CAMINHOS DE LIBERDADE

CAMINHOS DE LIBERDADE Javier Moro




Resenhas - CAMINHOS DE LIBERDADE


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romulorocha 10/12/2020

Caminhos de liberdade, de Javier Moro - Nota 10/10
Cheguei a este livro na tentativa de compreender melhor a história da Amazônia e da luta pela sua preservação, mas o que Javier Moro apresenta neste livro vai além das expectativas. Autor dos best-sellers Paixão Índia e Sári Vermelho, Moro narra de forma vivaz e empolgante um pedaço de nossa história que não deveria jamais ser esquecido.
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Em Caminhos de Liberdade, o leitor é apresentado a um período da história do Brasil em que diversos ?brasis? confluíram desesperados para um único destino: a Amazônia. Começando pela ?batalha da borracha?, seguida pela construção da transamazônica, o massacre de povos indígenas e o surgimento dos garimpos, o legado de exploração e destruição da Amazônia e de seus povos foi sendo semeado a ferro e fogo. É neste cenário que somos apresentados a Chico Mendes e à sua trajetória de luta pela sustentabilidade e proteção da floresta e de seus povos.
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É uma leitura densa, dolorida, contagiante e revoltante. A forma como o autor descreve os personagens e os fatos históricos em si é de um brilhantismo sem igual. Há momentos em que a leitura até parece uma ficção (quem dera fosse).
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O livro me trouxe inúmeras reflexões, mas talvez a maior delas foi pensar que mesmo com todos estes anos de lutas e mortes pela proteção da floresta brasileira e de seus povos originários, este ainda é um tema que parece não ser relevante. Como @andressazap costuma me dizer, ?não é sobre pensar que mundo deixaremos para os nossos filhos, mas que filhos deixaremos para este mundo??. Eu gostaria que fossem filhos que amassem e respeitassem a floresta e os seus povos como Chico Mendes fez.
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?A morte de Chico Mendes mostrou ao mundo uma nova face da selva, a de um universo habitado por seres humanos em harmonia com as demais espécies, uma visão que revela a impressionante necessidade que os homens têm desse grande depósito de vida, dessa imensa fábrica de fotossíntese, dessa estufa da evolução?.
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?Aqueles que não entendem que se deve lutar de frente tanto pelo meio ambiente quanto pelo desenvolvimento não entendem a equação deste século. Só veem no curto prazo, e eu tenho que velar pelo longo prazo (Marina Silva)?.
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><'',º> 03/03/2020

Publicado pela primeira vez em 1993, o relançamento deste livro, em edição atualizada, mostra-se ainda mais relevante em um momento em que o tema da sustentabilidade da Amazônia e do mundo domina a agenda de todas as nações.

Teto extraído do livro
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Bruna.Patti 02/06/2019

Caminhos de liberdade
Resenha
Livro: Caminhos de Liberdade, A luta pela defesa da selva
Autor: Javier Moro
Ano: 2011
Número de páginas: 460
Editora: Planeta do Brasil

Achei essa obra prima da literatura numa banca que vendia livros pela bagatela de dez reais. Eu, como professora de Biologia, assim que li o nome Chico Mendes na parte de trás do livro me interessei. Não me arrependo de ter comprado.

O livro narra a saga de Chico Mendes- seringueiro, sindicalista, homem de esquerda, ativista pelo meio ambiente- na luta pela defesa da selva. Acompanha a trajetória da família de Chico, desde a juventude de seu pai, até sua morte. O autor narra a vida e luta não só de Chico, como de várias outras pessoas que participaram das lutas , foram companheiras desse ativista durante os anos. Conhecemos Mary Alegretti, uma professora universitária que se dedicou a construir escolas para os seringueiros e teve de enfrentar a ira dos latifundiários, afinal para que pobre empregado precisaria aprender a ler e escrever?
Conhecemos Gilson Pescador, um ex padre que lutou nas trincheiras da vida ao lado do companheiro Chico, e apesar de não possuir mais a batina, levou os ensinamentos cristãos a sério e entendia Jesus como homem que foi perseguido, e viveu e morre pelos pobres. Conhecemos personagens contraditórios, como o matador, ex açougueiro e ex garimpeiro Pernambuco.
Como na vida, os personagens não são unidimensionais, apenas bons ou maus. Todos tem suas contradições e suas qualidades. A exceção talvez fique por conta dos matadores de Chico e grandes latifundiários, preocupados apenas com a acumulação de riqueza em detrimento da exploração da natureza humana e não humana. As atrocidades cometidas pelos latifundiários contra os seringueiros e camponeses é de doer a alma, de arrancar lágrimas de indignação e tristeza. Observamos que os pobres desse país não tem voz e vez, nem direito à nada, nem ao mais básico dos direitos: o de ter uma moradia e garantia de alimentação.

