Aos Quatro Ventos

Aos Quatro Ventos Ana Maria Machado




Resenhas - Aos quatro ventos


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Fabíola 29/03/2018

Aos quatro ventos
Quando escolhi essa obra a sinopse me atraiu bastante. Mas infelizmente não preencheu minhas expectativas.
A narrativa se desenvolve com a descoberta do prazer de escrever do personagem Guto, o que o torna um leitor feroz.
Ele é um empresário, criado por seus avós e conta para nós leitores, sua história de infância, de adolescência, de amores...Casa-se com Vanda tem uma filha, mas sentia que algo faltava. Por isso através de um projeto da empresa começa a se dedicar cada vez mais a pesquisas e encontra o maior sentido de sua vida: escrever.
Esse livro ganhou em 1994 prêmio pela União brasileira de escritores e pela academia brasileira de Letras.
Eu não consegui criar simpatia, nem interesse por nenhum personagem. Achei o livro abstrato e simplório demais. Tentei enxergar, viver os sentimentos do personagem principal, mas não senti empatia. Acreditei que isso poderia mudar com o decorrer, mas em determinados momentos é nítido a perda de conexão do enredo. A escritora tenta criar até mesmo um suspense baseado na história de um anel de família, de uma maldição, mas para mim não conseguiu êxito.
Foi meu primeiro contato com Ana Maria Machado e não fiquei satisfeita.
Resolvi buscar outras resenhas, adoro ler a opinião de outras pessoas, muitas falavam da poesia desse livro e sinceramente para quem já leu diversas obras como por exemplo cidades invisíveis de Ítalo Calvino, saberá o que realmente é uma poesia.
Não indicaria a leitura.
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JoaoPedroRoriz 02/12/2014

Tia Ana me lançou aos quatro ventos!
Parece estupidez criticar obra de 1993. Estupidez é pensar que tempo é medida preponderante para um novo olhar. Olhar velho! Ainda estamos em plena crise. Não vê? Ademais, o que é mesmo Internet? Ainda não sei. Mas ela sabia. Nossa como sabia! Ana Maria Machado engoliu Mcluhan e agora ganha a alcunha de a mais nova (e sensata) profeta da era digital. Sua obra "aos quatro ventos" explica o que vai acontecer com o mercado editorial quando "essa coisa de usar computador" se tornar ainda mais popular. Esse romance contemporâneo (sim, afinal sou de 1982), relançado em 2014 pela Alfaguara, escrito em meados de ontem, é receita para pastel. Um pastel fino, delicado, para ser beliscado ao longo de dois dias de delícias. Como descrever tal aventura? Ana Maria tem o segredo. A história de Guto e sua nova obsessão por beija-flores esconde a paixão pela literatura, capaz de atrapalhar o casamento e levar sua esposa a pensar em tristes consequências. Mas, calma rapaz... a obra é leve, é marota, tem o ritmo do Rio de Janeiro e, como um bom guia turístico, expõe além das belas paisagens, a subjetividade de quem ali vive. Um jeito manso e despretensioso de contar uma bela história. Professora, Ana Maria Machado dá lições para jovens interessados por literatura. Ali ela amedronta os parentes dos iniciados no processo secretamente maçônico, obsessivo e íntimo de escrita e avisa que esses são peças raras, heróis solitários, peças de xadrez capazes de capturar o rei a qualquer momento mesmo com as passadas lentas de um reles peão. Eu agradeço, Ana Maria, por defender nossa classe. Estávamos precisando disso. Seu pastel, Ana é fino. Deu para perceber que esticou a massa até onde dava. Ela está no limite de romper a paciência, quando, de repente, vem uma onda meio diferente no final e estoura o leitor de curiosidade com um de seus surpreendentes mistérios – um caixote “sinistro” na beira da praia. Um caixote parecido com aqueles que faziam a gente virar do avesso na escola quando, muito sorrateiramente, a tia Ana Maria Machado, ludibriava com falsos rococós literários o professor Bustica empacotado no paletó para, secretamente, nos arrematar com o dó maior de seus assassinatos e de suas terríveis conspirações! Dá-lhe Ana! Obrigado! Agora estou grande, Tia Ana. E você me esperou crescer para me dar esse livro. Na verdade eu comprei a versão de 2008 da Nova Fronteira por R$ 10,00 num sebo da rua lá perto de casa, no mesmo Aterro que você remenda em seu livro. Junto com ele, Alice e Ulisses, também de sua autoria. Eu li Alice e Ulisses diante de uma taça de vinho no Alcaparras na Praia do Flamengo, aos olhares incrédulos dos garçons. Duas horas depois, a sua novela estava no papo. Esse "aos quatro ventos" eu guardei para mais tarde. E aqui estou eu, anos depois, num final-de-semana para lá de brejeiro, numa Chácara do interior do Rio Grande do Sul, casado, embebedando-me da maioridade de suas palavras, enquanto em algum lugar de meu coração, eu sei que você, Ana Maria, também me espia, através da mesma Lua, flor de todos nós, beija-flores telúricos! Durma bem, anjo. Durma bem!

