Hibisco roxo

Hibisco roxo Chimamanda Ngozi Adichie




Resenhas - Hibisco Roxo


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Bookster Pedro Pacifico 01/03/2020

Hibisco roxo, Chimamanda Ngozi Adichie - Nota 9,5/10
Para quem vê de fora, a família de Kambili aparenta ser perfeita (para o ponto de vista de uma família tradicional/conservadora da Nigéria). Pai bem sucedido, filhos educados e estudiosos e uma esposa que cumpre sua função de dona de casa. No entanto, o livro vai abordar justamente a realidade que se esconde dentro da rotina da casa de Kambili, uma realidade que revela as consequências catastróficas do fanatismo religioso. O pai da protagonista é um cristão fervoroso e que faz de tudo, até recorrendo a castigos físicos, para impor suas crenças e tradições sobre os filhos e esposa. O mais interessante do livro está no choque cultural vivenciado por Kambili e seu irmão quando vão passar um tempo na casa da sua tia, em um bairro universitário e simples da Nigéria, onde estarão livres da tirania familiar criada pelo pai. O encanto dos dois pela liberdade contida em pequenos detalhes do dia a dia dos primos é impressionante e deixa claro os efeitos negativos que o fanatismo religioso e a intolerância podem gerar.

site: https://www.instagram.com/book.ster
Suelen Vidal 03/03/2020minha estante
Chorei com esse livro ....


Margô 19/07/2020minha estante
Sou uma admiradora de Chimamanda, e confesso que todas as obras que li, permitiram-me boas reflexões, além de conhecer alguns aspectos do povo Ibo, e da cultura nigeriana, além das intricadas relações étnicas. Contudo Hibisco Roxo, é a minha obra preferida!


Angel 14/08/2020minha estante
Lendo esse livro e adorando, Chimamanda traz de forma muito únicas boas reflexão acerca da sociedade


Thalita.Evandro 06/01/2021minha estante
Muito envolvente, a maneira como é narrada a história, as descrições detalhadas prendem demais a leitura.


Iris 10/01/2023minha estante
Estou lendo e amando muito


Barbara.Monteiro 12/04/2024minha estante
Estou amando o livro, embora seja triste ver o que os filhos passam dentro de casa e como eles são fechados para os outros e para o mundo. Várias vezes me vem a vontade de chorar. Mas estou maravilhada com o livro.




Alê | @alexandrejjr 17/03/2020

Para conhecer e crescer

Sempre tive curiosidade de conhecer o trabalho da Chimamanda. Do que lia a respeito, meu interesse só crescia. Em "Hibisco roxo", carta de apresentação dessa grande escritora nigeriana, nos deparamos com todos os temas que percorrem a ainda curta obra da autora: colonialismo, violência doméstica, emancipação feminina, desigualdade social e, é claro, racismo. Todos os temas são explorados na dose certa, no momento correto durante o decorrer do romance e tudo acontece através do olhar doce de Kambili, jovem menina negra e rica que integra uma família rigorosamente católica.

Apesar da escrita simples, sem grandes inovações ou aspirações estéticas, esses elementos - a menina protagonista e a classe social em que ela se encontra, caracterizando o espaço onde será contada a história - enaltecem os possíveis objetivos que Chimamanda busca em seu romance de estreia. É instigante entender o que se passa no microcosmo de Kambili e como funciona a dinâmica de sua família. De certa forma, os leitores acompanham a formação do caráter da nossa protagonista, a moldagem da sua visão de mundo que, é bom lembrar, é posta à prova através dos conflitos familiares.

"Hibisco roxo" é um livro importante. Mais do que isso: é um livro necessário. A quantidade de homens que o leem é, aparentemente, baixíssima se comparado ao número que eu julgo necessário conhecer essa história. Chimamanda mostra uma natureza masculina extremamente preocupante, perversa e inaceitável e, por esses e outros motivos, é preciso ler o que ela tem a dizer.
Ana Carvalho 17/03/2020minha estante
Leitura impactante!


Alê | @alexandrejjr 19/03/2020minha estante
Realmente, Ana. Quanto mais próxima da protagonista for a leitura, maior o impacto.


flapicolo 17/05/2021minha estante
Todos os livros dela são maravilhosos. Esse aí e Americanah foram os que mais gostei!


