Rute31 16/05/2024
Meursault, o protagonista e narrador, é um funcionário de escritório, com algum emprego burocrático que me fez pensar muito no Gregor Samsa do Kafka e no Bartleby do Herman Melville. Pois bem, quando o conhecemos, Meursault começa dizendo que a mãe está morta e narra os preparativos para o funeral — não os preparativos do funeral, já que não é ele quem os fará, e sim o pessoal do asilo onde a mãe está recolhida. Logo no funeral percebemos, sem dar muita importância, que nosso protagonista não gosta do calor.
Ao voltar, Meursault encontra Marie, que é uma moça com quem ele tem um tipo de relacionamento indefinido. O cotidiano pesa, coisas rotineiras acontecem, até que Meursalt e Marie são convidados a ir à praia com amigos, e aqui acontece um assassinato, que passa a ser o grande tema do romance daí por diante.
Fiquei profundamente chocada com o comportamento do protagonista, e em vários momentos lembrei de Os Irmãos Karamazov e de Crime & Castigo, ambos de Dostoiévski, e me peguei pensando até que ponto estamos sujeitos às nossas vontades. Vale destacar também a linguagem do romance, embora Meursault seja ele narrador e personagem em alguns momentos ele parece Outro — de fato, um estrangeiro.