O autor narra com maestria como o Brasil enquanto Estado ao longo dos anos vem tomando iniciativas para favorecer os grandes detentores da terra, deixando seus trabalhadores oprimidos à própria sorte. Acompanhamos o ciclo da borracha, a construção da Transamazônia e todas as consequências drásticas que isso veio a causar para os moradores da floresta e das cidades em volta dessa estrada; acompanhamos o sofrimento dos seringueiros durante a ditadura e sua aproximação com o PT, que representava naquela época a única alternativa de oposição aos militares e de luta nas bases.

O livro atenta para o fato de que o senso comum, a mídia e ate o governo tratam a região da Amazônia como sendo um vazio demográfico, sem gente morando. Sabemos que indígenas e os povos da floresta moram lá e cuidam do seu ambiente há muito tempo.
Chico, assim como as populações tradicionais, pescadores, quebradoras de coco, quilombolas, raízeiras, indígenas, fazem parte de um grupo que tem uma relação com a natureza totalmente diferente da nossa: eles são parte indissociável da natureza. Tem a consciência que para sobreviver, é necessário preservar, pois tiram seu sustento da floresta. Esses povos são responsáveis por reservas de minério, corpos de água sem poluição, solo protegido do agronegócio. Acredito que tenhamos muito a aprender com a maneira com a qual esses povos convivem com a floresta, e parar de tratar a natureza como objeto a ser explorada e dominada.

Conheci através da leitura do livro, toda a luta de Chico Mendes. Me emocionei, ri, chorei, me indignei com seu assassinato. Um povo que não tem memória, está fadado a repetir seus erros. É necessário que resgatemos nossos verdadeiros heróis, e façamos a reflexão de que, após 31 anos da morte de Chico Mendes, os grandes latifundiários continuam a matar os ambientalistas que acreditam em outra lógica de conviver com a natureza, que questiona o modo de produção capitalista. É necessário que saibamos quem foi esse ser humano, que resgatamos suas historicidade, sua materialidade e tenhamos sempre esperança em dias melhores. Recomendo a leitura.


site: https://abiologaqueamavalivros.blogspot.com/2019/06/caminhos-de-liberdade-luta-pela-defesa.html
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Flavia 04/04/2018

Livro Transformador
Estava procurando livros para enriquecer uma viagem que farei a Amazônia, encontrei esse título e achei a leitura fantástica, você conhece histórias de pessoas reais que viveram e vivem nessas remotas terras, que sofreram, pessoas boas e más, barbaridades que aconteceram a pouco tempo e que ainda acontecem... Ao terminar esse livro admiro ainda mais Chico Mendes e temo pelo futuro da Floresta Amazônica, para nós "pessoas do sul", parece uma terra distante, muitos brasileiros não tem nenhum interesse pela Amazônia, a consequência do descaso é o desmatamento, se mais pessoas pudessem ler esse livro entenderiam um pouco da importância da "luta pela defesa da selva"!
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ritita 10/02/2017