Alê | @alexandrejjr 11/06/2021minha estante
Realmente, Flavia. Acho que ela já é uma forte concorrente ao Nobel, inclusive. Infelizmente, por pura incompetência, "Hibisco roxo" ainda é o único livro que li dela. "Americanah" está na lista sem fim, mas antes dele quero conferir "Meio sol amarelo", pois parece o meu tipo de estória!


samuca 28/06/2022minha estante
Esse está na minha lista. Quero ler ainda esse ano


Linara.Chaves 29/06/2022minha estante
??????????


Jamile157 29/06/2022minha estante
Livro extremamente necessário, é de fato uma escrita simples, porém me tocou fundo. Já tenho vários dela na minha lista.


Alê | @alexandrejjr 01/07/2022minha estante
Obrigado pela leitura, Linara!

Jamile, já sabes qual é o próximo dela que tu vais pegar? Eu quero seguir com "Meio sol amarelo", me parece o romance mais maduro dela...


FAtima311 26/11/2023minha estante
Estou lendo agora. Gostando muito.




Rosangela Max 05/02/2022

Comove e incita à reflexão.
Esta história aborda tantos temas relevantes e difíceis: Intolerância religiosa, opressão, violência doméstica, tirania? tudo isso partindo de uma figura que deveria ser o pilar da família e um exemplo a ser seguido e que acaba sendo o contrário. E o pior, o contrário do que um homem temente a Deus deveria ser.
Falar sobre a escrita da autora é desnecessário. Ela é uma escritora consagrada e não é à toa. Mas com esta história ela foi além.
Nos apresentou todos estes temas, além dos ?problemas? da Nigéria, sem abrir mão da sensibilidade. Tocando diretamente a nossa consciência e o nosso coração.
Recomendo muito.
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Eduardo 29/11/2022

"Eu nunca sorria depois de rezar o rosário em casa. Nenhum de nós sorria."
Mesmo através de uma prosa simples e sensível, a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie faz de Hibisco Roxo uma narração árdua e intensa, que toma lugar em um dos momentos mais importantes da história do país: o instável período após sua independência da Inglaterra, marcado por fortes conflitos civis e sucessivas tentativas de golpes militares. Esse contexto nos ajuda a entender alguns episódios do núcleo político da obra, mas também a compreender as reminiscências - não só políticas, como também culturais, religiosas e econômicas - do período colonial, peça fundamental e força motriz de todo o romance.

Kambili é uma adolescente criada em uma restrita e conversadora família católica, chefiada por Eugene, um homem extremamente autoritário, que faz uso de conceitos fundamentalistas de sua religião para transformar seus familiares em prisioneiros de seus dogmas. Estritamente regrado, o patriarca controla não apenas os horários de seus dois filhos, como também suas companhias, rotinas e visitas. Kambili e Jaja - seu irmão mais velho - são forçados a conceber o mais alto desempenho em seus estudos, sendo fortemente castigados quando não o conseguem.

Em outra ponta está Beatrice, a esposa de Eugene, vítima constante de humilhações psicológicas e violência doméstica. Totalmente submissa às ordens do marido, inicialmente ela sequer é capaz de proteger seus filhos, mas habita em si a consciência do que acontece em sua família, algo que, aos poucos, florescerá de maneira peculiar, ao mesmo tempo em que seus filhos passarão por uma transformação parecida.

Falar de Hibisco Roxo é falar de personagens complexos, mesmo que estejam imersos em uma narrativa aparentemente despretensiosa. O que jamais pode ser considerado simples são as consequências multifacetadas que resultarão desse enredo, que envolve, dentro do âmbito familiar, um mergulho na história e cultura popular da Nigéria, nas religiões e línguas locais, tudo isso contribuindo para a construção de uma "identidade onisciente", uma característica que, como já se sugere, permeia todos os núcleos, servindo de alicerce para uma espécie de "epifania velada" que se seguirá nos momentos finais da obra.

A trama é iniciada com Kambili descrevendo um momento de revolta de Jaja à mesa, desafiando as ordens do pai e o rito sagrado que o mesmo promove em casa, justamente em um Domingo de Ramos, data de muita importância dentro da tradição católica. Na realidade, essa revolta não tem fundamentos religiosos; é uma rebeldia de enfrentamento ao pai por seu caráter autoritário e violento, e que usa o fundamentalismo religioso do pai como vetor. Entretanto, essa cena é uma consequência da história que ainda será narrada, adiantando-nos as mudanças significativas pelas quais tanto Jaja quanto Kambili haviam passado.

