Jocélia 26/06/2016Desesperados por viver...Colocando em discussão a delicada questão sobre o ato de procriar ou não, o livro aponta para a espantosa naturalidade entre os dois discursos mostrando até que ponto a sociedade é manipuladora quando se refere à procriação.
Segundo os autores, a leviandade, a descontração e até a frivolidade com que se fala em ter filhos, de quantos e como vão ser são resultados de uma sociedade manipuladora.
Problematizando a ideia de que, o valor da vida se prova na intensidade com que cada um de nós procura conserva-la, o autor também reflete sobre a existência, afirmando que diante de tanta manipulação, a existência torna-se mais uma imensa “sede de viver” do que um “amor por viver”pois o ser humano é um ser valorizador, que ao pisar no mundo vai fazendo buracos valorativos o que faz com que as pessoas se agarrem desesperadamente à vida.
Assim como todos os textos filosóficos que analisa e critica o que ninguém analisa e critica (essa sempre foi a tarefa radical da filosofia ) , a obra traz inúmeras indagações e entre uma das principais gostaria de apontar para a forma de como o autor aborda a questão do sofrimento humano e a desvalia da vida, ao afirmar que não há nada de errado nos filhos, porém há algo de profundamente errado na vida humana alertando que é preciso sanar essa incoerência de dar algo de má qualidade a quem não pode recusar.
Fazendo um esforço para levar em conta, em primeiro lugar, o ponto de vista daquele que ainda nem nasceu, os autores consideram que quem diz estar disposto a amar seus futuros filhos acima de tudo, não deverá fazê-los nascer!
Diante disso, percebo a vida é algo muito básico para ser questionado, e quem a questiona já foi antes questionado por ela. Pois querer viver, querer que a vida seja não é algo que possa se fundamentar racionalmente. Sem as emoções, jamais compreenderemos o mundo ou a vida humana...
Leitura bastante reflexiva... Levou-me a rever valores referentes não só à vida humana como também à morte, visto que é impossível refletir sobre a vida sem refletir sobre a morte, morte que já começa a caminhar desde o nosso nascimento.
Mexe com algumas certezas que pensamos ter claras dentro de nós.
Recomendo!!