O museu da inocência

O museu da inocência Orhan Pamuk
Orhan Pamuk




Resenhas - O Museu da Inocência


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Veri 16/01/2024

Museu Genial
Mais de 600 páginas devoradas. Quando fiz o click e entendi, não parava de me surpreender com a genialidade de Orham Pamuk.

Ajudou que me contara que o Museu da Inocência realmente existe em Istambul - é uma extensão do livro? Mas o livro também se coloca como um catálogo do museu?

Não sei, sei dizer que antes de julgar o caso de Kenal e Fusum, temos que pensar que estamos mergulhando na sociedade turca, e temos tanta coisa interessante para aprender!

Aprender não no sentido de crescimento pessoal ou de nação, mas em termos de cultura e experiência.

Só quero entrar num avião e visitar este museu amanhã, com meu livro na mão.
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Anica 09/07/2011

O Museu da Inocência (Orhan Pamuk)
Publicado pela primeira vez em 2008, O Museu da Inocência é o livro mais recente do escritor e ganhador do prêmio Nobel Orhan Pamuk a ganhar tradução aqui no Brasil. O romance fala basicamente do amor de um homem sobrevivendo ao tempo, mas seria injusto reduzir a obra a apenas isso. Tal como um passeio por um museu, a realidade é que O Museu da Inocência oferece possibilidades variadas de leitura, e talvez nisso resida um dos tantos charmes desse excelente livro.

Através do texto de Pamuk somos levados à Istambul da década de 70, conhecendo o protagonista e narrador da história, Kemal. Ele é um homem de 30 anos, rico, feliz e noivo de uma mulher da sociedade, tendo um futuro promissor. Uma vida perfeita, embora não seja nesse momento que ele reconheça a própria felicidade. O que o narrador nos confidencia é que ele nunca fora mais feliz do que em uma tarde passada com a amante, uma prima distante chamada Füsun, que reencontra por acaso mas que nunca mais sai de sua vida.

Como já dito, em uma leitura superficial poderíamos falar que a história é sobre o amor de Kemal por Füsun, amor que vira uma obsessão quando ele se dá conta que a perdeu, o que faz com que ele desenvolva o hábito de coletar todos os objetos que ela tenha tocado para lembrar dela. Kemal ama Füsun e toda sua vida (e narrativa) se dá em função dela a partir do momento em que a garota aparece. Mas a sensação que dá é que ele não enxerga que o amor não é recíproco, pelo menos não na medida em que faria ambos felizes.

O interessante na narrativa sobre o amor dessas personagens é que Pamuk utiliza uma série de vezes o recurso de flashforward, seguindo uma narrativa linear da década de 70 até o fim da década de 90, mas em alguns momentos fazendo esses saltos para o futuro. O texto já abre com um desses saltos, descrevendo a tarde que Kemal via como o momento em mais fora feliz. Outras vezes isso se repete, antecipando algo que virá a acontecer, mas com isso superlativando a paciência da personagem para conseguir reconquistar a amada.

Mas O Museu da Inocência vai além disso. Há na obra um relato das mudanças pelas quais a Turquia passou ao longo dos anos, de um tempo em que o sexo antes do casamento ainda era visto como costume “europeu” e “moderno”, até os dias mais atuais, quando as ruas e prédios pelos quais a personagem andara não mais existiam. Essa marcação do tempo, a surpresa diante das mudanças, o descompasso de quem está tão apegado às memórias que não vê o futuro chegando, aparece a todo momento na história, como no momento em que Kemal diz:

Quando vi, mais ou menos nessa época, que a boutique Şanzelize tinha fechado, fiquei penalizado não só pela perda das minhas memórias, mas igualmente por uma sensação repentina de que a vida tinha seguido em frente sem mim.

A memória é peça-chave no romance, porque é a partir dela que a personagem consegue por muitos anos o seu contato com Füsun, e manter vivo o amor (ou obsessão) que sentia por ela. É a mesma coisa que nos faz guardar uma carta de um antigo amor, a foto de algum lugar que visitamos ou o canhoto de uma apresentação de teatro em especial. Mas no exagero de Kemal tantos objetos são recolhidos que próximo ao fim ele resolve fazer o Museu da Inocência, para manter viva a memória de sua amada.