Cronologicamente, o enredo começa quando Eugene permite que os filhos visitem, por alguns minutos, o avô paterno, Papa-Nnukwu, por insistência de Ifeoma - a irmã de Eugene. Por ser considerado pagão, visto que não havia se convertido ao cristianismo e conservava suas crenças locais, Papa-Nnukwu era impedido de ver seus netos pelo próprio filho, tanto que Eugene nem mesmo o visitava, muito menos permitia que ele os visitasse.

Nesse ponto, é relevante destacar que, como resultado da colonização britânica, muitos nigerianos foram influenciados pela catequização dos brancos, processo bastante comum em países coloniais. Foi por conta dessa imposição religiosa que muitos habitantes abandonaram suas crenças e passaram a seguir o cristianismo, o que acabou gerando, em muitos nigerianos, uma espécie de fanatismo religioso, caso esse que se encaixa perfeitamente na história de Eugene. Ajudado - em especial financeiramente - pelos cristãos, ele viu sua vida mudar de modo completo, tornando-se um homem extremamente rico, poderoso e influente, dono de diversas fábricas alimentícias. Um dos motivos pelos quais ele coloca seus rituais acima de quaisquer outros tem a ver, entre outros fatores, com uma espécie de agradecimento aos cristãos que mudaram sua vida. Todavia, como lhe foi ensinado que tudo o que é contra sua religião deve ser amplamente rejeitado, ele rejeita também quaisquer outras pessoas que não compactuem com suas crenças, incluindo seu próprio pai, que não se submeteu ao processo de catequização. Essa intolerância é, desde sempre, repassada a Jaja e Kambili, tornando-se, para os dois, algo completamente natural.

Ademais, é importante ressaltar que o extremismo religioso de Eugene se deu também devido aos abusos psicológicos que ele sofreu durante a "intervenção branca". Esses abusos, consequentemente, são repetidos em sua família, sendo ele o interventor. Diante disso, compreendemos a naturalidade com a qual Kambili narra as atrocidades vividas dentro de casa, como a cena em que ela e o irmão limpam o sangue da mãe espancada no chão, como se estivessem apenas realizando uma mera faxina; ou como quando Eugene leva Jaja para o hospital depois de ter esfolado a mão do filho por ter errado duas questões na prova de catecismo. Sendo educados pelo método da submissão, com consequentes severas punições físicas e psicológicas, ainda que seja revoltante, a narração passiva de Kambili é apenas fruto da naturalização da barbárie familiar, agravada pela privação que lhes é imposta de viver abertamente a vida e conviver em sociedade.

De volta ao enredo, após a visita ao avô, é Ifeoma quem novamente convence Eugene a deixar que os filhos façam uma viagem, dessa vez para sua casa, para que passem um tempo com os primos. É a partir daí que a semente da consciência é plantada. Durante os dias que passam na casa da tia, eles conhecerão uma realidade completamente diferente da sua: Ifeoma e seus filhos - Amaka, Obiora e Chima - são pobres, inclusive passando por dificuldades financeiras que têm consequência, aliás, na rotina alimentar. A casa é simples, a água - não encanada - deve ser usada com cautela e os móveis são precários; no entanto, apesar da aparente dificuldade inicial, Jaja e Kambili aprendem a se adaptar. Aprenderão, no entanto, algo muito mais precioso: a liberdade.

Ifeoma, professora universitária, transita entre o catolicismo e as tradições nativas, educando os filhos de maneira livre, de modo a estimular neles o pensamento crítico, o que causará um impacto cultural gigantesco, aparentemente mais em Kambili do que em Jaja, porque o irmão se desabrochará com muito mais facilidade para acolher essa nova visão de vida. Kambili, entretanto, ainda apresentará certa resistência, ficando chocada com o modo como os primos discutem de igual para igual com a tia, como se sentam à mesa de forma descontraída e como conversam sobre temas que, em sua casa, são proibidos.

