Faz escuro mas eu canto

Faz escuro mas eu canto Thiago de Mello




Resenhas - Faz escuro mas eu canto


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Luciana 22/07/2023

Não tem o que dizer do Thiago né? Estava com saudades de suas palavras que acalentam, abraçam e trazem paz.
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Lett 06/02/2023

Livro lindo!!
Poemas incríveis, fofos e n achei difícil de entender
N tem mto o q falar porém gostei bastante!
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Adriana Scarpin 14/01/2022

Em honra do imenso poeta Thiago de Mello (1926 - 2022).

Não são tantos poetas assim que podem levar a alcunha de imensos na vida e na arte, mas Thiago de Mello foi um deles, na época do golpe de 64 ele era adido cultural no Chile (onde ficou amigo do Pablo Neruda), mas renunciou ao cargo por não querer fazer parte de um governo tão vil. Perseguido pela ditadura no Brasil, acabou voltando ao Chile que tempos depois ganhou sua própria ditadura.
Faz escuro, mas canto é uma obra-prima dentro de sua carreira, começou a ser escrito no Chile e foi terminado no Brasil, exatamente durante o período de transição entre democracia/ditadura brasileira e é nele que consta seu poema mais mundialmente famoso:

Os Estatutos do Homem (Ato Institucional Permanente)

A Carlos Heitor Cony

Artigo I.
Fica decretado que agora vale a verdade.
que agora vale a vida,
e que de mãos dadas,
trabalharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II.
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III.
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV.
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo Único:
O homem confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Artigo V.
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.

Artigo VI.
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII.
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII.
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX.
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha sempre
o quente sabor da ternura.

Artigo X.
Fica permitido a qualquer pessoa,
a qualquer hora da vida,
o uso do traje branco.

Artigo XI.
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo.
muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII.
Decreta-se que nada será obrigado nem proibido.
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.

Artigo XIII.
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade.
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.

Santiago do Chile, abril de 1964

Publicado no livro Faz Escuro Mas Eu Canto: Porque a Manhã Vai Chegar (1965).
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><'',º> 12/01/2018

'Faz Escuro mas Eu Canto' resgata os contornos verdadeiros das coisas e das almas - o amor ferido, as cantigas de roda, o açude, a fome, os sem-terra, entre outros. Em sua obra, Thiago de Mello inspira coragem, reacendendo a esperança de dias melhores.

Descrição no livro
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Márcio Moreal 02/09/2015

Recomendo!!!
Há poemas sem poesia: são amontoados de palavras intencionais, sem mágica. Não é o caso de "Faz Escuro Mas Eu Canto", onde tudo é mágico, poético, magistral! Estatutos do Homem é um dos mais belos escritos em nossa língua.
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Jeane 23/10/2012

Faz Escuro mas Eu Canto traz uma coletânea de 31 poemas de Thiago de Mello, datados de 1959 a 1965. Esta edição apresenta uma breve retrospectiva da criação do livro, bem como a origem do título. Os poemas falam muito da repressão militar, busca da liberdade e igualdade, em um tom monótono que me fez demorar a ler o livro. Apesar disso, gostei do poema Os Estatutos do Homem, motivo pelo qual dei três estrelas.


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