Não é um livro, É UMA DENÚNCIA.
Foi um tal de escrever, anotar, pesquisar, que só quem gosta muito.
Mais que um romance sobre o holocausto ambiental – uma denúncia!
A principio, lendo a contracapa parece um livro que nos leva e luta e à história do seringueiro e ambientalista Chico Mendes; é muito, muito mais.
Uma saga sobre a dilapidação da maior reserva florestal do mundo. Primeiro, por ignorância e necessidade, de onde os seringueiros locais e migrantes tiravam, a duras penas, a subsistência familiar; depois pela brilhantíssima ideia do governo militar, na figura de Garrastazu Médici , de tentar colonizá-la, sem pesquisa e/ou algum conhecimento sobre solo, clima, povos, etc.
A Rodovia Transamazônica era para ser uma estrada de 5.000 quilômetros que atravessava a floresta Amazônica, a partir de João Pessoa no Nordeste até a fronteira com o Peru. Foi um dos mais ambiciosos programas de desenvolvimento de reassentamento econômico já inventados, e um dos maiores fracassos do governo brasileiro em todos os tempos. Os planejadores imaginavam que cada uma teria entre 48 e 64 casas, escola primária, capela ecumênica, armazém, clínica e farmácia. Além disso, cada família teria uma gleba de 100 hectares, na qual teriam de deixar metade do terreno preservado, além de ganhar um salário por seis meses e fácil acesso a empréstimos agrícolas, em troca de se estabelecer ao longo da rodovia e converter a floresta circundante em terras agrícolas. Se tudo desse certo estava previsto que a produção dessas famílias iria abastecer o mercado interno com milhões de toneladas de feijão, arroz e milho, bem como ganhar milhões de dólares através da exportação de café, cacau, pimenta, laranja e outras cultura. Nada disto funcionou; mais que os índios e os ribeirinhos, A FLORESTA NÃO PERMITIU!
No projeto, não houve nenhuma preocupação com a preservação do meio ambiente da Floresta Amazônica.
Além dos fracassos econômicos e sociais, foi absolutamente destuidor o custo ambiental de longo prazo. Após a construção da Rodovia Transamazônica, o desmatamento subiu para níveis nunca antes vistos. Ao longo dos anos, as florestas virgens deram lugar a fazendas de gado, madeireiras e minas de ouro. Durante períodos extremos na década de 1990 e início de 2000, mais de 25.000 quilômetros quadrados de floresta foram desmatados por ano.
Discorre ainda, sobre os primeiros ambientalistas brasileiros, os indianistas Villas Bôas, até a completa devastação de hectares, muitas vezes superiores ao tam. de alguns estados, para a formação de pastos, em terras subsidiadas por posteriores governos a latifundiários do sul e sobre a corrida do ouro.
Resultado desta sanha destruidora que não beneficiou ninguém, já que a floresta é inacessível em seus recônditos? Extinção total de algumas tribos – por assassinatos e doenças - milhares de morte dos povos ribeirinhos que tentaram resistir aos poderosos (seringalistas endinheirados, até políticos da alta cúpula) e perda de uma parte considerável de pura floresta, a troco de nada.
Algumas tribos indígenas, que habitavam, desde os primórdios, uma área equivalente a França (643.801 Km2), após muita luta e muita morte, hoje possuem apenas o equivalente ao tam. da Holanda (41.543 lm2)!
Calcula-se que dentro da floresta amazônica convivem em harmonia mais de 20% de todas as espécies vivas do planeta, sendo 20 mil de vegetais superiores, 1400 de peixes, 300 de mamíferos e 1300 de pássaros, sem falar das dezenas de milhares de espécies de insetos, outros invertebrados e microorganismos.
Somente no último capítulo, Javier dedica-se a Chico Mendes. De seringueiro alfabetizado (raridade), amante e defensor da causa extrativista, Chico, depois de muita luta, passou a ser conhecimento internacionalmente por renomados ecologistas e, principalmente, pelo BID (Banco Interamericano de desenvolvimento e principal fonte de financiamento para projetos de desenvolvimento e redução da pobreza na América Latina), que não tendo resposta do governo brasileiro as suas exigências, congelou os créditos para o desenvolvimento do Acre, desagradando a políticos nacionais e latifundiários, que o viam, não mais como uma pedra no sapato, mas como um verdadeiro perigo. Darly Alves, mandante da morte de Chico, fazia parte destes latifundiários prejudicados.
Crônica da morte anunciada? Sim, e Chico Mendes sabia disto, era apenas questão de tempo e local, já que esta causa já havia feito inúmeras mortes, apenas não noticiadas por terem acontecido à época da ditadura militar.
O livro é um caudal de informação e conhecimento; tão amplo que deveria ser leitura obrigatória, senão no ensino fundamental, nas graduações de antropologia. Desnecessário dizer que a leitura foi imensamente elucidativa e, claro, extremamente prazerosa, afinal é a minha praia.
Se recomendo? A todos os brasileiros interessados em nosso país, apesar do livro ser quase desconhecido na obra do Javier. A primeira edição foi lançada aqui em 1991 e esta reedição é de 2011.
Único senão: a tradutora, Sandra Dolinsky, ter trocado a palavra embate por “empate”, parecidas na morfologia, mas diferentes no significado, o que, a principio confunde o leitor.
Notas da leitora:1) A Amazônia Legal se estende por nove estados brasileiros: Amazonas, Pará,Roraima, Rondônia, Acre, Amapá, Maranhão, Tocantins e parte do Mato Grosso, representando mais de 61 % do Território Nacional), e toda a biodiversidade subjacente.
2) O solo da bacia amazônica consiste principalmente de sedimentos, o que torna o leito da estrada instável e sujeita à inundação durante chuvas fortes. Com a estrada inutilizável por seis meses a cada ano, os colonos não tinham como escoar sua produção. Além disso, a produção das colheitas eram pequenas, uma vez que a camada fértil do solo amazônico é fina, e seus nutrientes se esgotam rapidamente, sem falar que com a falta da floresta, a erosão foi galopante.
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Luciana Sabbag 11/12/2015