A resistência de Kambili ao observar a vida além de suas próprias paredes se dá por um curioso conflito interno, que tenta derrubar uma espécie de idolatria que ela tem pelo pai, o que não a torna de modo algum conivente, mas a deixa desarmada, porque, segundo o pai, todos os castigos - físicos e psicológicos - são etapas diretamente vinculadas à "vontade de Deus". Impotente diante dessa vontade, ela demora a se questionar. No entanto, três pessoas contribuirão para que esse processo se acelere: a prima Amaka, que a estimula a questionar; o padre Amadi, personagem bastante complexo e uma figura religiosa totalmente diferente daquelas com quem Kambili havia se habituado; e o próprio Jaja, que representa uma espécie de força e inspiração para a irmã, e que passa, então, a se sentir responsável pela transformação a caminho.

A condução da história pela voz de Kambili nos remete a sensações de medo, submissão e silêncio. Diante de seu próprio contexto, a menina é relutante a transformar seus sentimentos em palavras, a dialogar, a denunciar, tanto que as consequências desse novo florescer são repassadas de um modo ainda quase neutro, como no início do romance. É de se esperar que, depois de tantos anos sob o regime do pai, nem ela nem o irmão sejam capazes de se conscientizar repentinamente; a certeza da punição ainda os assombra.

Quanto ao papel da própria Chimamanda em seu texto, é válido dizer que em momento algum a autora lança críticas a qualquer religião, pensamento dogmático ou preceitos e rituais; as críticas de Hibisco Roxo são concentradas essencialmente na deturpação humana das crenças religiosas para que o homem as use como alicerce para defender sua maquinada posição autoritária, sua violência e seus preconceitos. Aí se encontra Eugene, uma personificação de grande parte dos deuses de dezenas de religiões - aquele que é severo e punitivo, mas que também se compadece e sofre com seus filhos. É um pai bárbaro e descomedido, mas que derrama lágrimas depois de violentar os filhos; é desprezível com seu próprio pai e gente da sua própria terra, mas um grande filantropo e ativista político (é dele um dos pouquíssimos jornais de oposição ao governo e pró-democráticos da Nigéria). É um personagem complexo, e que nos deixa com a seguinte pergunta em mente: teria sido ele diferente se não tivesse cedido a um cego fundamentalismo, fruto de uma "dívida moral" com seus colonizadores?

Hibisco Roxo é um livro necessário, e é interessante ver como tantas discussões podem se desdobrar de uma obra mais ou menos despretensiosa. Mas talvez seja esse mesmo o propósito da autora: não apenas admirar o resultado, mas, sobretudo, observar todo o processo de desabrochamento, assim como acontece com o próprio hibisco roxo, uma planta relativamente rara e que floresce alegremente no jardim de tia Ifeoma. É Jaja quem decide levar uma muda para casa. É no jardim deles que agora florescerá algo novo que eles tiveram a oportunidade de conhecer, ainda que tardiamente. É Jaja quem planta, é Kambili quem descreve e participa do florescer, mas a colheita é para todos.

"(…) Fiquei surpresa de ouvi-lo [Papa-Nnukwu] rezando por Papa com a mesma sinceridade com que rezava por si mesmo e por tia Ifeoma.
- Chineke! Abençoe os filhos dos meus filhos. Deixe que seus olhos os acompanhem para longe do mal e perto do bem.
(…)
(…) Ele ainda sorria quando me virei silenciosamente e voltei para o quarto. Eu nunca sorria depois de rezar o rosário em casa. Nenhum de nós sorria." (pp. 179-180)
mpettrus 29/11/2022minha estante
Nossa, essa resenha ficou maravilhosa ???????? Objetiva, mas sem deixar de pontuar algumas análises subjetivas; sucinta e breve, embora seja um texto extenso, mas soube sintetizar um dos temas do livro que é o fundamento religioso. Acredito que também o que mais te chamou atenção. Isso também chamou muita a minha atenção e despertou-me a curiosidade pra embarcar na leitura desse romance. Parabéns pela resenha.


ROBERTO468 30/11/2022minha estante
UOUUU Que resenha maravilhosa, eu quero muito ler, principalmente pela autora ser a Chimamanda, e tu ressaltou que é um livro necessário, amo personagens e narrativas complexas, ele deve levantar questões importantes né?!


Eduardo 30/11/2022minha estante
Valeu, Mitchell! Muito obrigado ? Fico lisonjeado com seus pareceres. Aliás, eu gosto de texto extenso; gosto de esmiuçar tudo kkk. Sim, o fundamentalismo religioso é o ponto essencial, porque é consequência da colonização, mas também causa tanto do cotidiano da protagonista quanto da mudança que ela sofre. Vale muito a pena. Recomendo demais a leitura!


