Crítica da Razão Tupiniquim

Crítica da Razão Tupiniquim Roberto Gomes




Resenhas - Crítica da razão tupiniquim


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RodrigoRdeCarvalho 06/09/2021

De importância inquestionável!
Por que não há filosofia brasileira? Essa é a verdadeira pergunta que o livro procura responder.

Para tal define filosofia como algo distinto de notas de rodapés, interpretações criativas e junções de autores contraditórios.

Como algo que busca desvelar seu tempo e sua cultura, procurando o universal, claro, mas partindo do particular no qual se encontra inserido.

Identifica como motivos da ausência de uma Filosofia Brasileira o ecletismo, mania de juntar numa colcha de retalhos várias filosofias sem nada negar e, consequentemente, nada afirmar. Uma razão ornamental, deslumbrada com o pensamento, a cultura e os problemas estrangeiros que apenas demonstra como nosso pensamento se encontra dependente e colonizado.

Longe de defender um relativismo ou um culturalismo, algo que o autor parece flertar em vários momentos, penso que a filosofia é a busca do universal, seja Ana arte, na ciência, na religião ou na política, pouco importa. No entanto, essa reflexão sempre parte do particular concreto o qual o filósofo está inserido, nesse sentido falta a Filosofia que queira merecer o nome de Brasileira se ocupar desse particular.
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Bruno Oliveira 24/08/2012

Lançado na década de 70, quando fez um enorme "bum" que deveria repercutir ainda hoje, o livro trata de um assunto comentado em voz baixa nos corredores das escolas de humanidades: a filosofia brasileira. O autor trata tanto de algumas das manifestações existentes, mostrando as influências as quais ela se submete, quanto da situação geral da filosofia no país, que é propriamente sua tônica. Chega a ser assustador em várias passagens quando vemos nossos pudores, nossas taras sendo expostas como sendo o que são: vícios os quais engolimos sem mastigar.

Roberto Gomes discute a filosofia fazendo paralelos com a história, mas, principalmente, com a literatura, mostrando que, ao contrário do que deseja a pretensão totalizante e anti-histórica da filosofia, estamos situados num tempo histórico bastante determinado, devendo não fugir, mas se apropriar dele - é tudo o que temos. Há um diálogo constante com Machado e os Modernistas, que servem como exemplo de artistas que, embora sofram influência externa (Européia, sobretudo), apropriam-se dela ao invés de meramente reproduzi-la. Enfim, para qualquer um que queira produzir uma filosofia que não seja apenas o estudo histórico da mesma (o que eu não acho de modo algum ruim ou inferior), "Critica da razão tupiniquim" deve se tornar um livro de cabeceira e não apenas mais uma leitura. Comprei pela estante virtual (uns R$8,00), mas deve ter em qualquer sebo. Cito um trecho (que, aliás, lembra Galileu) para quem interessar:

"Com grande aborrecimento noto o excesso de escrúpulos de nossos praticantes de Filosofia, esmerando-se em permanecer fiéis aos textos, questões e sistemas dos mestres europeus. A máxima fidelidade a um mestre é abandoná-lo. É jamais deixa r que seu pensamento vire fórmula vazia. Não deixar que a originalidade de sua intuição morra na esterilidade de um conceito."
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