É curioso o momento em que Kemal passa a ficar obcecado por museus (visita mais de 5000 até o momento da conclusão do livro), conhecendo detalhes, investigando o funcionamento e se encantando com o que via. No que era uma pesquisa para criar seu próprio museu, é possível dizer que a personagem desenvolve uma nova paixão. E da necessidade de catalogar os itens, e contar as histórias dele (e em uma jogada de metalinguagem bem legal) Kemal pede ajuda do escritor Orhan Pamuk para contar seu amor por Füsun.

Nisso, temos um texto com duas vozes. A maior parte do tempo domina o narrador-protagonista Kemal (e é curioso ler a personagem queixando-se da escolha do autor pela narração em primeira pessoa, a partir do ponto de vista de Kemal), mas mais para o fim ele diz adeus e então Pamuk se apresenta, e assume o resto da narrativa como um narrador-personagem, que investiga a história de Kemal buscando outros pontos de vista.

É um romance lindo, porque apesar do protagonista bastante obsessivo com relação ao amor, ele ainda assim consegue através de metáforas e comparações fazer dele uma personagem bastante comum, muito crível. É impossível não se reconhecer em algumas nuances das personalidades de Kemal, e compreender a personagem, especialmente quando no belíssimo desfecho ele garante ao leitor: Que todo mundo saiba que tive uma vida muito feliz.

Vale a pena entrar nesse museu e conhecer esta história, tão sensível e tão bonita, não só sobre o amor mas também sobre a passagem do tempo. Do que nos faz feliz e como atribuímos valores diferentes a determinados objetos por conta da lembrança que eles nos trazem. Curiosamente, Pamuk resolveu fazer de fato um “Museu da Inocência”, que ainda não está pronto mas será inaugurado em breve, seguindo exatamente as descrições do romance. Sorte de quem poderá ir para Istambul e conferir. Mas como o próprio autor diz em entrevista, “deixe eu lhe dizer muito claramente que o romance veio primeiro. Para mim, a literatura está sempre na frente. O romance vale por si e eu não quero falar muito sobre o museu antes de falar o bastante sobre o livro.” E que fale muito sobre o livro mesmo, porque há camadas e camadas a serem comentadas após a leitura, isso é certo.
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Livros e Pão 07/04/2021

O livro de uma vida
Descobri esse livro através de uma aula e me apaixonei pela premissa antes mesmo de lê-lo. O livro não me decepcionou. É uma história incrível, sensível e bela e posso afirmar que se tornou um dos meus livros favoritos da e sobre vida. Recomendo para todos e todas.
Foi difícil resumir tudo o que senti aqui nessa caixinha, então, se tiver interesse, confere tudo o que eu achei na resenha que eu fiz para o youtube (link a seguir) :D

site: https://youtu.be/H8S9t73bjLo
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Sophia Estrela 25/03/2021

Pode comer a minha esposa, eu deixo
O museu da inocência nada mais é que o retrato de um cuck. E sabe a pior coisa? Que eu me emocionei com isso.
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Emerson.Soliz 19/10/2020

Lindo
Orhan Pamuk torna muito viva a história de Kemal e Fusun. Por vezes me vi preso e sofrendo junto de Kemal enquanto passeava por uma Istambul que ao fim do livro me deu certa saudade e melancolia por já não existir.

Uma das coisas que mais gostei no livro é como ele narra a vida cotidiana de pessoas não envolvida nos conflitos políticos que a Turquia viveu nos anos 70 e 80. É sempre interessante analisar a vida ?comum? dentro de momentos conturbados politicamente.

