Auschwitz e Depois

Auschwitz e Depois Charlotte Delbo




Resenhas - Auschwitz and after


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Tiago 01/05/2023

Um testemunho daquilo que não cabe em palavras
"Refazer a vida, que expressão... Se há uma coisa que não se pode refazer, uma coisa que não se pode começar de novo, é a vida. Apagar e fazer de novo... Apagar e reescrever por cima... Não vejo como é possível" (p. 428).

Charlotte Delbo era francesa, ligada ao partido comunista e fez parte da resistência à ocupação alemã. Por essa razão, foi presa e deportada para Auschwitz onde passou 27 meses.

Existem vários relatos sobre os horrores dos campos de concentração nazistas. O de Delbo se destaca por mostrar a perspectiva de um grupo de mulheres, do cuidado que tinham umas com as outras e como isso foi fundamental para que algumas saíssem de lá vivas.

A obra é dividida em três partes que narram não apenas as atrocidades e a sobrevivência em condições sub humanas, mas também o peso que o retorno impôs às poucas que sobreviveram, por isso o título, Auschwitz e Depois. Além disso, Delbo vai intercalando a linguagem narrativa com poemas e uma metalinguagem por vezes irônica.

Não é uma leitura tranquila. Não há como ler e não se sentir mal. Mais do que um interesse mórbido pelo que ocorreu no famigerado campo de Auschwitz, essa leitura é uma tentativa de desprendimento de si e de empatia com o outro. Como aponta Márcio Seligmman-Silva no posfácio que integra a edição da Carimbaia, "a leitura exige um esforço não só intelectual, mas espiritual, de generosidade, de capacidade de escuta, no qual vivenciamos o mundo a partir do olhar do outro" (p. 448).
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Deise.Maria 19/08/2022

O Comboio dos 31 mil
Este livro contém o relato bem expressivo da prisioneira em Auschwitz, Charlote Delbo que foi uma militante comunista que lutou contra a opressão nazista a França. O livro faz parte de uma triologia, intitulado; Nenhum de nós voltará. Na narrativa Delbo não só reuni memórias de sua experiência dentro do Campo como tb representa as memórias de suas amigas como ela mesmo diz falar delas e uma forma de mante- las vivas.o leitor se depara com fortes sentimentos espremidos por Delbo de todo o horror que viveu .me tocou muito um trecho em que ela fala dos vários judeus que desembarcaram dos trens no Campo de concentração, ali ela dimensionou junta visão de uma maneira humanizada, quando ela fala das várias etnias reunidas ali, cada um com sua cultura, peculiaridades, e quando ela fala que muitos ali não voltaram. Entre todos os aspectos a narrativa da primeira parte é baseada em fatos com históricos, a segunda parte consiste em representar as memórias daqueles que viveram no campo de concentração que eram próximos a ela como também alguns trechos poéticos .A terceira parte consiste em um resumo dos escritos de Charlote bem detalhada e pontos que destacam a importância dos seus inscritos. Apesar de muitos cobrarem o silêncio pq segundo Charlote não se pode falar , pq como irão entender, o estado de torpor dela mesmo quando foi libertada pela cruz vermelha soviética mostra o impacto que uma história dessas tem na sociedade.como falar sede , de fome pra quem não sabe o que significa Auschwitz? Mas sobre a escrita dela vc conhece e sente , pq é uma escrita crua ao passo que tanbem é poética. Já li muitos livros sobre este tema e cada um me impacta de uma maneira diferente o livro escrito por Delbo não seria indiferente pq eu senti o torpor que ela sentiu quando foi liberta, como recomeçar? É muito nítido forma como ela expressa esse sentimento de estar viva e ao mesmo tempo se senti vazia e morta.
Destaco aqui que das 230 do grupo de Charlote apenas 49 sobreviveram , depois de 27 meses em campos concentração e logo após ser enviada par Ravensbruck ela foi libertada em 23 de abri de 1945.
" É por meio da escrita que se separa os mortos doa vivos"
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none 22/02/2022

O depois que todos ainda aguardamos
Charlotte Delbo saiu do campo de concentração para a ''vida normal'' no dia 23, quando ela chegou deportada da França com mais de duzentas detentas num trem de transporte de animais, Charlotte era militante comunista tornada prisioneira política, e teve suas roupas e bens espoliados, nua, trajando o uniforme de presa do campo de Auschwitz constituiu parte de uma minoria que sobreviveu por 27 meses. Suja, empoeirada, adoecida, sem perspectivas, mas ajudada pelas amigas conseguiu sair da prisão, mas a prisão não saiu dela nem de suas companheiras. Há de se salientar o apoio mútuo que as fez seguir. Delbo demorou para publicar seu testemunho, quando o fez na forma dessa trilogia: Nenhum de nós voltará, Um conhecimento inútil, Medida de nossos dias.
O que distingue ''Auschwitz e depois'' de outras narrativas de detentos de campos de concentração é que Charlotte conta na terceira parte a vida de suas companheiras, Ida, a judia é a única não francesa e portadora da estrela amarela sobrevivente do campo, Jacques o único homem (homens eram normalmente enviados para outros campos, ele foi um dos pouquíssimos prisioneiros políticos sobreviventes). O ''depois''' de cada um varia entre a vida feliz com o retorno aos familiares, a constituição de novas famílias, uma nova vida com trabalhos, dedicações, mas também solidão, distúrbios, doenças, toques, crises nervosas, traumas e evidentemente, loucura. Não há um depois. Um dos detentos, inclusive, sonha que retorna ao campo por livre e espontânea vontade. A parte que eu mais gostei foi a de Poupette: ''Pergunto-me se você vai me compreender: ter tido a sorte de voltar de Auschwitz e depois viver como se nada tivesse acontecido...''
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