Moitta 14/06/2012
Spark
"Eles aprenderam a render-se aos seus sentidos, confiar em seus instintos, correr riscos e enfrentar novos desafios num ambiente artístico estimulante; seu trabalho, ora solitário, ora coletivo, gira em torno da investigação de novas formas de entrar em contato com o público e tocá-lo, tendo sempre em vista a sua própria reinvenção. Sua ambição é levar de volta ao mundo o que este lhes trouxe, na roda incessante do dar, receber e renovar - e, nesse sentido, funcionam como catalizadores."
No começo do livro, a importância de seguir o fluxo, as coincidências, ver até onde vai a toca do coelho..
Com os técnicos, a atenção e real imersão com o trabalho, ouvir o estalo que ninguém mais ouviu, decidir parar tudo, desmontar e descobrir uma roldana quebrada, sem nem perguntar se tinha autorização para tanto.
Um grande lance do Cirque, é que advogados, contadores, técnicos, ninguém perde o contato com o produto final. Por isso há cartazes por toda parte na matriz no Canadá; todos fazem parte daquilo que acontece no palco.
É a paixão que move o cirque.
(nunca perder de vista a razão de ser do seu trabalho)
"Na entrevista, perguntaram qual o maior constrangimento que já passei" - um acidente não passa de uma oportunidade disfarçada para sermos criativos.
"Quanto melhor nos damos, mais liberdade temos para nos soltarmos e expressarmos nossas ideias e emoções. É difícil ser criativo no isolamento. A verdadeira criatividade é fruto de muita colaboração... e, sim, mesmo de conflitos e confrontos."
Fazem negociações difíceis numa sala com vista para o ginásio onde ensaiam os artistas, para logo quererem fazer parte "disso" também.
"Sem prazos e orçamentos, creio que não teríamos nem metade da nossa criatividade. São eles que nos obrigam a criar soluções que do contrário jamais nos ocorreriam. É incrível a capacidade de motivação que os limites de tempo, dinheiro e recursos podem ter. Algumas das nossas ideias mais inspiradoras surgiram das mais espartanas situações."
"Antigamente eu era técnico de ginástica; precisei aprender a transformar os elementos acrobáticos em elementos artísticos para não me contentar apenas com oohs e aahs, mas sim provocar uma resposta mais pessoal do público."
"Mas o mais difícil é mudar a maneira de pensar dos artistas.. Então, desde o princípio, a gente se empenha por apagar as linhas que separam o esporte da arte, o indivíduo do grupo."
"Para mim, a criatividade tem a ver, antes de mais nada, com coragem - a disposição para correr riscos, experimentar coisas novas e compartilhar experiências com os outros."
Polinização Cruzada: "A princípio, prosseguiu Bernard, os criadores estudaram outros circos. Depois, pediram aos artistas que fizessem o mesmo. Com o tempo, todos os membros do Cirque estavam utilizando todas as influências externas possíveis, de praticamente todos os campos da atividade humana - pintura, cinema, música, o que fosse. Essa espécie de polinização cruzada era dos segredos do extarordinário frescor e vitalidade do Cirque."
O que ajuda - prazos. O que atrapalha - papelada, burocracia.. "cada nova regra ou formulário atrapalha. Eles acabam com a mágica, cortam a eletricidade da ispiração. Com restrições em excesso, você para de pensar no que pode fazer e começa a pensar no que não dá pra fazer."
(Com os olhos do público) De vez em quando, mandam alguns dos artistas ou Staff para assistir ao espetáculo. Uma noite na platéia é capaz de transformar os próprios artistas.
"Não é só conhecimento técnico que a gente quer, é a sensibilidade artística que nos permite criar equipamentos em perfeita sintonia com o espetáculo. (...)
Não é um meio termo entre segurança e arte, não pode haver a menos concessão com relação à segurança, nem a menor concessão com relação à aparência. Precisamos 100% de segurança o tempo todo, e 100% de estética. É isso que torna tudo tão desafiador, é o que nos obriga a sermos criativos: nada de concessões."
"Primeiro é preciso acertar toda a parte mecânica, depois toda a estética, de modo que deixe de ser uma máquina apenas e se torne um ambiente capaz de apoiar e alimentar a apresentação dos artistas."
"Temos contra-regras em todas as apresentações, em tempo integral, olhando tudo, testando tudo e testando tudo de novo. Se somos nós os responsáveis, temos de estar lá. Precisamos encontrar novas maneiras de testar os nossos sistemas, de conferirmos se não estamos negligenciando nada. Mas, de qualquer forma, os nossos instrumentos mais importantes continuam sendo os nossos sentidos: olhos, ouvidos, nossa intuição."
"Nossa determinação de nos mantermos na nossa zona de conforto é tão grande que aprendemos a conviver até com a decepção, se ela for um terreno familiar em que nos sintamos protegidos. Os nossos medos nos impedem de atingir as nossas metas. Só se nos dispusermos a correr riscos podemos esperar realizar algo extraordinário."
(erre mesmo, com vontade)
importância da maquiagem - a maquiadora que vai aonde está o elenco, procuram ajudá-los a redescobrir os personagens.. como sabe que são competitivos, começou a aperecer com pinceis gravados com "melhor maquiagem", "melhores olhos" e etc..
(arrisque-se)
Todo mundo no Cirque faz mais do que é pedido, excede expectativas, arriscam.
(Reinvente-se) - roda alemã.. Dance conforme a música, saiba confiar, se deixar levar.
"Estou convencido de que, quanto mais nós oferecemos aos nossos artístas e técnicos, em todos os sentidos, mais eles vão nos dar em troca. A nossa intenção é garantir o conforto dos nossos artistas sob todos os aspectos possíveis, para podermos, do outro lado, deixá-los desconfortáveis nas suas ideias - desafiá-los, desestabilizá-los. Quanto mais fazemos isso, mais fundo eles mergulham nos papeis.
(trabalhe com o que você tem); (flexibilidade)
(aprendendo a confiar) - Philippe, o palhaço.
Em busca da pérola interior. Cada pérola surge de uma areia, uma sugeira, algo desagradável.