Juliana 06/06/2012Mentecaptos Por Livros | mentecaptosporlivros.blogspot.comArcadia Awakens me pegou de surpresa. Não sei bem o que eu estava esperando, mas com certeza não foi o que eu recebi. Geeente, esse livro foi uma coisa.
Rosa Alcantara é uma garota que cresceu nos EUA e é altamente desconfiada e propensa a violencia quando ameaçada (ela é um charme, eu sei). O passado dela não é dos mais felizes, e aprendeu do jeito difícil que as pessoas não são confiáveis e droga se ela não aprendeu a revidar na mesma moeda. Quando decide que não dá mais para continuar na América com sua mãe, pega um avião e vai direto para Itália, onde sua irmã mais velha Zoe mora com Florinda- tia das garotas e a 'chefona' da família- no palazzo Alcantara, pertencente a uma das famílias mafiosas da Sicília
Oh yeah baby, você leu isso direito. Máfia. Máfia! Hot damn.
Por causa de sua criação americana, mesmo Rosa tendo o sobrenome Alcantara, a garota não sabe muito sobre a máfia e o sistema pelo qual os clãs vivem. Logo no aeroporto, a garota topa com Alessandro sexy-as-hell Carnevare. Tudo de boa, tudo legal, se não fosse o fato de que os Carnevare são o clã rival que divide o poder da máfia italiana com os Alcantara. Mas calma lá, relaaaaxem que ninguém aqui falou de amor à primeira vista -cruzcredosaidemim- ou algo assim. A aparição de Alessandro foi o primeiro olhar que o leitor tem dos clãs italianos, e o começo de um monte de intrigas, mistério, traição e mitologia.
Preciso dizer aqui como eu adorei a dinâmica mitológica que Kay Meyer criou. Amo, amo amo mitologia e o autor fez jus a coisa. Ele pegou um certo mito, (alô, título do livro) um que eu particularmente gosto, o transformou e com sucesso o inseriu em uma trama de clãs italianos da Máfia, abordando o tema com a quantidade suficiente de descrições e situações para mostrar que não, esse livro não vai enfeitar e tentar diminuir a violência dos aspectos políticos/familiares da máfia e que sim, é leve o suficiente para se passar por um YA. O resultado? Uma trama altamente exótica. E um tanto estranha, mas no bom sentido!
E as famílias. Essencialmente, são duas: os Carnevare e os Alcantara, e eles vivem por um código, o concordat, que os impedem de saírem por aí matando uns aos outros como se não houvesse amanhã. Mas isso significa que eles são bonzinhos e jogam pelas regras? Não mesmo! Isso só significa que quando um Alcantara te enche o saco, ou seu primo Carnevare está no meio do seu caminho para uma promoção de cargo, você só tem que cuidar do problema sem nenhuma testemunha por perto. Pronto, sem dor de cabeça :D Tirei uma citação como exemplo:
"Você ainda tem o revolver que você ia usar para atirar em mim? "perguntou o velho no telefone.
"Sim, eu o tenho aqui."
"Quanto de munição?"
"Não tenho ideia. Como eu olho?" Ele explicou [...] "Seis," ela respondeu.
"E você não sabe como usar?"
"Não"
"Mas você é americana"
"Ha-ha"
"Se você fizer o que eu digo, e for esperta, você não vai precisar disso. A não ser que o Carnevare cruze o seu caminho, e nesse caso por favor faça a gentileza de atirar nele."
"E o concordat?"
Ele riu. "Atira nele quando ninguém estiver olhando."
Sacaram a atmosfera do livro? E ele é cheio de pequenos esquemas maléficos de primo tentando matar primo por um cargo alto nos negócios da família, e a suspeita é um elemento constante da história. Não se pode ter certeza de quem seus aliados realmente são, e quem vai ser o próximo a te esfaquear pelas costas ( Oh my, isso soou violento), mesmo dentro da sua própria família. E Rosa não é nenhuma garotinha ingênua. De fato, adorei Rosa Alcantara; a garota é muito doida. Pela primeira vez ever eu topo com uma protagonista que me lembrou, nem que de leve, a Lisbeth Salander de Os Homens Que Não Amavam as Mulheres e cara, esse é um puta elogio. Rosa é determinada, sagaz e tem um código moral distorcido. Não aceita papo furado de qualquer um, e conhecer o lado mafioso da Itália pelos olhos dela foi uma experiência diferente dos protagonistas que estamos acostumados dos livros jovens que temos no mercado por aí.
Os personagens secundários são ricos em personalidade e dimensões. São únicos por si só e não giram irritantemente em volta dos dramas pessoais da protagonista. Eles não precisam dela para se movimentarem na história, o que adicionou um lado realista fundamental, e são interessantes ao seu próprio acordo.
Aliás, fique avisado. Esses personagens não são poços de escrúpulos e moralidade. Eles são do mal, cheios de segundas intenções e segredinhos sujos. I love it.
Em suma, o livro tem seus defeitos sim mas eu adorei a história das Dinastias Arcadianas de Kai, os personagens e a trama e eu estou super ansiosa para colocar minhas mãozinhas gananciosas no próximo volume da trilogia (BTW, Que droga de final foi aquele, Kai Meyer? Você tá de sacanagem com a minha cara? Preciso do segundo tipo, RIGHT NOW).