Felipe 19/05/2022
O tempo não para ? O amor de mãe também não...
Quando eu adicionei o livro ?O Tempo Não Para ? Viva Cazuza? à minha lista de desejos, não imaginava que as histórias contadas seriam sobre a ONG construída por Lucinha Araújo, mãe de Cazuza. Eu estava atrás de um livro que contasse a história dele, as suas vivências e como ele se tornou um dos maiores artistas da música brasileira. Talvez eu tenha pecado em não ler a sinopse com afinco, mas admito ter tido uma ótima surpresa ao começar a leitura.
A obra, narrada por Lucinha, passeia por diversos momentos da vida de Cazuza antes e durante o tratamento da AIDS, mas foca precisamente no caminho seguido por ela após a morte do filho. Perder seu primogênito, que veio a ser um ícone do rock brasileiro, para uma doença incurável e sobrecarregada de preconceito e desinformação, foi uma das situações mais difíceis que alguém pôde viver, sem dúvidas. Lucinha, no entanto, começa a utilizar dessa dor da perda para ajudar outras pessoas ? em especial, crianças ? para eternizar o legado de seu filho e plantar esperança na vida dos portadores da doença.
Ela fundou, em 1994, a Sociedade Viva Cazuza, no estado do Rio de Janeiro, visando acolher e cuidar de crianças e adolescentes com HIV. A ONG, além de fornecer lar e acompanhamento médico de qualidade, prepara as crianças para a vida fora da instituição, provendo-lhes o direito ao estudo, a cursos profissionalizantes e a diversas atividades culturais que agregam em suas vidas.
Lucinha conta as histórias com uma sensibilidade e afago de mãe. Para ela, como citou em diversas passagens do livro, as crianças de sua ONG são os seus filhos. Cuida e preocupa-se com eles como se fossem frutos de seu ventre. É uma obra que cumpre lindamente os seus propósitos: relembrar a vida de Cazuza, resgatar a importância dos cuidados preventivos e os direitos dos portadores de HIV ao tratamento de qualidade e fortalecer a fé em relação a doença.