Resenhas - Uma Fração do Todo

Interaubis 02/06/2012

Um Épico Isolado
Sou o tipo de leitor que prefere não saber nada da história quando imagino que o livro seja bom. Previamente indicado por alguém de confiança encontrei um exemplar deste Uma Fração do Todo em uma livraria por acaso e o livro me conquistou com o seu humor cínico, sua pretensão intelectual auto-irônica e a crítica desesperançada e inteligente à sociedade. Tudo isso fica evidente logo nas primeiras páginas.

Uma Fração do Todo é um épico familiar focado na Austrália, esse gigante desconhecido. É a história de um filho tentando entender a si mesmo e em busca de seu próprio papel em uma vida dominada pelo pessimismo intelectual de seu pai. Este por sua vez é um pessimista frustrado por viver por toda a vida à sombra de um irmão que por sua vez é tragicamente dominado pelo seu próprio talento, primeiro para o esporte e depois para o crime.

O livro fica ainda melhor se lido sem desconfiança em relação às inúmeras e improváveis reviravoltas que poderiam estragar a fé na verossimilhança do que é narrado. Acrescentada essa licença poética, a leitura flui sem culpas.

A história dessa família cuja desesperança atravessa as gerações é contada com um humor terrível e um cinismo autocorrosivo que não deixa muitas margens para qualquer expectativa de felicidade ou realização mas deságua em um final inacreditavelmente redentor.

É um livro denso e divertido mas apenas para aquele leitor que conseguir se encontrar nessa história cínica onde toda esperança é abandonada logo no início.

Patrick 24/02/2022

Quem somos nós?
A leitura de " Uma fração do todo", instiga reflexões interessantes.
Entre elas, o quanto a espécie humana ainda teima em condenar óticas de mundo divergentes da sua: nos surpreendemos realmente com determinados comportamentos alheios? Ou, simplesmente, nos rebelamos com os comportamentos alheios que desafiam os padrões que adotamos?
Como uma criança mimada, quantos homens e mulheres, em seu egocentrismo, não se veem como a "fração mais recheada"deste todo?

Paro por aqui de filosofar, torcendo para que você se apaixone pelos nossos anti heróis Martin e Jasper, no decorrer desta leitura.

Michel 08/08/2020

Genial
Salvou a minha quarentena. Com certeza está nos top 10 entre os 650 livros que eu li. Me arrependo de não ter grifado as centenas de trechos que me fizeram sorrir, gargalhar e parar para refletir, gostaria reler esses trechos. Pena que não há outros livros em português deste escritor.

karol 13/09/2020

Vida real.
Entramos na loucura da família Dean. Relações familiares complicadas, histórias de vida peculiares, tristeza, solidão.

A escrita do autor é deliciosa, delicada, profunda, complexa. Eu simplesmente amei. Faz refletir muitas coisas, a relação entre pai e filho, principalmente. Reflexões sobre vida e morte. Sobre o leito da morte.
Morte por todos os lados. Solidão. Angústia.

Uma lição sobre aceitação, amor até.
Aceitar que não somos grandiosos, mas sim apenas uma fração de um todo.

Lilian 07/04/2020

Saga
O livro é grande porque conta a história de uma vida inteira, e que vida! Cheia de aventuras e reviravoltas

Cristina.Bertelle 28/09/2017

MELHOR LIVRO DOS ÚLTIMOS TEMPOS!!!
Um dos melhores livros que eu li nos últimos tempos.
Esse livro ficou por meses aguardando para ser lido...se eu soubesse como era bacana teria passado ele na frente de alguns outros, rs.
Leitura envolvente, personagens super interessantes enfrentando problemas internos, imaginários ou não, criados ou realmente existentes.
A leitura é cativante, e realmente o autor Steve Toltz domina a arte de escrever uma história dentro da outra. São situações emblemáticas e atípicas enfrentadas ao longo de duas gerações por essa família australiana.
Jasper Dean, trava uma luta hercúlea para entender sentimentos contraditórios e intensos, enfrentando a dualidade em não saber se ama ou odeia seu pai Martin, que é um excêntrico misantropo e vive buscando alternativas através de projetos mirabolantes para gerar sentido para sua vida, ou simplesmente para aplacar o tédio, projetos esses que invariavelmente acabam fracassados.
Steve Toltz consegue envolver o leitor trazendo de forma alternada as narrativas do personagem principal – Jasper Dean – e seu pai Martin Dean. Mistura de forma criativa a história dos dois, afunilando cada vez mais suas personalidades e levantando questionamentos sobre o peso da genética em nossas vidas e até que ponto ele influencia nosso comportamento, e até que pontos estamos realmente vivendo nossas vidas, ou simplesmente passando por elas como mero espectadores.
Em muitos diálogos me pegava realmente fazendo parte da história e me via como mais um personagem do livro e na minha opinião isso é fantástico, pois ria das piadas, sofria com os as dúvidas e com todas as dificuldades enfrentadas pela família Dean e também pelos poucos amigos que estiverem presentes nessa jornada.

