Sardenha como uma infância

Sardenha como uma infância Elio Vittorini




Resenhas - Sardenha como uma infância


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Silvio 27/10/2013

Pelas fotos do Google, hoje vejo a Sardenha como uma ilha paradisíaca em que os milionários europeus vão passar as férias com seus iates. Mas no livro, Elio Vittorini nos transporte para uma ilha perdida, em que os homens vivem como que parados no tempo, em contado direto com a natureza bruta do sul da Itália, que pode ser bela mas também cruel.

Trecho

"Em qualquer porta que tenha o aspecto de uma quitanda pergunto se posso comprar alguma fruta. Estou com fome. Mas só tem tomates para vender. Mandam-me de porta em porta, e em todo canto só vendem tomates. Ou cebolas roxas. Depois, como numa inesperada providência, me apontam um rapaz de veludo à caçadora que atravessa a rua. É o primeiro homem que vejo aqui, e ele leva nos ombros uma vara carregada de coisas. Coisas com penas. Perdizes. A três liras o par - oferece.

Mas sinto que alguém me espia. É um velho munumental, em andrajos de veludo. Um curioso do lugarejo. Assim que percebe que tenho a intenção de falar com ele, para cortar conversa, me ataca à queima-roupa perguntamos se viemos a Terranova para caçar.

É verdade, respondo. E até sorrio, tentando inverter o jogo e fazer eu mesmo as perguntas. Mas o velho me esquadrinha da cabeça aos pés, cumprimenta vem voz baixa e me vira as costas… Sabia certamente que não tínhamos vindo para caçar, e minha resposta impensada me tornou, aos seus olhos, indigno de qualquer consideração humana. Entendo que sua pergunta era mais uma exclamação, um modo de expressar seu espanto diante do fato de termos vindo de lá do continente para este seu deserto de caça, sendo que não éramos caçadores.”

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Mario Miranda 22/11/2018

A Abrangência da Literatura
Sardenha como uma Infância surgiu de um projeto do Elio Vittorini, objetivando participar de um concurso literário, "Italia Letteraria", em 1932. O Livro, ou o seu Diário de Viagem, narra as impressões do jovem Elio quando decidiu sair do Continente, de Florença, para visitar a até então atrasada Sardenha. Contando com 43 pequenos capítulos, cada um as vezes de um único parágrafo, Vittorini narra seus sentimentos com um olhar jovem, "Como uma infância".

Elio Vittorini destacou-se muito mais por obras como "Homens e Não" e "Conversas na Sicília", fez parte de um movimento de ressurgimento da cultura e literatura do sul da Itália, culminando em O Leopardo, de Giuseppe Tomasi di Lampedusa.

O Maior mérito da obra consiste muito menos na sua história, que é restrita as impressões de um jovem quando se depara com uma sociedade agrícola, e muito mais em nos apresentar a capacidade ímpar da Literatura em transformar qualquer tópico, mesmo que sejam simplesmente impressões de umas férias em uma comunidade rural, em uma narrativa.

site: https://www.instagram.com/marioacmiranda/?hl=pt-br
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