Boca do Lixo

Boca do Lixo Hiroito de Moraes Joanides




Resenhas - Boca do Lixo


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Lucas 28/04/2024

Interessantíssimo adentrar no submundo da São Paulo dos anos 1950 e 1960 pelo olhar do Rei da Boca. O autodenominado ?vagabundo? que transforma personagens decadentes e ?vidas miúdas? em verdadeiros épicos. A crônica de uma região autossuficiente, violenta, apartada, refúgio para os seus. Hiroito escreve com muita clareza sobre atos e pessoas que conheceu tão bem. Os desajustados sociais continuam sem abrigo, o centro de São Paulo ainda tem suas regiões sem dono e pessoas perambulam sem saber da lenda Hiroito de Moraes Joanides.


E a polícia? ah, nada mudou. ?(?) Combatividade sem vitórias, que não reduzia nem estacionava ou restringia a criminalidade, pois que não socorria, não educava, não encaminhava nem abrigava (e abrigar, aqui, não quer dizer recolher a uma prisão). O que fazia era espalhar os micróbios da doença por todo o corpo da cidade grande, empurrando o mal a regiões até então sãs, facilitando o contágio de células sadias.?
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Tatá 19/08/2023

"que são as chagas senão rubras e estranhas flores"
A frase que leva o título eu achei tão linda. Mas não descobri qual poeta português o Hiroito se refere ao falar dela para a Cláudia.
Um baita escritor, convenhamos! Me arrancou risadas pelo seu jeito meio debochado de levar as coisas, me causou profundas reflexões sobre temas tão necessários de discussão como o papel da imprensa na lógica sanguinária e punitiva que alimenta o monstro social das soluções rápidas sem reflexão. Enquanto eu lia, fui fazendo analogias com Foucault e por aí vai. Para além das questões filosóficas que podemos fazer ao ler este livro, é um retrato sobre a cidade de São Paulo e de como era o submundo, as prostitutas, os ladrões. É muito curioso pensar em como as formas de roubo vão se alterando ao longo do tempo e ele inclusive deixa isso muito evidente ao relatar o aparecimento de armas de fogo, que até então não costumava ser muito comum. Os ladrões das canetas caras me surpreenderam, roubar sem nem tocar nas canetas! Hahah
Enfim, o retrato da São Paulo antiga que ninguém costuma mostrar. A perspectiva do rejeitado socialmente, o lado b das histórias que eram relatadas somente pelo viés da imprensa amarela. A humanização de quem sempre foi desumanizado ao longo do tempo. O retrato das violências misóginas, da prostituição infantil, entre tantas outras problemáticas que expõem como nossa sociedade foi e permanece sendo desigual, injusta e de descaso.
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Fernando1355 08/05/2021

O rei da boca do lixo
O que dizer sobre um livro sem falas? Sendo o primeiro que li, achei estranho. Contudo a história é apaixonante, senti falta de alguns detalhes, mas o autor quis sintetizar a verdade e basicamente o que ele viu eu entendo a escolha da narrativa.

Nada que posso dizer é spoiler, isso não existe nesse livro. No primeiro capítulo ele já nos conta das principais mortes e que fica preso.

Um livro excepcional para entender un pouco da criminalidade de São Paulo e uma reflexão sobre a vida que escolhemos ou somos obrigados a seguir.

"O caminho para criminalidade é uma via expressa de mão única."
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Nilson 02/10/2013

Do filme ao livro
Eu cheguei ao livro Boca do Lixo após assistir, por acaso, o filme Boca, do diretor Flávio Frederico. Um bom filme, diga-se de passagem, mas que deixa algumas pontas soltas. O ator Daniel de Oliveira fez um belo trabalho encarando Hiroito de Moraes Joanides, o rei da Boca.
Como eu disse anteriormente, as pontas soltas deixadas pelo filme me levaram ao livro. Contado em primeira pessoa pelo próprio hiroito, temos um painel da São Paulo das décadas de 1950 e 1960.
Qualquer coisa que se conte aqui, com relação ao livro, pode acabar com as surpresas que ele reserva.
Hiroito, por ser um leitor voraz de Victor Hugo, Hemingway, Jack London, Whitman e Baudelaire, tem uma qualidade narrativa que segura o leitor.
Leiam o livro. Vejam o filme.
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seufuviu 17/03/2009

O quadrilátero urbano, uma polissemia das transgressões.
O livro escrito por Hiroito de Moraes, desenha um quadrilátero do baixo-mundo do crime paulista em sua época de culminância, com os traços do discurso sociológico do mais famoso dos bandidos naquele contexto. É a geometria sócio-urbana da criminalidade na maior cidade brasileira – São Paulo – que começou a se configurar em meados da década de 60 para se desfigurar nos finais da década de 70 - denominado de “Boca do Lixo”, isto é, ali - naquele espaço corpóreo do sexo pago ou conquistado nas línguas mais agudas dos seus atores sociais, se distinguia como a boca do rosto da marginalidade da paulicéia desvairada, com os diversos significados de seus papéis naquele cenário antropofágico, “a boca fascinava pela sua frequência heterogênea” (Hiroito, pág.9): bandidos, delinqüentes, prostitutas, rufiões, traficantes, reprimidos sexuais, policiais etc; uma bocarra desdentada & dilacerada pela miséria sexual & pela violência de suas atitudes, que possuía a faceta de ser romântica, porém brutal.

O autor, conhecido e perseguido como o “Rei da Boca do Lixo”, desconstrói a moral da imprensa burguesa e seus latifúndios sensacionalistas, para resignificar o trajeto humano dos sujeitos ali embrionários, através de uma sugestão importante:

“Talvez, para espanto de alguns, os delinquentes, apesar sos seus atos criminosos, da licenciosidade de suas condutas, dos seus desregramentos e vícios, são também, todos, seres humanos – sujeitos portanto às mesmas dores e alegrias, tristezas e prazeres, entusiasmos e angústias que sentem e sofrem os mais puros de espírito”.(Hiroito, pág.9)

Não deixem de ler, vale a pena entender toda aquela diversidade, em pleno regime militar.
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