Triscian 26/08/2021

Um livro repleto de altos e baixos. Nada do que eu imaginei que ia acontecer aconteceu, o que é legal pelo elemento surpresa, mas em alguns momentos a leitura fica chata e cansativa. Terminei na força do ódio.

Day 13/11/2021

odiei, 5 (na verdade 4) estrelas
Esse livro é uma jornada completa. Eu odiei e amei ele praticamente pelos mesmos motivos. A primeira parte, contando toda a história do Martin quando criança, daria um livro por si só, mas depois de terminada ainda temos mais de 400 páginas, e ficamos "o que mais vai acontecer?"
Então Jasper acontece. E Astrid, e Eddie, e Anouk.
Eu não me apeguei à ninguém, acho que esse nem era o propósito do autor, mas me apeguei à ideia, ao conceito. Demorei exatos 2 meses pra concluir essa leitura, e sempre que eu olhava pra esse livro na minha mesa eu me recordava de cada parte que já tinha lido. Essa pode não ser uma história favorita, mas é uma história que fica e ecoa pra sempre. Antes de terminar eu já lia minhas marcações das frases filosóficas de Martin Dean.
As partes 6 e 7, no final do livro, me fizeram gostar dele um pouco menos, porque deixou de ser filosófico e virou velozes e furiosos no quesito "plot twists que não fazem o mínimo sentido". E, pensando isso, eu percebi que detesto muito mais o Martin do que o Jasper, mas ao mesmo tempo gosto muito mais do ponto de vista dele do que o do filho.
É realmente uma jornada, e acho que não vou esquecer da longa peregrinação que fiz atrás de Martin Dean.

Paola322 14/09/2021

GENIAL!
Genial, genial, genial, genial! ?
Foi o que assumi depois de meses de ressaca literária e meu deus-
É incrível e me prendeu em cada segundo.
Aprendi a amar o Martin na mesma medida que aprendi a odiar ele. Aprendi a amar o Jasper na mesma medida que aprendi a odiar ele. E o mesmo com todos os outros personagens. Me senti profundamente parte disso, dessa história.
Simplesmente amei e pretendo reler. ?

anna 11/12/2021

Um dos melhores livros que li na vida
O pano de fundo do livro é a vida da familia Dean. Digo pano de fundo porque creio que o principal seja a imersão filosófica que ele nos insere. A começar pelo nome dos protagonistas Martin e Jasper Dean.
Não acredito que tenha sido a toa a escolha dos nomes, mas uma alusão a Martin Heidegger e Karl Jaspers, os dois maiores nomes da filosofia existencialista.
Martin, o pai, um niilista, cheio de ideias, decide fazer de seu filho uma caixa de experiências. Ele é meu personagem favorito, retratado como um anti-heroi, solitário, que por trás de sua capa niilista, esconde-se um incorrigível empático.
Jasper já é mais sonhador e otimista. Como citado por Oscar Wilde (no próprio livro): estamos todos na sarjeta, mas alguns escolhem por observar as estrelas.

Ao longo da história surgem tantos personagens interessantes. Terry Dean, irmão de Martin, um assassino idolatrado na Austrália. Harry, um condenado à prisão perpétua. Anouk, Eddie, Astrid? ninguém passa sem o desenvolvimento de uma grande personalidade nesse livro.
O autor mescla de entre partes de Martin e Jasper de forma tão natural, que de fato eles parecem a mesma pessoa. Como descrito na contra capa ?uma espécie de as mil e uma noite moderno?.

E sobre o título do livro? Está escrito na pág 316: ?No momento em que nos encontramos com alguém, cada um se torna uma fração?. À parte isso, creio que também possa se aplicar à teoria de Hartmann, cuja filosofia diz que somos seres fragmentados(orgânico, inorgânico, espiritual), sendo que cada esfera pode ou não depender da outra.

Apenas leiam ??

Ana Júlia Coelho 24/08/2023

Jasper narra, com uma pitada de humor, ironia e muito drama, sua própria vida. Mas, para que o leitor entenda a relevância e o caos de sua existência, ele precisa contar desde a infância de seu pai, narrar a história da própria família.