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João Pedro Roriz é escritor e jornalista. Todos os direitos do texto reservados ao autor.

site: www.joaopedrororiz.com.br
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Mariana 27/02/2013

Aos quatro ventos de Ana Maria Machado
Como essa era uma leitura de fim de mês e eu sempre ouvi que a Ana Maria Machado era uma autora infanto-juvenil, eu esperei pouquíssimo desse livro; esperei apenas uma diversão por algumas horas, mas eu encontrei diálogos apaixonantes e vários monólogos sobre a arte da escrita e esses monólogos realmente servem para reflexão, principalmente para quem se identifica com esse modo de ver o mundo. A escrita do livro é impecável e a narrativa se intercala entre a primeira e a segunda pessoa, porém isso não é de modo algum, um desafio. Sempre que temos uma narração em primeira pessoa é que vem o monólogo sobre escrita e não tem como não gostar de tudo que está escrito nele.

A trama acompanha Guto, diretor de uma empresa, e sua esposa Vanda, uma professora de ciências. Eles são casados há dez anos e uma peculiaridade que os segue é que eles nunca tiveram uma aliança de casamento formal porque quando resolveram oficializar a união, Vanda decidiu usar a aliança que tinha sido da avó de Guto. Essa aliança é uma argola de ferro bastante rude, mas que se torna o elemento surpresa na metade da história. Depois de se mudarem para um novo apartamento e Guto finalmente ganhar um escritório só para ele, uma obsessão pela escrita e pela literatura começa a surgir. Ele não larga mais o computador e tudo o que ele pensa é em escrever e em colocar suas experiências no papel em forma de conto. É dessa obsessão que saem suas reflexões sobre o mundo da literatura, sobre escritores, sobre o modo como eles veem esse mundo, como tudo é passível de se transformar em literatura e em como ele não consegue fazer mais nada do que lembrara do passado e imaginar situações a fim de contá-las.

Eu adorei o desfecho do livro, porque conseguiu unir o místico com o real de uma maneira que não ficou forçado e mesmo que a explicação tenha vindo apenas no final do livro, isso não atrapalhou a trama, porque eu acredito que a intenção não tenha sido escrever sobre o místico. Acho que a intenção da autora era nos fazer refletir junto com o Guto enquanto ele pensava sobre a literatura ou quando conversava com a irmã de Vanda, Lélia, sobre o mesmo assunto. Eu sempre achei interessante quando um autor trazia um personagem escritor em seu livro porque isso dá uma ideia geral de como o autor pensa a literatura. Aqui eu acredito ter visto como a Ana Maria Machado enxerga isso; e é um mundo lindo, apesar de solitário e observador. O escritor tira impressões do mundo que podem não ser as mesmas das outras pessoas e Guto explora isso. Os diálogos que ele tem com Lélia são geniais, indo desde a quantidade de leitores do Brasil até contadores de história orais, como os avôs e avós que alguns ainda tem.

Eu não tenho o que reclamar desse livro; a escrita é estupenda, a trama é leve e rica e os personagens são muito reais. Isso é o mais importante em uma história como essa contada pela Ana. Não há uma trama muito complexa ou conflitos muito fortes, aqui há apenas a relação entre as pessoas e isso está muito bem trabalhado. Eu adorei e ainda tenho mais um romance da mesma autora para ler; espero que eu dê a sorte que dei com este.

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