Lendário Tchonsky 06/05/2020
Enterrado vivo
Quando morava em Guarapuava, tive o prazer de ser entrevistado pelo professor Nécio Turra Neto, quando ele estava se preparando para escrever “Múltiplas Trajetórias Juvenis”. Recentemente li seu livro sobre a história do movimento punk e seus espaços em Londrina, intitulado “Enterrado vivo”.
É muito interessante pensar que o movimento punk aportou no Brasil, via São Paulo, na década de 1980 e logo em 1989 já chegou em Londrina. Em Guarapuava esse movimento chegou próximo do ano 2000. A propagação do movimento, na minha opinião, foi de grande velocidade e o professor nos mostra que um desses fatores era o fato dos jovens não conseguirem se encaixar na sociedade. E para se encaixarem num movimento recorrem a características como o tipo de vestimenta, pensamentos, músicas e os espaços. O autor literalmente conviveu com os punks em Londrina, tomando “litrão” nas calçadas, participando das entregas de sopão nas comunidades e comendo comida de lixo. E mesmo com toda essa intensidade, os punks de Londrina achavam que os de Curitiba eram sim os “punks de verdade”, a conhecida mazela de inferioridade que o pessoal do interior tem.
Em Guarapuava, estudei com um jovem de Londrina e ele ficava feliz ao relatar o livro e os lugares que o professor citava, pois ele também frequentava esses lugares. Uma forma de contemplação e orgulho por ver documentada uma época tão marcante para muitos.
Enterrado vivo é um livro que proporciona a chance para as pessoas pensarem “fora da caixinha” e aprender que o punk não é apenas aquele maluco sujo com cabelo espetado. Uma chance para refletir sobre os pré-conceitos e preconceitos da sociedade que vivemos.