Amanda 10/04/2021
Ler um clássico é sem dúvida um grande desafio. Mas O Grande Gatsby representou a escalada do Monte Everest para mim. Não me entenda mal. O livro em si possui um encantamento único vindo da época que retrata e dos personagens a que dá vida, mas o obstáculo estava em mim e se chamava preconceito; não sei bem como nasceu, mas estava aqui e me atrapalho a leitura. No geral a obra é uma crítica à superficialidade da vida da classe média alta. Não sei quantos leitores enxergaram este livro como eu, mas F. Scott Fitzgerald tinha o costume de utilizar suas obras para criticar a sociedade vigente. Para comprovar esse fato, basta ler outro livro deste autor, como O Curioso caso de Benjamin Button que era uma crítica descarada a busca irrefreável pela juventude eterna.A
Em O grande Gatsby Fitzgerald retrata a sociedade da década de 20. Uma sociedade pós 1° Guerra Mundial que mergulhava em festas, respirava riquezas e futilidades para preencher o vazio interno, esquecendo-se do mundo lá fora. Para dar vida a tal sociedade o escritor criou o casal Tom Buchanan e Daisy, e a jogadora de golfe Jordan. Além deles, Scott Fizgerald representou a si mesmo como Nick Carraway e deu um modelo do que seria uma pessoa de verdade em Jay Gatsby, um milionário e Islandex-oficial da marinha conhecido por organizar festas apoteóticas em sua mansão em Long . Sendo assim, o livro é ambientado nos EUA de 1922, narra a história de Gatsby, e tem como pano de fundo os anos prósperos e loucos que sucederam a Primeira Guerra Mundial. E quem narra o livro é Nick Carraway, um observador honesto que vai descobrindo junto com o leitor o mundo misterioso de Gatsby.
Gatsby é uma figura e tanto. Os segredos de seu passado alimentam a curiosidade do leitor. Os rumores vão desde uma possível descendência alemã, até um suposto assassinato. Parece que todos os personagens falam dele, mas com o tempo Nick descobre a verdade sobre seu vizinho: Jay Gatsby enriqueceu com o único propósito de reconquistar sua ex-namorada, Daisy, e é esse romance que move os demais acontecimentos da obra.
Tom, o marido rico e esnobe, desperta logo de cara a antipatia do leitor. Claro, que por se tratar do séc. XX ainda se vê o auge do racismo, mas como vivemos em um mundo em que combatemos o preconceito é praticamente inconcebível pensar que exista alguém como Tom. Arghhhhhh! Casada com Tom, o objeto de amor de Gatsby, Daisy é uma mulher encantadora (pessoalmente a achei chata, rsrs) capaz de seduzir qualquer homem, mas é infeliz em seu casamento. Quando reencontra Gatsby, parece que isso muda, mas apenas parece.
O livro é realmente bom para se ter uma ideia de como era a sociedade na época dos anos 20, quando os casamentos eram movidos por interesses financeiros (ainda hoje o são em alguns casos), e a classe alta era fútil e vivia em seu mundinho de festas onde o dinheiro bancava tudo e as pessoas eram descartáveis (qualquer semelhança com os dias atuais não é mera coincidência). No geral, indico a obra para os que gostam de clássicos ? o que infelizmente aparentou não ser o meu caso, eu amei a crítica social, mas infelizmente não consegui romper meu preconceito com este livro e, eu sei, a culpa é somente minha, o que de fato justifica as quatro estrelinhas atribuídas ao livro