Sempre fico impressionada com a qualidade do conteúdo e com a riqueza de informações e detalhes dos livros de Javier Moro, mas neste, essas características ficam ainda mais surpreendentes. Imagino quão trabalhoso é fazer uma pesquisa para construir uma obra dessas. Quando digo que Javier Moro é meu escritor favorito é porque cada obra sua é praticamente um curso de História para mim.
Caminhos de Liberdade foi escrito em 1992, publicado no Brasil em 2011, e conta a saga de Chico Mendes para salvar a Amazônia. Uma história tão importante para o nosso país, com repercussão mundial, porém tão esquecida por nossos líderes, autoridades e professores.
É curioso aprender sobre o próprio país pelas palavras de um estrangeiro, não é? Mas realmente não me lembro de ter ouvido falar da importância dessa luta por brasileiros. Uma pena que a imagem desse herói tenha ficado associada à ideologia do partido político que tem destruído o Brasil, mas o oportunismo está na origem dessa gente. O partido se apossou de uma luta que já estava em curso para se mostrar preocupado com as minorias -- como sempre. O barbudo do ABC se juntou ao sindicato de Chico para ajudá-lo, mas, obviamente, não fez diferença nenhuma. Todo o mérito deve ser dado aos seringueiros, aos índios, aos religiosos e professores de diversas partes do país, e aos incríveis pesquisadores e ativistas estrangeiros que se uniram à causa da selva. Ao ler este livro, minha ideia sobre a luta mudou. Eu não sabia da origem do problema. Para mim, a única coisa que importava sobre o tema era garantir o fim do desmatamento da Amazônia, pelo bem do meio ambiente e, consequentemente, da humanidade. Mas impedir os latifundiários de se apropriarem da selva era um problema muito mais profundo. A miséria e a injustiça que ali reinavam eram de uma tristeza inigualável.
Sobre a obra além da História, o estilo do autor já era claro. Javier narra as vidas dos personagens separadamente até juntá-las de maneira surpreendente. Ele tem o dom descrever os personagens coadjuvantes da trama como protagonistas -- e deixar o entorno da história ainda mais interessante e atraente.
Há um personagem neste livro que me cativou mais que Chico Mendes: Pernambuco. Não quero estragar a surpresa de ninguém contando o final, mas Pernambuco tocou o meu coração.
Flavia 29/01/2017minha estante
Acabei de comprá-lo. Recentemente finalizei O império é você, sobre Pedro I e tive a mesma sensação que você: a coadjuvante Leopoldina tomou a atenção da história. Javier Moro é um escritor fora do comum!!!


ritita 07/02/2017minha estante
Quase terminando e tendo o mesmíssimo deslumbre que você. Olhe que faço pós graduação em antropologia (ciência do homem no sentido mais lato, que engloba origens, evolução, desenvolvimentos físico, material e cultural, fisiologia, psicologia, características raciais, costumes sociais, crenças etc.) e cursos diversos sobre o assunto e só vim a conhecê-lo profundamente por um espanhol.




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