Eduardo 30/11/2022minha estante
Opa, Junior! Valeu. Muito obrigado ? É um livro com debates realmente necessários e complexos, porque são tratados de forma subjetiva, de modo a levar o leitor a questionar as ações de cada personagem. Recomendo muito!


mpettrus 30/11/2022minha estante
Beleza, Dudu!!! Recebi a notificação do YT de que você lançou vídeo novo no canal. Logo, logo eu vou parar pra assistir porque deve ser sobre esse livro. Grande abraço ?


Eduardo 04/12/2022minha estante
Sim, é sobre esse livro mesmo, Mitchell. Muito obrigado ?? Grande abraço!


Márcia Naur 01/02/2023minha estante
Confesso que não gostei da escrita. Enrola Demais. Tentei ler Americana e senti a mesma coisa.?




iamdudis 30/01/2022

Leitura importante!
O livro foi recomendado pelo @Ray Of Light no meu projeto de leitura indicada por amigos.

Hibisco Roxo é um livro com uma escrita sensível e objetiva. Retrata uma Nigéria atual, desgovernada e opressiva. A história é narrada pela adolescente Kambili Achike.

Kambili é uma jovem de uma família rica que mora na Nigéria. Seu pai é um religioso fervoroso e alienado que usa agressão física e psicológica em nome de Deus. Assim como a sua mãe, Kambili e seu irmão mais velho, Jaja, vivem numa bolha e controle mental e também de privilégios.

Nas férias, Kambili e seu irmão vão passar com a sua tia Ifeoma e seus primos em um bairro simples e universitário. Com o tempo e longe de seu pai, os irmãos descobrem uma vida sem os privilégios e ficam chocados com a realidade de outras famílias. Através deste momento na trama temos a ruptura da bolha social que os irmãos viviam. Eles passam a sorrir mais, ter suas próprias opiniões e ver a vida de uma forma mais leve.

O livro é muito bem escrito, personagens bem desenvolvidos. Em meio ao drama da jovem Kambili, vemos também a forma que a religião pode ser perigosa e terrível, assim como temos a política em colapso e opressão.
Ray of Light 30/01/2022minha estante
Uma das minhas primeiras leituras, amiga! Fico feliz que tenha gostado, uma folga dos mistérios, denúncias e contos eróticos, acompanhamos o choque de realidade entre a bolha de Kambili e sua família do interior, culminando na sua evolução como pessoa.




Fernanda 05/07/2020

Ler Chimamanda Ngozi Adichie e não se apaixonar pelas histórias dela é bem difícil. Fazia muito tempo que eu não mergulhava em um romance e o lia tão rapidamente, é uma leitura que vale a pena.
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guidenker 01/02/2016

O embranquecimento do negro
“Como formar uma identidade em torno da cor e da negritude
não assumidas pela maioria cujo futuro foi projetado no sonho do
branqueamento? Como formar uma identidade em torno de uma
cultura até certo ponto expropriada e nem sempre assumida com
orgulho pela maioria de negros e mestiços?” (MUNANGA, 1999: 124)

Hibisco Roxo, Companhia das Letras -2003.
Hibisco Roxo é um livro sobre como o poder se exerce do mais forte sobre o mais fraco. Dispondo de estruturas como a Igreja, colonização e famílias patriarcais, brancos dominam negros, homens dominam mulheres, pais dominam filhos e governos dominam cidadãos.

RACISMO

Os nigerianos, assim como os índios brasileiros, sofreram um apagamento de sua cultura pelos colonizadores (No caso da Nigéria, pelos britânicos). Kambili, nossa protagonista, aprende com o pai -um fanático religioso- que a cultura dos brancos é superior. Culpa da obra missionária, que trouxe a religião católica como a correta. O pai de Kambili assimila para si os preconceitos trazidos pelos missionários e os reproduz sem ter a noção de que seu discurso se volta contra si mesmo.

Em casa é permitido falar o idioma igbo, mas em público tem de falar o inglês, que "é mais civilizado". Não se pode cantar nas Igrejas, porque "não é algo que um branco faria". Os cantos na igreja também têm de ser em inglês (dessa vez, ordens do padre, um britânico branco). A coisa chega ao ponto de Kambili imaginar um deus pessoal e branco. Todas essas práticas acabam por resultar na perda da identidade de um povo. É o aniquilamento de uma cultura por outra cultura que se acha superior. O famoso etnocentrismo.

