spoiler visualizarKit_Kat_ 30/03/2024
O Diário de Anne Frank
Este não foi um livro que correspondeu muito às minhas expectativas. Eu diria que ele é dividido em 3 partes: a primeira, que corresponde à primeira metade do livro, a segunda, que seria a segunda metade do livro e a terceira, que seriam as últimas 20 páginas (sem contar o posfácio). Dessas 3 partes, a única que faz uma reflexão mais aprofundada sobre a Segunda Guerra, sobre a desigualdade social em termos de renda, de gênero, de etnia, é a terceira parte. Portanto, ela é a minha favorita e, infelizmente, a mais curta.
Agora, falando sobre as outras partes, a primeira não é exatamente sobre a guerra, mas sim sobre como é dividir casa com pessoas desconhecidas. Se você tem um amigo que acabou de ir morar em uma república, em um apartamento sozinho com outros estudantes, esse livro é para aterrorizar ele! O maior mistério é como todos que moraram no Anexo Secreto aguentaram a Anne Frank por dois anos e meio, porque que menina chata pra 🤬 #$%!& . Ela é mimada e muito cheia de autopiedade, todos têm defeitos como ela, mas ela faz questão de esfregar isso na cara das pessoas e brigar em qualquer oportunidade que apareça.
"Hoje eu briguei com a senhora Van Daan porque ela mandou eu comer legumes e ela também não come."
"Hoje eu briguei com mamãe porque eu odeio ela."
"Hoje eu briguei de novo com mamãe, odeio mais ainda ela."
"O sr. Dussel estava escondendo comida embaixo da cama, briguei com ele."
"Mamãe quis rezar comigo, eu fui super grossa e briguei com ela."
Imagine essas discussões agora por 250 páginas, em que cada página é um dia com discussões diferentes, mas ao mesmo tempo iguais. Em uma parte, Anne fica doente e fica 3 dias de cama, sem conversar com ninguém direito, no dia seguinte em que ela está melhor, ela escreve:
"O Anexo está na maior paz, uma paz que não se via há muito tempo nesses últimos meses de convivência. Faz quase uma semana que não há qualquer tipo de discussão."
Eu só conseguia pensar: Oh! Olhe só que conveniente, justamente quando ela não ficou enchendo o saco de ninguém, o Anexo ficou em paz.
Dá vontade de dizer para ela: as pessoas não param de discutir, porque você é uma chataaa. Menina, você não vê que ninguém te aguenta reclamando todos os dias, quando vocês são tão ricos e privilegiados que nem estão passando pelas mesmas dificuldades que muitos dos outros judeus? A inflação galopante na Holanda, os holandeses que ela via pela janela, tavam passando fome, pedindo comida na rua, assaltando as lojas e eles (pessoal do Anexo) PRESOS conseguiam comprar comida e, por mais que com pouca variedade e muitas vezes estragada, sempre tinham o que comer e tinham dinheiro pra pagar as cinco pessoas que ajudavam eles contrabandeando comida e objetos.
Enfim, ela para de reclamar (parar é uma palavra forte, ela diminui o número de reclamações) quando chegamos na segunda metade do livro e ela se apaixona por Peter, o menino mais ou menos da idade dela que está refugiado junto com eles. Chegamos então na parte em que ela só fala sobre ele, o quanto ele é um divo, um lindo, um perfeito. Ficamos enjoados de tanto ouvir falar sobre ele até o ponto em que ela também fica enjoada dele e diminui os registros sobre ele.
Na última parte, a situação deles fica alarmante, porque o fornecedor de comida deles é preso e começa a faltar alimento, eles conseguem uma grande remessa de morangos e de vagens, mas nesse momento de calmaria alguém os denuncia e eles são presos e levados para campos de concentração, sobrevivendo apenas o pai de Anne (ela morre de tifo).
Esse é o diário, no fundo não é um livro ruim, mas me decepcionei um pouco com a autora, posso ter sido injusta com ela, porque nunca cheguei a passar por uma privação similar a dela, por um medo de tamanhas proporções, para saber como eu agiria. Espero que Deus a tenha e que seja um livro que possa funcionar melhor para outras pessoas.