Kath 03/05/2021
Nostálgico e fascinante
Minha relação com Agatha Christie começou na escola, havia alguns livros dela por lá e eu aluguei o primeiro, Os Quatro Grandes, por curiosidade e me vi encantada pela prosa misteriosa e surpreendentemente simples no que se refere à linguagem. Lembro que este foi um dos livros dela que mais gostei, contudo, como já tem um tempo considerável desde que deixei a escola, foi uma alegria maravilhosa revisitá-lo em idade adulta.
Na trama, nós somos levados aos preparativos de uma inocente festa de halloween para crianças, organizada pela rica e controladora Sra. Drake, ao que parece, a líder da pequena sociedade. Na festa enconta-se Ariadne Oliver, a autora de livros policiais amiga de Hercule Poirot e comedora assídua de maçãs. Enquanto organizam a casa para o evento que ocorrerá à noite, em uma tentativa de impressionar Ariadne, uma das meninas da festa, Joyce, afirma ter visto um assassinato. Por ser uma mentirosa compulsiva e todos saberem disso, ninguém dá atenção a ela no começo por mais que a menina afirme que fala a verdade.
Minutos mais tarde ela é encontrada morta. Afogada no balde onde a brincadeira de pescar maçãs com a boca foi realizada.
O choque afeta a todos, sobretudo Ariadne, que fica abalada com o ocorrido e resolve chamar Poirot para ajudar a resolver. A primeira coisa que o detetive Belga averigua é a veracidade das palavras da garota, ora, se ela foi assassinada então sua afirmação de ter presenciado um assassinato não pode ser outra a não ser verdadeira, contudo todos afirmam e reafirmam que Joyce era mentirosa e não merecia crédito. Com a ajuda de Spence, um policial aposentado que mora com a irmã, ele levanta uma lista de pessoas mortas em circunstâncias estranhas nos últimos anos que poderiam ter sido presenciadas por Joyce.
A lista envolve a tia de Rowena Drake, uma senhora com problema de coração que morreu de ataque cardíaco. Essa mulher tinha uma criada estrangeira que cuidava dela, vinda para a Inglaterra por um programa de au pair, chamada Olga Seminoff, ela havia desaparecido após ser acusada de falsificar o codicilo do testamento da velha senhora no qual afirmava que ela deserdava a esposa do sobrinho e deixava todos os seus bens para Olga. A outra morte envolvia um advogado que fora esfaqueado e cujo assassino jamais fora pego e por último uma professora primária que morrera afogada
Ajudado por Ariadne e alguns dos moradores locais, Poirot vai em busca da solução dessas mortes do passado para assim chegar ao assassino de Joyce, contudo, as coisas começam a se complicar quando o irmão da garota, Leopold, aparece afogado, assassinado pelo provável mesmo assassino da irmã. O cerco vai se fechando e as investigações se mostram mais perigosas, a prioridade de Poirot se torna proteger a próxima vítima do assassino enquanto uma suspeita improvável começa a rondar seus pensamentos.
Passado e presente se mesclam em uma trama cheia de ganância, preconceito, paixões doentias e unilaterais e a loucura narcisista de um assassino sem piedade.
Só revisitando esse livro eu percebi porque era um dos meus favoritos na história. Ao contrário da maioria dos fãs de Agatha em sua época, que amavam seus assassinatos sangrentos, eu gosto muito mais da forma lógica e inteligente que ela conduz a investigação daquele crime. Acho que isso vem muito da influência de programas como CSI que eu gostava de ver no início da adolescência.
A complexidade e o fato de inclusive de ter mais de uma morte no mesmo livro a ser investigada, torna a trama de Agatha não apenas instigante, mas deixa a gente querendo fazer ligações entre os casos e a morte da menina, o que ela poderia ter visto? Até onde ela poderia ter dito a verdade? E o que o irmão dela sabia para findar com o mesmo destino? Inclusive, fui pega de surpresa no desfecho por não me lembrar com nitidez do assassino de fato. Apesar de ter conseguido identificar um deles, o outro fiquei bem passada quando terminei. Agatha dispensa comentários e recomendações, mas deixo aqui minha recomendação por essa história apenas pelo fato de ser minha queridinha. Foi o livro que me introduziu no romance policial.