Em uma passagem, a personagem Amaka, menina bastante esclarecida, indaga um padre negro que está indo em missão para a Alemanha:

"Os missionários brancos trouxeram seu deus para cá -disse Amaka.- Um deus da mesma cor que eles, adorado na língua deles, e empacotado nas caixas que eles fabricam. Agora que estamos levando esse deus de volta para eles, não devíamos pelo menos empacotá-lo em outra caixa?" pág.281

Não é difícil traçar paralelos com o Brasil, em que a mesma estratégia usada lá para repudiar a religião e a cultura tradicionalista, é usada aqui para repudiar as religiões e cultura de matriz africana. A estratégia é dizer que são obras do demônio e essas práticas são porta de entrada para o inferno. Temos exemplos de terreiros incendiados por membros de religiões neopentecostais e a ala das baianas que estava encontrando dificuldade para achar membros, pois as senhoras estão aderindo a essas religiões evangélicas e sendo proibidas de participar do carnaval.

MISOGINIA

O poder baseado na diferença de gênero também é mostrado. Ele é exercido contra as mulheres para sustentar a dominação masculina. A mãe de Kambili é submissa ao ponto de ficarmos com raiva de tana passividade. Mas ao longo da leitura suas razões são mostradas. Ela sofre de dependência financeira e emocional. Ela depende do marido para todas as decisões e apanha dele. Não fez uma faculdade e não possui nenhuma perspectiva de emprego.

Seus diálogos são sempre reveladores da sua condição. Ela é grata pelo marido não ter arrumado outra esposa e a tirado de casa com os dois filhos atuais. Ele pode fazer isso porque ela não lhe deu mais filhos e vem sofrendo consequentes abortos (ironicamente, abortos que são em parte consequência das agressões sofridas).

Em um diálogo com a cunhada, ela reproduz todo o senso comum aprendido pela esmagadora maioria da população: que a mulher se realiza no casamento. E em seguida tendo filhos. Trabalhar, fazer uma faculdade não importa. No que a cunhada retruca:

"-Não sei quem vai tomar conta de quem. Seis meninas da minha turma de primeiro ano estão casadas. Os maridos vêm visitá-las de Mercedes e Lexus todo fim de semana, compram estéreos, livros e geladeiras para elas e, quando elas se formarem, eles é que vão ser os donos delas e de seus diplomas. Não entende?" pág. 84

Não, ela não entende. Também já assimilou um preconceito que se volta contra ela mesma.

FIGURAS DE AUTORIDADE

Kambili tem muita dificuldade em questionar, em ter opinião, em grande parte porque apreende da relação com o pai que não se deve questionar figuras de autoridade. Todas as ordens são obedecidas à risca.

Talvez por estar um pouco mais abaixo que o irmão na escala de poder (ela é negra, é mulher e é jovem), ela não consegue transgredir nesse ponto. O irmão sim, começando a desafiar os costumes do pai, principalmente no quesito religioso. Vale ressaltar que os dois recebem praticamente a mesma educação.

A tática de dominação do pai é o medo. Se fizer algo fora do costume religioso, há o inferno. Se fizer algo que desagrade o pai, há os castigos, que nunca são brandos. Vão desde apanhar de vara do jardim até pisar em água fervente "para se purificar do pecado". A religião se une à ignorância para criar punições que garantem a manutenção do controle sobre os corpos.


O OPRIMIDO COMO ALIADO DO OPRESSOR

Simone de Beauvoir, no seu O Segundo Sexo, analisando os mecanismos que mantêm as mulheres subjugadas , diz que "O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos". A máxima fica claro durante o livro. O pai de Kambili, que sofre com o racismo trazido pelos missionários, perpetua esse mesmo preconceito pensando que a cultura dos brancos é superior. Assim é a mãe da moça, que sofre com o machismo do marido, mas reproduz esse sistema de dominação masculina pensando que a mulher deve se sujeitar a todo tipo de absurdos para ter um casamento e filhos.


