Resenhas - O senhor do lado esquerdo

Valério 01/04/2014

Não é o que parece
Não havia ainda ouvido falar do autor. Tampouco de sua obra. Assim, comprei por indicação de um livreiro de muito bom gosto literário. Resolvi então arriscar.
Alberto Mussa discorre sobre um misterioso assassinato. Assim, desenrola-se uma trama policial. Cheguei a ficar frustrado quando, ao chegar próximo à página 70, já ter desvendado o mistério. Continuei a leitura apenas para ver se minha previsão se confirmaria (e se confirmou).
Contudo, o livro se mostrou bem mais que um mistério policial.
A riqueza cultural e mitológica envolvendo feitiçaria, seitas, tesouros perdidos e o Rio de Janeiro é fantástica. O livro é extremamente agradável, e as histórias que o permeiam são como pequenos contos fantásticos.
Sem contar a análise psicológica das fantasias sexuais. O que carrega o livro de erotismo e sexo, mas de muito melhor gosto que os best sellers que por aí pululam.

Me surpreendeu sobremaneira. Grande obra, grata surpresa.
Não é o que parece. É muito melhor.

Ana Emilia 05/05/2020

Surprendente!
Adorei a prosa do Alberto Mussa. Confesso que me interessei em ler o livro por causa das premiações e elogios (sou dessas) e não me arrependo. Uma mistura de ficção e realidade que nos leva pela história do Rio de Janeiro e nossa mistura brasileira de raças e crenças. Um assassinato numa ?casa de prazeres? nos leva ao submundo místico carioca.

Marcelo.Castro 01/11/2023

Incrível
Romance policial incrível ambientado no Rio de Janeiro de antigamente, repleto de referências históricas e mitológicas envolvendo o surgimento e crescimento da história. O livro me surpreendeu positivamente por trazer a estrutura tradicional do romance policial para as terras cariocas, valendo-se de toda sua história, cultura e lendas para servir de base para a trama. A parte do mistério policial em si pode não ser muito elaborada, sendo capaz ao leitor mais atento já desvendar a trama no começo do livro. Mas isso em nada diminui a qualidade da história e a riqueza com que a trama é desenvolvida e encerrada. Excelente livro para quem gosta do gênero, para quem gosta de história, de mitologia e do Rio de Janeiro. Recomendo demais!

Laura 05/07/2021

Surpreendente
Não só a fã de literatura brasileira, mas para esse autor tiro o chapéu!
É uma leitura instigante, cheia de surpresas. Com gostinho de quero saber mais. A trama é perfeita, muitíssimo bem escrito, varias histórias entrelaçadas.
Clube pacote de textos temeu coração

Victor Hugo 15/07/2020

Uma suruba em todos os aspectos
Uma grande suruba, não apenas na história, mas também de gêneros.
- É uma coletânea de crônicas sobre a história (fantasiosa, fascinante e excêntrica) do Rio
- É uma autobiografia de ficção (ou não)
- É um romance policial
- um livro esotérico
- ou até mesmo um livro didático de história.

Por fim, acho que o que mais me fascinou foi essa grande suruba em todos os aspectos da obra.

Essencial pra quem é carioca, quem quer conhecer o Rio, pra quem se interessa pelo sobrenatural e pra quem tem um interesse pelo erótico.

Marcus 18/09/2021

Rico e bem construído
Para quem se interessa pela história do Brasil, sexualidade, ocultismo, psicologia. O autor é detalhista e imersivo, nos coloca dentro de cada cena (de crimes) que formaram o rio de janeiro. E por "mesclar à narrativa maior com alguns relatos que, num certo sentido, a prefiguram" o leitor mas desatento pode ficar um pouco pedido com livro.

Marcos Faria 05/04/2012

Depois de “O senhor do lado esquerdo” (Record, 2011), não tenho medo de dizer: Alberto Mussa é o melhor escritor carioca hoje. O “Romance da Casa das Trocas” ameaça repetir o bom “O trono da rainha Jinga”, com uma trama policial com toques de misticismo ambientada no Rio Antigo, apenas com diferença de alguns séculos. Mas logo as histórias e anedotas paralelas (melhor: tangentes) começam a lembrar outro livro de Mussa, “O enigma de Qaf”. E, assim como “O movimento pendular”, flerta com teorias pseudocientíficas sobre amor e sexo. O resultado dessa mistura é uma obra que burla os falsos limites de gênero — e “gênero” aqui é tanto o literário quanto o masculino/feminino. Carioca, eu disse, e tão carioca que é universal. E o epílogo, okê okê!, arrepia dos pés à cabeça.

Texto publicado também no Almanaque: http://almanaque.wordpress.com/2012/04/05/meninos-eu-li-21/

Lia 05/01/2022

Um livro que apresenta uma trama policial intercalando com histórias de crimes que aconteceram no Rio de Janeiro, já que para o autor "o que define uma cidade é a história dos seus crimes.
Achei muito bem costurada essas duas perspectivas, pois atiçou minha curiosidade sobre os fatos históricos e ao mesmo tempo fiquei tentando descobrir o autor do crime que acontece nas primeiras páginas do livro
.
Traz muitas histórias interessantes sobre a fundação do RJ.