Martin cresceu à sombra de Terry, o irmão legal e amado por todos. Um incidente violento resultou em uma deficiência permanente em Terry, o que o levou para o mundo do crime. Martin sempre quis se destacar de algum modo, e mais uma vez viu seu irmão começar a construir sua fama de criminoso e ser admirado pela população. Isso foi só o início de uma infância triste, sem afeto, sem atenção, e com muitas ideias mirabolantes na cabeça.

Martin cresceu, precisou criar Jasper sozinho, e a loucura não passou. Com cada vez mais surtos, chegou a precisar ser internado em um manicômio. Jasper, vendo a degradação da saúde do pai, nutriu sempre um amor e um ódio por esse homem tão peculiar. A relação deles nunca foi comum, e Jasper precisou aprender a lidar com esses altos e baixos de Martin, trazendo cada vez mais problema pra vida dos dois. Martin sabe que sempre foi odiado por todos, quiçá até pelo filho, e vive em uma luta contra a ideia de mortalidade do ser humano. Ele ainda busca se tornar imortal através de algum gesto grandioso e marcante, e por um momento até chega a ser amado e aclamado pela Austrália inteira... mas tudo é posto a perder.

Achei a narrativa muuuuito devagar, muuuuito arrastada e muuuuito cansativa. Como deu pra perceber, a história não conta um acontecimento incrível e seus desdobramentos. Não. Ela narra a vida de dois personagens desde a infância, com todos os conflitos familiares e as dificuldades em manter um relacionamento saudável entre pai e filho, fazendo com que pareça que vivi 18 vidas enquanto lia sem despertar minha curiosidade. Óbvio que alguns pontos são interessantes, e até engraçados, mas se torna cansativo acompanhar as divagações do Martin sobre suas questões existenciais e a eterna busca de Jasper de não se tornar igual ao pai. E, quero deixar isso bem destacado porque não é todo dia que um autor consegue essa proeza, Steve Toltz conseguiu enfiar 4 personagens com câncer nessa história, sendo que um teve 2x (e não, não é um livro sobre a doença estilo a culpa é das estrelas ou p.s. eu te amo). Tá de parabéns.

Para mais resenhas, me siga no instagram @livrodebolsa

BArbara317 20/05/2020

Personagens estranhos. Parecem até reais por isso...rs
"Quando você vê a vida em sua totalidade pela primeira vez e sente um amor genuíno por essa totalidade, a paz interior parece uma espécie de objetivo pequeno e mesquinho." 650 páginas intensas. Personagens tão, tão, mas tão loucos... que parecem reais. Uma ficção que mostra o pior lado do ser humano. O que, infelzmente, ja não parece tão fictício assim. Mais uma daquelas histórias pesadas, que embrulham o estômago e te fazem pensar sobre muita coisa.

Katy 10/09/2021

O livro me surpreendeu negativamente, o que talvez seja algo positivo. Como alguém que viveu cob a influência de uma mãe narcisista, ao ler a sinopse do livro imaginei que os conflitos entre pai e filho seriam semelhantes ao que eu mesma vivi, adicionando se muitos gramas de filosofia. Porém, a trama entregue foi caótica, não tão cativante, um embaraçoso caldeirão ondem misturam-se três livros em um só: antes de nascer, ao nascer, após crescer. Em muitos momentos cansativo, porém ainda sim absurdo. Serviu de distração de minha própria realidade.

pmilao 14/01/2019

Cutuque a estrutura de si mesmo
Este é um livro tão bom que te desconcerta ao mesmo tempo que te faz rir. Por meio das afirmações dos personagens Toltz provoca o leitor, testa-o, o faz refletir. Que perigo, não?

O enredar da história é um detalhe quando comparado ao desdobrar da mente inquieta do misantropo (eita palavra que aparece!) e desafortunado Martin Dean. Como todo bom personagem, ele é um mosaico que reflete bem a desconcertante coragem (ou seria covardia?) que há no ser humano.

site: instagram.com/pmilao

Henrieth Hasse 23/05/2019

Open your mind
Que caras legais esses Dean, heim. Todos da família tem uma declarada aversão a humanidade porém tenho a impressão que são os que mais compreendem o que acontece com ela.
O livro e seus personagens são geniais. Tem um humor ácido e vilões com pinta de herói e uma loucura tão real que nos questionamos se essa realidade que vivemos é que é o imaginário, com tanto faz de conta pra se manter em "equilíbrio" a sociedade.
Isso que eu falei parece sem sentido? O livro desperta algo filosófico na gente, um questionamento, um... Bom, nem sei...além de boas risadas por tanta coisa sem noção/com noção.
Depois de ler cheguei a conclusão que a grande maioria das pessoas são um tédio e usando uma frase sobre o mundo do Martin " esse lugar é uma merda, vamos reformá-lo"