Hibisco Roxo é uma excelente leitura e, como a autora mesma diz, um livro para enxergarmos o perigo de se ter uma história única, uma única visão dos fatos. É desses que vou sair recomendando à exaustão.

site: http://cronicasentrelinhas.blogspot.com.br/2015/12/o-embranquecimento-do-negro-sobre-o.html
Lize 03/06/2016minha estante
A melhor resenha sobre esse livro que li até agora!
Uma coisa que gostei bastante é que a Chimamanda colocou uma personagem nigeriana de família católica da classe média alta, e no começo achei que não faria sentido escrever um livro sobre a nigeria colocando uma personagem catolica e rica como personagem principal, contando a história da perspectiva dela, mas acho que foi uma ótima decisão.




Renata Almeida 16/05/2020

"Vivendo na gaiola dourada."
 
kambili, menina de 15 anos, mora na Nigéria com os pais e o irmão, de família abastada, influente e rica, mas, devido ao apego extremo à religião e as regras rígidas de seu pai, eles sofrem fisicamente, psicologicamente e emocionalmente.
Numa reunião de família no Natal, a tia, irmã do pai, convida os irmãos a passarem a temporada na casa dela, graças à qual aprendem uma nova realidade que os deixam felizes e compreendem que não existe uma visão única do mundo. 
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Polly 02/03/2020

Hibisco Roxo: colonialismo, machismo e racismo (#100)
Comecei a ler Chimamanda pelos seus "manifestos": Sejamos Todos Feministas e Para Educar Crianças Feministas. Foi a primeira vez que realmente abri os olhos ao feminismo, pois até então eu não me via como uma mulher feminista. Chimamanda me fez ver o quanto assumir essa identidade é necessário.

Eu imaginava, sim, que seus romances fossem vir cheios de personagens que sofrem opressões machistas, quase sempre tão normalizadas. A gente sempre escreve sobre o que respira e vive, e eu sabia que a alma dessa escritora respirava justiça social e luta contra o machismo. Porém, eu não imaginava que seria tão intenso, tão avassalador.

A história de Kambili é pesada, não só porque fala do machismo tão entranhado e normalizado dentro de sua própria casa, mas porque também retrata todos os males do abuso da autoridade parental, da religiosidade fanática, do colonialismo e do racismo estrutural, que faz com que as próprias vítimas o reproduzam e odeiem a si próprias.

Eugene, pai de Kambili, é a mais triste faceta do colonialismo branco europeu. Eugene odeia a sua própria cor, odeia a sua própria cultura, odeia a sua própria história, e faz da vida de sua família um verdadeiro inferno, pois ele deseja que todos eles sejam algo que nunca serão, e que nem precisariam ser, que não deveriam ser. Eugene vive do ódio que sente e Hibisco Roxo nos encharca dele e nos faz definhar junto a Kambili, sua mãe e seu irmão.

Hibisco Roxo ainda explora o aspecto histórico e político da Nigéria, que como todos os países que passaram por processo de colonização, possui uma democracia frágil. E, em algumas coisas, o livro parece contar também a nossa história. O livro parece falar do Brasil. Não dá para não ver as semelhanças.

É impossível respirar durante algumas passagens de Hibisco roxo, pois elas são doloridas demais. É impossível não identificar covergências entre a história de Kambili e as histórias reais que a gente vê na TV, ou ouve falar, ou que conhece. Chimamanda escreve sobre pessoas reais e isso é o que mais dói, que tudo aquilo não é só ficção.

Aconselho muitíssimo a leitura de Hibisco Roxo. A escrita da autora é uma das coisa mais fascinantes com que já tive contato, ainda que bastante simples. Pretendo ler todos os outros escritos por ela. Chimamanda é, com certeza, uma autora para ser lida o quanto antes!

P.S.: Nem acredito que cheguei na minha centésima resenha no Skoob

site: https://madrugadaliterarialerevida.blogspot.com/2020/04/hibisco-roxo-colonialismo-racismo-e.html
Ane Elyse Fernandes 20/03/2020minha estante
Uau! Que resenha incrível! Hibisco roxo me fez odiar tanto Eugene, mas infelizmente continuam existindo pessoas como ele em nossa realidade. Gratidão por compartilhar conosco suas reflexões!


Ana Rosa @aleatoriosda.ana 20/07/2020minha estante
Cheguei a metade da história agora. A sua resenha é maravilhosa




Livrissimu 09/04/2020

SORRIR TAMBÉM PODE SER UMA FORMA DE REBELIÃO!
As coisas começaram a se deteriorar lá em casa quando meu irmão, Jaja, não recebeu a comunhão.

