Thaylan 21/07/2015
O evangelho de um ateu
Resenha em forma de tópicos sobre o livro Ímpio – o evangelho de um ateu:
- Não existe igreja, existe seita religiosa. Onde um grupo se intitula “o detentor da única verdade”, e o único capaz de nos levar, à salvação.
- Igreja pentecostal é uma farsa. As igrejas pentecostais alegam falar a língua dos anjos, o que é identificado como: glossolalia. Porém, no livro bíblico Atos, capitulo 2, não diz que em Pentecostes os apóstolos falavam a língua dos anjos. Veja que, em 1 Corinthios 13:1 Paulo diz que não fala nem as línguas estrangeiras dos homens, muito menos a língua dos anjos e somente com o amor ele conseguiu pregar o evangelho e disseminar o cristianismo em Roma. Pois bem, se ele, Paulo, o maior responsável para a conversão das pessoas e a criação do cristianismo no império romano, não falava a língua dos anjos, então deus teria recusado o espirito santo ao seu principal apóstolo e hoje em dia cede esse dom a qualquer um? Muito incoerente e arrogante quem pensa assim.
- Jesus, longe das imagens que temos hoje, ocidentalizadas, não era branco com cabelos lisos e longos de rosto esguio. Muito mais provavelmente era negro de cabelos crespos e curtos, por ser um judeu de origem sefardita e semita.
- Se um cristão se diz praticante, que a bíblia é um manual a se seguir, e portanto, a história de ONÃ que encontramos no Velho Testamento deve ser exercida, então: não podem ser cristãos e ao mesmo tempo trabalhar aos sábados e comerem carne de porco. Caso contrário, estão descumprindo os mandamentos.
- Uma grande contradição é deus considerar pecado instintos que ele mesmo criou, é como se ele considerasse o espirro um pecado, porque ele construiu o homem do modo como o homem é. Como então ele pede que o homem vá contra a sua própria natureza? É uma grande contradição.
- As igrejas e principalmente deus nunca são responsabilizados de culpa, só são responsáveis por coisas boas. É como dizer que os resultados de um time de futebol não é devido aos seus jogadores e técnico, mas só aos jogadores. A culpa é geral, o técnico ensina o modo de jogar e os jogadores seguem a cartilha.
- Ao dizer que a Bíblia é um livro infalível os cristãos protestantes estão dizendo que os católicos são infalíveis, porque a bíblia foi compilada e formatada no concílio de Nicéia 4 séculos depois de cristo. Concílio este, formado por católicos.
- Os cristãos acham que as outras religiões são inventadas, ora, se outras religiões podem ter sido inventadas por que não o cristianismo? Sendo que ele não foi a primeira religião existente?
- O problema da coexistência de deus e do mal, por Epicuro (341 A.C)
Consideremos as seguintes hipóteses:
1- Deus é onipotente, onisciente e infinitamente bom.
2- Um Deus bom deseja impedir que o mal exista.
3- Se Deus não sabe onde está o mal ele não é onisciente.
4- Se Deus sabe onde está o mal mas não pode impedir ele não é onipotente.
5- Se Deus sempre sabe onde está o mal mas não pode impedir ele não é onipotente.
6- O mal existe.
7- Portanto, um Deus onisciente, onipotente e bom não existe, a não ser que seja um Deus mal.
- Cristãos podem argumentar que o mal vem do homem pelo seu livre-arbítrio, mas quem criou o homem? Para que haja o bem necessariamente precisa existir o mal e Deus foi quem criou todas as coisas. Se ele criou o homem com tendência ao mal, logo ele foi conivente com a maldade. Mas suponhamos que esse cristão esteja certo: o homem é quem cria o mal através do livre-arbítrio. Se Deus é onipotente e não interfere diretamente no ser humano, o que dizer dos fatores climáticos como furacões, tsunamis, por que Deus não intervém e salva vidas? Por que em um assassinato ele não conspira contra o bandido furando o pneu do carro ou fazendo as balas falharem?
- Há um argumento criado por um filósofo alemão, chamado Leibniz. Ele dizia que: “Aquilo que acontece de ruim e mau, foi feito por Deus e permitido por ele, pois, poderia ter ocorrido algo ainda pior se aquele mal não fosse feito”. Ele foi desmoralizado e ridicularizado por Voltaire em seu livro Cândido, como sendo o Dr. Panglos, um otimista que tentava ver o lado bom nas coisas sempre. Ora, que lado bom existe no Holocausto? Ou nas 1° e 2° Guerras mundiais? Há contentamento com a mediocridade, devemos nivelar por baixo? E ainda não esqueçamos que esse mito cai por terra com o principio de onipotência: se deus permitiu coisas ruins é porque ele é impotente, se permitiu por escolha então é conivente, e quem pode acabar com o mal e não acaba – é imoral, é mal, mas de modo algum é justo e bom.
- Voltaire por sua vez criou o principio do deísmo: deus existe, criou o mundo e todas as coisas, além de ter criado as regras do jogo, mas não controla o mundo, apenas observa. Mas qual a diferença de um deus que não faz nada e a não existência de um deus?
- Crentes estúpidos dizem duas bobagens que são: vocês não acreditam em deus, logo acreditam no demônio – não acreditamos nem em deus nem em demônio, acreditamos no que vemos e pode ser provado. Outra coisa que dizem é: você é ateu mas deus tem um plano pra você – legal, um plano fazendo eu não crer nele. (Risos).
- Um dos “argumentos” que religiosos mencionam recorrentemente é que: “não existe prova pra tudo, logo a ciência não sabe tudo porque o projeto de deus esta acima da capacidade humana”. Sim, a ciência assume que não sabe tudo e quando erra assume o erro também, vocês nunca provaram que deus existe ao mundo, pois se tivessem feito não haveriam ateus. Agora, não significa que pela ciência não conseguir provar tudo, que por isso deus existe. Essa é a falácia “God of the Gaps” (deus das lacunas), aonde a ciência não explica vocês jogam deus lá, depois a ciência explica e vocês jogam deus em outro lugar. Fica nessa de esconde-esconde. Antes a Terra era considerada o centro do Universo, diziam que o Sol girava em torno da Terra; foi provado que isso era mentira – a Terra é que gira em torno do Sol – e que existem outros milhões de planetas e galáxias. Então vocês dizem que deus está em tudo, mas não mostram ele. Dizem que nós temos que querer vê-lo, ou ele é quem tem que querer aparecer. Esse discurso não muda nada.
Em suma: é um livro muito engraçado que conta a vida de um menino criado nas tradições religiosas cristãs e que era muito religioso, tinha muita fé mas, isso de nada o ajudou. Vale a pena a leitura mesmo para cristãos, principalmente os honestos que buscam a autocritica e refletir sobre o que lhes é dado como pronto. Buscando a verdade acima de suas emoções para viverem seguros do que sabem, ou melhor, para aceitarem o que não sabem.
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OBS: Tento um Blog intitulado "Ceticismo, Conservadorismo e Capitalismo" aonde eu posto várias resenhas e muito mais: artigos informativos, textos filosóficos. Deixarei o link na descrição!
site: www.thaylangranzotto.blogspot.com.br