Ao fim do livro, podemos dizer: ?eu tive uma leitura muito feliz?
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Anderson916 11/06/2020

Sim, cairam algumas lagrimas do meu olho no final.
Uma obra prima...
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Flávio 23/05/2020

"eu fui feliz"
o amor com o fato mais importante em nossas vidas, mesmo quando a resiliência diante dos desencontros beira o desperdício de uma vida, a beleza do sentimento vivido através das pequenas coisas e gestos conclui “eu fui feliz”
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E. 25/04/2020

"[...] e eu era ela".
Não lembro se algum outro livro impactou tão profundamente a minha alma.

O panorama político, histórico e cultural da Istambul dos anos 70/80, contextualizado à narrativa, causou-me o sentimento de pertencimento.

O privilégio do amor, o sofrimento inevitável da vida, a passagem do tempo, a ausência de controle sobre os acontecimentos do mundo concreto, os afastamentos e os reencontros consigo mesmo e com os outros, trouxe-me a crueza da vida.
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Paula 23/06/2019

Um livro tocante... em alguns trechos, maçante, cansativo. Um livro que vai além da história de um amor obsessivo, traz a história de vida de um homem que se mostra ao descobrir seu amor, um homem que escolheu seu próprio caminho e arcou com as consequências dessa escolha, tomou suas próprias decisões em detrimento das opiniões sociais, seguindo insanamente seu objetivo maior. O livro mostra sua persistência, sua confiança, sua esperança, malgrado todas as evidentes frustrações, solidão e dor que pudessem vir (e vieram).
Um história bem escrita, bem elaborada, bonita, triste, angustiante e frustrante para aqueles que ignoram a perspectiva do personagem. Devo confessar que nas últimas duzentas páginas, mais ou menos, não consegui parar de ler, assim como foi Neve, trouxe certa inquietação à minha alma.
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Geovanats 24/10/2018

Fascinante!
Realmente fazia muito tempo que não lia um livro tão bem escrito. Senti empatia pelos personagens pois em todos é possível visualizar com naturalidade seus defeitos e qualidades, e o que eu achei o melhor deste autor (é o primeiro livro que leio dele) é que como a história é narrada em primeira pessoa pelo protagonista, não nos fica claro o real caráter dos demais personagens, o que pensam, como de fato ocorre na nossa vida, pois apenas temos temos o ponto de vista do protagonista, as suas impressões, como ele enxerga e sente os fatos e as pessoas, tendo apenas alguns vislumbres distintos na quase reta final (e que mesmo assim são pensamentos dele).
Adorei essa forma humilde de escrever, deixando o leitor livre na leitura.
Bom, quanto a história devo dizer que também é muito bem delineada. Uma história de amor que se passa na Istambul dos anos 70 e 80, com uma riqueza de detalhes não apenas no plano histórico e geográfico/físico, mas também na mentalidade da sociedade local.
Leitura obrigatória!
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Renan 31/12/2012

Arqueologia de um amor: o mistério do passado é sua irrecuperabilidade. A perspectiva material é a angústia de uma testemunha muda, a vida transformada em coisa. Só resta ao pesquisador - aquele que de algum modo se deixa envelhecer com o passado - o toque. Passar a partir dele à experiência perdida do vivido é o desafio que se impõe entre nós e os mortos (aqueles que não fazem parte de nossa vida). Kemal é a ruína de um império que se incendiou pela chama do amor. Füsun é a presença em memória e dor da irreversibilidade do tempo.
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Pedro Valadares 05/05/2012

Paixão, dor e sofrimento
Logo no primeiro capítulo do livro, o personagem principal descreve o dia mais feliz de sua vida. Deduz-se, então, que o restante do romance narrará dias mais melancólicos. E é isso que acontece. Contudo, durante as quase 600 páginas, Ohan Pamuk descreve o cotidiano e os fatos históricos da Turquia. Podemos conhecer os costumes do país islâmico mais ocidentalizado do mundo.

Os livros de Pamuk são símbolo dessa Turquia moderna que tenta equilibrar a tradição com o modernismo e decidir se é mais asiática ou europeia.

O romance ajuda a entender melhor o país e combater esteriótipos. Além disso, a leitura é super agradável, apesar de exigir bastante. Kemal, personagem principal, nos faz sentir todo tipo de emoção, da alegria à pena.

Recomendo!
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