Cintia 12/07/2015Um hotel que pode existir em nós.Este livro possui conteúdo adulto.
A indicação deste livro foi a partir desta lista: http://www.buzzfeed.com/sarahgalo/books-from-around-the-world-to-read-before-you-die#.xlqKV5W1k, confesso que gosto de listas!
A leitura de Hotel Íris, da autora Yoko Ogawa, tem a premissa de nos contar uma história de amor sem limites de uma jovem de 17 (Mari) e um homem mais velho, aproximadamente 50 anos de diferença. Certo dia a personagem principal, Mari presencia uma situação embaraçosa no hotel de sua mãe, um homem é insultado aos gritos pela mulher que o acompanhava e a retaliação do homem a sua acompanhante acaba por despertar o interesse da jovem.
De forma sensual e sexualmente brutal, a autora nos leva a um romance de narrativa perturbadora. Confesso que os sentimentos descritos mergulha o leitor em um romance intrigante em busca de motivos, razões e lógica, mas não há! No contexto do prazer sexual, sabe-se que não existem lógicas ou razões, mas sim sensações que nos arrancam do conhecido.
Mari, de forma inocente ou extremamente consciente se interessa por este homem e se apaixona pelo homem educado em público, e também brutal em sua vida íntima. Os sofrimentos, violências são feitas e Mari as aceita, retribui e provoca em si. Esta personagem busca um prazer só dela, algo de que ninguém saiba ou tenha que dividir, a cada dia procura a companhia de velho homem e de seu jeito doentio de amar. É uma esquiva para Mari da relação dominadora materna, de seu óleo de camélia.
Na narrativa temos violência física, moral, psicológica e prazer, um homem que beira a velhice com desejos reprimidos e brutais, que uma jovem que se permite experienciar o amor brutal e o amor epistolar.
Não é uma leitura tranquila, longe disso, mas é instigante, provocativa, nos causa estranhamento. As cenas de sexo são intensas contadas de maneira sutil, bela e poética. Mari, como escrava sexual, não oferece uma narrativa vitimizada, mas sim uma fala apoderada impulsionada pelo desejo de ser desejada e pela descoberta da sua sexualidade e sua liberdade.
Recomendo a leitura!