grafia diferente do comum estava me confundindo. Mais: o livro fazia menção a fatos anteriormente ocorridos como se eu, pobre iniciante na obra da autora, já devesse os conhecer e, sei lá, devesse dar risada ou achar bonitinhas essas menções. Nem rolou.
Na metade do livro eu já estava xingando a autora de “louca” e outros nomes menos gentis: “que doida! Como assim ela joga esse monte de absurdos na minha cara e não explica nada? Que personagens sem personalidade! Ela age como se o leitor já devesse conhecê-los! Não apresenta ninguém, não descreve ninguém! Aff, que francesa maluca, que bagunça!” esses tipos de coisas sabem? Aí, eu fui no Google, pai de todos os desesperados da Internet, procurar algumas resenhas e descobrir se eu tinha, sei lá, perdido alguma coisa. Mas esse livro é “super-lançamento”, mesmo no Skoob só umas quatro pessoas o leram e a única resenha que eu encontrei não era muito confiável. Mas UM DETALHE no Skoob chamou a minha atenção e…
PARA TUDO!
Lá o livro é marcado como o 6º livro da série! O SEXTO! Aí eu olhei bem para o meu exemplar novamente. Tá lá na capa, e bem grande “Volume 01”.
Fui pesquisar no Google, de novo. Só achei a explicação em inglês: o livro que eu estava lendo, como o primeiro da série e assim informado pela editora Leya, que publica a série no Brasil é realmente o sexto da série. Mas isso para o resto do mundo porque nós, leitores brasileiros, que somos superdotados e ainda contamos com poderes telepatas, podemos ler o livro a partir do sexto volume, como que fosse o primeiro e, usando nossa inteligência ímpar, vamos entender tudo, sem a necessidade de nenhuma explicação ou introdução. Afinal, os leitores brasileiros são absolutamente geniais e curtem começar uma série pelo meio já que o início da história não interessa a ninguém mesmo.
Vocês conseguem imaginar a minha confusão ao descobrir essa história de publicar o livro a partir do sexto volume? Eu dei ênfase o suficiente? Pois é. Há coisas no livro que eu ainda não entendi. Ainda não sei exatamente o que é um fadaceiro. Não sei por que diabos Tara Duncan é tão importante e, definitivamente, não sei o que aconteceu com a Terra (ah, e eu também não sei por que a Leya resolveu publicar a série pela metade). Mas não desanimem porque, assim como eu, vocês também não saberão (a não ser que leiam em francês).
Agora vamos ao que eu sei: o livro é muito divertido, mesmo sem entendermos tudo o que se passa. A escrita de Sophie Audouin-Mamikonian é deliciosa, animada, jovem. Ela mistura ironia com drama na medida certa e consegue dar harmonia à bagunça que parece ser o universo que criou, com tantas raças, planetas e políticas diferentes (é, política). Eu não sei se recomendo ou não a leitura do livro. Sei apenas que eu gostei, mesmo com o rolo da publicação e que senti uma dorzinha no coração por não conhecer o início da história e as referências de Tara, isso teria ajudado bastante. Ah, e não vai rolar sinopse nessa resenha porque vocês simplesmente não entenderiam – e eu não acho que eu conseguiria fazer uma satisfatória tendo em vista que também não entendi muita coisa. Para concluir, deixo um apelo à Editora Leya:
Vocês são ótimos. E publicam os melhores livros de fantasia da atualidade mas, por favor, não façam mais isso. Nós gostamos de séries com começo-meio-e-fim e, infelizmente, a história de Tara está incompleta. Será que rola de publicar os 5 primeiros? Por favor? Valeu.
É isso aí. Até a próxima!