Resenhas - Valsa Nº 6

Na Literatura Selvagem 12/10/2017

O teatro Rodrigueano
Enquanto executava ao piano a Valsa nº 6 de Chopin, Sônia, uma jovem de 15 anos é assassinada misteriosamente. Na condição de morta, seus monólogos mesclados a diálogos imaginários tentam remontar o que antecedeu seu último suspiro. A garota revela uma verdadeira trama de assassinato, e alucinações que confundem o leitor entre o mundo real e o imaginário.

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Bia Nunes 09/08/2014

Nelson Rodrigues - Valsa nº 6
Valsa nº6 é título da peça dramática brasileira, tendo como autoria Nelson Rodrigues. Foi escrita em 1951, sendo a décima peça do autor. A peça repousa na palavra, trabalhada dramaticamente. Foge da lógica e do racional, e cai na linha do poético. Tal valsa (fazendo mensura ao título) é uma música de Chopim, pela qual Sônia, a principal e única personagem (pois se trata de um monólogo), é obcecada - afinal, foi assassinada enquanto tocava, bravamente e incessantemente, a música.
Sônia é uma garota de quinze anos que foi assassinada por golpes de punhal vindo de um homem mais velho, Paulo, já casado, mas por quem Sônia tinha um caso e era apaixonada. A narrativa gira em torno dos delírios da garota que tenta lembrar partes da sua vida, contando de forma fragmentada sua história. Fala consigo mesmo durante toda a peça. Não se lembra nem do próprio nome, que o evoca ao longo do texto, trazendo consigo características de sua personalidade, que por outrora, eram ocultas.
Apesar de ser um monólogo, a trama traz outros personagens. Pais da garota, que aparecem logo no início, preocupados com os transtornos da menina. Doutor Junqueira, o médico da família, descrito por Sônia como um velho por quem tinha medo e que pagava passagens do bonde para as meninhas, trazendo com ele uma incógnita de pedofilia. Paulo, um homem mais velho e já casado, com quem ela tem um caso e se apaixona. E o coro, que pode ser caracterizado por curiosos, fofoqueiros, e até mesmo um bêbado, que falam sobre a menina morta. Todos esses personagens são representados por Sônia, a única presente em cena.
Há quem acredite que a personagem está à beira da morte. Não morta, e sim, como quem está entre a vida e a morte, agonizada, tentando entender toda a situação. Como se montar um quebra cabeça com suas memórias acontecesse no seu último suspiro de vida.
Entre acessos de psicose e doçura, agindo como mulher e também como menina que se recusa a admitir sua própria identidade, Nelson sustenta a história de Sonia, envolvendo adultério, pedofilia, traumas e alucinações da adolescência, entre outros fatos.

Fabio Shiva 30/08/2010

Monólogo de Sônia, “menina assassinada aos quinze anos”.
Nelson não via o menor problema em uma personagem morta (não há aqui a menor conotação de espiritismo ou algo assim).

Encenada, com uma boa direção e uma atriz de quilate, “Valsa nº 6” deve ser uma experiência de grande densidade poética.

Ficou a curiosidade de ouvir a Valsa nº 6 de Chopin, que é o grande mote da peça.