Euler 19/05/2021

Sempre gostei da ideia dos romances policiais, mas nunca li nenhum que me agradecesse, eles sempre caem a qualidade, escravizados pelo enredo. O livro do Alberto Mussa consegue finalmente me motivar. A investigação de Baeta, que trabalha para descobrir o que aconteceu na Casa das Trocas - uma casa de sequiso,.ai- é entremeada por diversos relatos sobre a cidade do Rio de Janeiro, pelos quais conhecemos seu passado indígena e negro. A narrativa se passa no início do século XX e a forma como o autor joga com o leitor, inclusive, fingindo dar as informações antes da hora também é muito gostosa. O erotismo da narrativa também é um ponto interessante - embora bem binária. E a construção dos personagens vai além do que um levantamento de suspeitos. Há um teor místico em vários pontos do texto, inclusive em seu desfecho, que dá uma derrapada pra mim no agito que a narrativa vem até aí. Entretanto, as informações históricas, o uso da ironia e metaficção - bem cadelinha da Huctheon- tornam esse livro inesquecível e me faz ter saudade das viagens e caminhadas no Catete, ignorando o José Maia quando passa sibite pela gente.??

Neilson.Medeiros 01/11/2023

Mesmo sem o hábito de ler romances policiais, esse aqui me capturou. Acredito que uma chave importante seja a Casa das Trocas. A partir dessa arquitetura se constrói toda a trama. Um verdadeiro labirinto onde a permuta parece ser o mote. Além da história central, denominada pelo narrador de novela, somos conduzidos para outras histórias que delineiam o Rio de Janeiro, cidade marcada pelos crimes desde a sua gênese. Dentre as histórias ?paralelas?, fiquei fascinado pela narrativa sobre a manilha de paus. Um primor!
Quanto à narrativa principal, gostei demais da criatividade sobre os personagens, inclusive a Casa das Trocas me parece bem viva aqui. A misteriosa Fortunata, que desenha o destino, as anotações peculiares do Dr Zmuda, o feiticeiro Rufino, que nunca mente, a confraria dos policiais da praça Mauá, que mais parece um grupo de piratas urbanos em busca de tesouros e o grande conquistador Aniceto, ambíguo e provocador. Enfim, é uma novela policial que, no fim das contas, intriga mais pelos mistérios que se multiplicam além da razão do que pela busca de ver o primeiro nó desatado. Muito bom!

Leila de Carvalho e Gonçalves 26/01/2018

Capítulo À Parte
A obra do escritor carioca Alberto Mussa é um capítulo a parte dentro da literatura contemporânea brasileira, dominada por romances urbanos e hiper-realistas com forte acento autobiográfico. Ele escolheu a mitologia e o nosso passado como meio para construir tramas complexas cuja estrutura bem armada, causa admiração.

Consagrado pela critica, seu livro, "O Senhor do Lado Esquerdo", vem conquistando a atenção do público desde sua publicação em 2011. Trata-se de uma história policial que mescla desde personagens históricos até a macumba e é marcada por acontecimentos bizarros, dignos de uma imaginação fértil, mas conduzida pela lógica. Apresenta ainda, diversos ensaios ficcionais sobre os mais distintos temas tal como a capoeira e a arquitetura carioca do século XIX.

Através de suas páginas, o narrador defende a teoria de que espírito de uma cidade está contido na história de seus crimes mais espetaculares. Tomando o Rio de Janeiro como cenário, ele brinca, embaralha ficção e realidade, salta de um século para outro, surpreendendo o leitor, a fim de comprovar esta hipótese.

Seu gosto para romancear os fatos, cercando-se de referências culturais com as cores e o jeito de nossa terra, faz de Mussa um de nossos autores mais traduzidos e sua obra tem sido alvo de pesquisas em universidades da Europa, dos Estados Unidos e do Mundo Árabe, recebendo uma consagração cada vez maior por parte de estudiosos espalhados pelo mundo afora.

Por aqui, fica a certeza de que nossa "tradição de narradores voluptuosos, ávidos tanto de história quanto de mitos não se encerra com João Ubaldo Ribeiro". Ela possui um representante a altura, merecedor dos mais calorosos aplausos. Cinco estrelas!

Amanda 12/07/2020

4 estrelas
O autor traz curiosidades interessantíssimas sobre o Rio antigo mescladas a uma trama que se revela macabra e sobrenatural. Este descreve com tamanha propriedade minúcias cariocas, que torna possível visualizarmos os personagens criando vida e se movimentando pela cidade. Contudo, as narrativas que entremeiam a trama original acabam prendendo mais que a investigação do assassinato em si. O corte de cada cena da trama para uma ?curiosidade? sobre a cidade que, de uma forma ou de outra auxilia o desenrolar da história principal acaba, por vezes, cortando o suspense e por outras nos fazendo pensar que o desenrolar daquela cena acaba ali (apenas nos últimos capítulos descobrimos o que estava por trás de algumas das cenas barradas anteriormente). Talvez por ser descrito como um romance, não um livro de mistério, carece de um pouco mais do suspense que deveria amarrar o leitor à trama, na expectativa de revelar, num grande clímax, a surpresa pro trás da identidade do assassino. Não deixa de ser uma leitura interessantíssima, principalmente pela riqueza cultural, mas o clímax não é tão surpreendente e a história não é tão aliciante.

Mica 31/01/2021

Instagram @reading.with.mica :)
"This story is about the one who first kills, then dances. Caring! A true hunter is one who seduces hunting."