Isa | @nocaminhoumlivro 17/02/2020
O retrato de Dorian Gray conta a história de um jovem que após ter seu quadro pintado por um amigo deseja que o quadro envelheça em seu lugar, e é o que acaba acontecendo.
O livro começa com Basil Hallward pintando o quadro de Dorian. Lord Henry, seu amigo, ao visitá-lo fica admirado com a beleza da pintura e pede para que Basil apresente-o a Dorian. Essa amizade leva Dorian Gray a sua ruína. Dorian vive como um imortal, enquanto isso sua pintura definha em seu porão.
O livro discute a oposição entre a vida privada e a vida pública, onde imagem pública é apenas um espectro do que é a verdadeira face do indivíduo, e que "por dentro" ele é decadente.
Dorian se apaixona, eventualmente, por Sybil Vane, uma atriz. Dorian se apaixona por sua performance, por suas personagens, apenas pelo que ela finge ser, ele não sabe nada sobre ela, não conhece sua família, e eles ficam noivos. Porém uma noite ela atua mal e ela diz que isso se dá pois agora sabe o que é amor. É como se o véu da "falácia" (a qual a ficção é muito atribuída) que cobria seu olhos inocentes desaparecesse e lá está Dorian, o amor da sua vida, o "real". O que ela não sabe é que o Dorian que todos conhecem, após o pacto, é apenas a sua imagem, não a realidade. Em um contraponto macabro, enquanto Sybil não quer mais "viver nas sombras", Dorian vive nelas, e é por isso que Sybil tem o seu trágico final.
A narrativa de #Wilde e sua incrível capacidade de criar diálogos instigantes é o que mais me manteve apegada ao livro. Algumas digressões não me agradaram, mas nada que me fizesse desgostar do livro.
#Doriangray é um livro a frente de seu tempo. Oscar Wilde se arriscou ao insinuar a homossexualidade de Dorian, Basil e Lord Henry. Por conta disso o autor e livro foram julgados em 1895, levando Wilde para prisão. 5 anos depois ele morre em Paris, aos 46 anos, sem dinheiro mas com a fama de um mártir, o rosto para o movimento em defesa aos direitos LGBT quase 70 anos depois (o antigo gay-rights movement).
Craig Rodwell, em 1967, abriu uma livraria gay em Nova York chamada Oscar Wilde Memorial Bookshop, que serviu como berço da primeira parada de gay pride após as revoltas de Stonewall em 1969.
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