Stefanie 09/04/2019
A abertura: longa e cuidadosa organização de um campo de possibilidades
Após uma detalhada introdução de algumas edições do livro até seu último lançamento em 2015, Umberto Eco inicia sua teoria com uma análise da linguagem poética, defende que uma obra de arte é sempre aberta, livre à reação de quem a usufrui, ou seja, uma obra de arte é uma estrutura que qualquer pessoa pode “usar” como bem entender. Essa livre forma de interpretação (chamada de possibilidades contínuas de abertura) tem como consequência uma quantidade indefinida de leituras possíveis, onde cada uma das quais leva a obra a reviver, segundo uma perspectiva pessoal diferente. Para isso o autor nos traz muitos exemplos, cada um com grande aprofundamento, não só envolvendo a literatura, mas também a música e as artes plásticas.
Para nos apresentar formas de como essas obras são disseminadas e consumidas, o autor nos explica sobre a Teoria da Informação. Informação como algo que se junta com o conhecimento que o indivíduo já tem e apresenta novas aquisições de conhecimento. Em seguida divaga em muitos exemplos, citações de teóricos da área, em pesquisa quantitativa, matemática e probabilidade, rs... Uma de suas conclusões é que a informação está associada à desordem, algo que não está próximo do habitual e/ou previsível.
Temos páginas e páginas dedicadas à teoria musical e filosofia, Eco nos dá maiores explicações e exemplos sobre o funcionamento de abertura de uma obra. Um capítulo inteiro sobre enredo e casualidades que vemos em diversas manifestações culturais, e outro capítulo inteiro dedicado ao consumo de informação pelas massas, onde ele prova que todos nós somos alienados por natureza (ele usa um tom extremamente pessimista, porém legal). O livro se encerra com uma entrevista feita ao autor em 1966 pelo poeta Augusto de Campos.
ECO, Umberto. Obra Aberta. Trad. Giovanni Cutolo. 10 ed. São Paulo: Perspectiva, 2015.