Rodrigo C. Pereira 30/09/2020
Palanquins & porcelanas
Gilberto Freyre pertence à linhagem de Euclides da Cunha, Câmara Cascudo e Sérgio Buarque de Holanda: aquela dos que, fazendo ciências sociais, o fazem com arte. Nele, a erudição é exaltada por um estilo vibrante, musical, colorido; e fácil é se apaixonar pela ideia de conhecer o Brasil sob sua tutela.É uma pena ser brasileiro e não ler Gilberto Freyre.
Neste livro, composto de conferências e de trechos de outros trabalhos, como "Sobrados & Mucambos", o sociólogo trata da influência do Oriente no Brasil, tanto mais bem-sucedida por causa da estrutura patriarcal do país, análoga à de tantas nações do Leste. Muito dessa influência se perdeu, seja por influência britânica no século XIX, seja por imposição da cultura de massas nos séculos XX e XXI. Hábitos como o de bater palmas para se fazer anunciar à porta das casas e o de sentar-se em esteiras; o uso de palanquins, xales, porcelanas; os fogos de artifício nas festas religiosas. "China Tropical", para o bem de nossa memória, é um trabalho que merece ser lido