O silêncio opressor repousa como manto pesado sobre a família Achike, abruptamente ferido quando Jaja, em um Domingo de Ramos, diz seu primeiro NÃO. Uma revolta lancinante, sobretudo à castração psicológica que sofrem das mãos do mais íntimo carrasco, Eugene, seu Papa. Entretanto, é pelo olhar ingênuo da adolescente Kambili que testemunhamos os sofrimentos e abusos que lhes são rotineiramente infligidos.

Apesar de adorado por todos como homem público, Eugene assimilou ensinos jesuítas de forma deturpada, levando-o ao fundamentalismo religioso uma hipocrisia doméstica. A esposa tem sua voz suprimida; os filhos nem sabiam que tinham uma. O terror do pecado e penitência invade cada momento, resultando num medo paranóico e uma noção doentia de que cicatrizes são marcas do amor (eu sabia que que quando o chá queimava minha língua, queimava o amor de Papa dentro de mim).

Assim, através do retrato do extremismo das crenças, da britanização da língua e negação dos costumes Igbos, a autora propõe uma crítica severa ao processo de colonialismo branco sobre a África. Com uma escrita estranhamente delicada, tão capaz de contar barbaridades entre sussurros, Chimamanda faz o leitor se aproximar para ouvir melhor e acabar caindo para dentro das páginas sem que se aperceba.

A construção do simbolismo do hibisco roxo é uma das coisas mais lindas aqui. A flor é vista pela primeira vez na casa de Tia Ifeoma: um lugar de risadas altas, em que Jaja e Kambili são incentivados a pensar, falar e desejar por si próprios. A flor é rara, feita sob medida e, nesse contexto, uma visão da emancipação. Gradualmente manifestando-se. Plantada no quintal. Furtivamente florescendo, ao mesmo tempo em que Kambili aprende o som da própria risada, antes estocada na garganta. Por fim, os hibiscos roxos são cheios de cor e um perfume com notas de uma forasteira liberdade.

NOTA: 9,5
Thárin 09/04/2020minha estante
Amei esse livro!!




Nil 30/08/2020

Existe uma espécie de terror psicológico que permeia toda a trama.
Li o tempo todo com um nó no estômago imaginando o que mais aconteceria com a personagem principal e os seus familiares.
O livro trata também das incoerências, preconceitos e hipocrisias religiosas.
Recomendo muito, mas informo que pode ser uma leitura difícil para as pessoas mais sensíveis.
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rach 17/12/2022

Grande obra! Rica em costumes e percepções da rotina nigeriana, personagens cativantes e narrativa que causa profundas reflexões sobre trauma, apego ao conhecido, abuso emocional e físico, e, principalmente: libertação por meio do amor. Tudo nesse livro te faz pensar, seja por discordar de alguma personagem, seja para entender por que a pessoa em questão não enxerga o quanto aquilo faz mal, o quanto reflete nas próprias inseguranças e necessidade de aprovação.
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Carol Poupette 01/02/2021

Um belíssimo livro, mas que nos deixa aflitos
Chimamanda é aquela escritora que você lê e recomenda qualquer um dos seus livros sem hesitar. Ela tem o dom da escrita e mostra uma Nigéria nua e crua, mas sempre deixando claro que não é por isso que deva ser deixada pelos seus. Sempre escreve sobre a relação dos nigerianos com outros países, como são tratados lá e o sentimento de "se todos forem embora da Nigéria, como ela vai se desenvolver".
Esse livro fala sobre intolerância e fanatismo religioso, como a imposição da religião católica tem consequências por vezes desastrosas para toda uma nação.
Sentimos e sofremos com todos os
personagens e no fim sabemos a mensagem que a autora queria nos passar.
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Nussa 21/03/2021

Hibisco Roxo
Um livro lindo, tanto pela capa quanto pela narrativa. Ao término da leitura tive uma certa ressaca literária, que não demorou muitos dias, pois a história é simplesmente emocionante. Foi um privilégio a leitura deste livro!
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Lívia 24/03/2021

Hibisco roxo
Para quem, assim como eu, ama Buchi Emecheta esse livro é mais um presente nigeriano. Triste, triste, lindo, lindo.
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